A Western Union se tornou a mais recente gigante financeira a sinalizar interesse em stablecoins, à medida que a concorrência no mercado global de remessas se intensifica e a clareza regulatória melhora.
Em entrevista à Bloomberg na segunda-feira (21), o CEO Devin McGranahan afirmou que a empresa vê três oportunidades no uso de stablecoins: para acelerar pagamentos internacionais, oferecer melhores opções de conversão em moedas fiduciárias em mercados de difícil acesso e lançar um produto de reserva de valor para clientes em países com moedas mais fracas.
“Vemos as stablecoins realmente como uma oportunidade, não como uma ameaça”, disse ele.
As declarações de McGranahan seguem uma onda de interesse por stablecoins no setor financeiro, impulsionada pela definição de regras mais claras.
Na semana passada, o presidente dos EUA Donald Trump sancionou a Lei GENIUS, que estabelece um marco legal nos Estados Unidos para a emissão e negociação de stablecoins.
A medida deve acelerar a adoção por bancos, varejistas e players tradicionais do setor financeiro, muitos dos quais já demonstraram interesse recente em entrar nesse mercado.
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Segundo McGranahan, a Western Union já está realizando testes de novos processos de liquidação em regiões como América do Sul e África, e está trabalhando com empresas de infraestrutura para melhorar a conversão de câmbio e a velocidade das liquidações.
A empresa também estuda parcerias para atuar como ponte de entrada e saída para criptoativos em determinadas jurisdições e avalia oferecer carteiras digitais com stablecoins.
“É empolgante ver gigantes da indústria como a Western Union explorando as stablecoins — e é fácil entender o porquê”, disse Darren Wang, fundador e CEO da empresa taiwanesa de tecnologia blockchain OwlTing Group, ao Decrypt.
“As stablecoins oferecem uma alternativa mais rápida, barata e flexível aos sistemas bancários tradicionais”, afirmou.
Um custo elevado
A OwlTing, que já firmou parcerias com a concorrente MoneyGram em projetos envolvendo stablecoins, registrou “consultas mensais em dois dígitos” de empresas interessadas em usar stablecoins desde maio, segundo Wang.
Ele destacou que parte desse apelo se deve ao fato de que a taxa média global de remessas ainda gira em torno de 6,6%.
Já as stablecoins podem reduzir os custos para bem abaixo da meta de 3% da ONU, cortando intermediários e eliminando sobretaxas cambiais.
As liquidações são geralmente quase instantâneas e funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana, ao contrário dos sistemas legados.
“A clareza regulatória — como a Lei GENIUS nos EUA e o MiCA na Europa — está acelerando essa mudança”, acrescentou Wang. “Espero que os grandes players encerrem seus testes até o final de 2025, com uma adoção em larga escala em 2026, à medida que frameworks de conformidade e integrações tecnológicas, como APIs e fluxos de tesouraria, amadureçam.”
Apesar do avanço, há céticos
Nos EUA, a senadora Elizabeth Warren já alertou que permitir a aprovação da Lei GENIUS pode abrir caminho para que bilionários do setor de tecnologia emitam moedas privadas.
“Se o Congresso não corrigir isso, bilionários como Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg poderão lançar stablecoins que rastreiam suas compras, exploram seus dados e eliminam concorrentes”, alertou. “Depois, eles virão implorar por um resgate quando tudo inevitavelmente der errado.”
Os comentários de Warren vieram após não apenas anúncios de bancos sobre planos com stablecoins, mas também de gigantes do varejo como Walmart e Amazon. Em outros países, empresas chinesas como JD.com e Alipay também estão buscando aprovações regulatórias para ofertar stablecoins em mercados internacionais.
Embora alguns corredores de remessa ainda apresentem desafios em termos de infraestrutura e taxas de conversão, Wang observou um crescimento no uso entre PMEs e plataformas voltadas para trabalhadores migrantes, especialmente em pagamentos para a África, onde transparência e velocidade frequentemente superam os bancos tradicionais.
“Acho que o vencedor do futuro será aquele que eliminar o maior número possível de intermediários e oferecer uma solução completa dentro do ecossistema de pagamentos”, concluiu.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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