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Stablecoins: promotores veem lacunas em regulação e pedem ação rápida do Congresso

Membros do MP alertaram que a ausência de regras claras para stablecoins pode favorecer ilícitos e defenderam lei que una segurança e inovação

várias criptomoedas stablecoins sob uma mesa
Shutterstock

Durante evento realizado na Câmara dos Deputados, promotores de justiça especializados em crimes financeiros alertaram para os riscos de lacunas regulatórias envolvendo stablecoins no Brasil. O tom dos participantes foi de preocupação, mas também de otimismo em relação ao papel que a legislação pode cumprir para equilibrar inovação e proteção da sociedade.

O promotor de Justiça Fabiano Cossermelli, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), destacou que o Projeto de Lei das Stablecoins pode ser decisivo para dar segurança jurídica a um mercado que já movimenta bilhões no país. “O grande desafio do Congresso Nacional é encontrar soluções que permitam equacionar tanto o desenvolvimento do mercado, a evolução das atividades econômicas, com a proteção da sociedade. E acredito sinceramente que isso é possível”, afirmou durante o seminário “Regulação de Stablecoins no Brasil”.

Para ele, a regulamentação não deve sufocar a inovação, mas precisa garantir mecanismos eficazes de combate a ilícitos.

Já Diogo Erthal, também promotor do MPRJ, chamou atenção para a crescente presença das stablecoins em crimes investigados no Brasil. Segundo ele, cerca de 80% dos ativos digitais associados a atividades criminosas no país estão vinculados a stablecoins. Isso se deve, em parte, à facilidade de movimentação e liquidez desses ativos.

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Nesse contexto, a colaboração de emissores como Tether e Circle tem sido fundamental. “Nossas investigações não têm como ser bem-sucedidas sem a relevante colaboração que a gente tem colhido em todas as nossas operações. O interesse majoritário dos atores do mercado é o mesmo do nosso: depurar essa pequena mancha que há nesse ecossistema”, afirmou.

Os promotores defenderam que a futura lei preveja a obrigatoriedade de representação local de emissores internacionais no Brasil, justamente para facilitar a cooperação em casos de crimes. Hoje, parte da colaboração ocorre em bases voluntárias, o que nem sempre garante agilidade. “O fator tempo, nesse cenário, é crucial. O dinamismo das transações é incompatível com os mecanismos usuais de cooperação internacional, que são lentos e burocráticos”, ressaltou Cossermelli.

Outro ponto abordado foi a criação do CriptoJud, sistema em fase de testes desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça para centralizar ordens judiciais relacionadas a criptoativos. A ideia é replicar no universo digital o que o SisbaJud fez com o sistema financeiro tradicional, trazendo mais agilidade e segurança para comunicações entre Judiciário e empresas do setor. “Isso vai ser um ganho imenso tanto para nós quanto para vocês, porque o serviço privado vai ter uma centralização para obter ordens e responder ordens com segurança”, disse Cossermelli.

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No debate, também se destacou a importância do compliance das prestadoras de serviços de ativos virtuais (VASPs). Para Erthal, a proatividade dessas equipes pode muitas vezes antecipar investigações. Já Cossermelli reforçou que investir em compliance é também uma questão de sobrevivência de mercado: “Nenhuma empresa quer ter sua imagem vinculada ao favorecimento de atividades como a venda de material de pornografia infantil. O compliance eficaz é um diferencial que protege o negócio e toda a sociedade”.

Por fim, os promotores fizeram um apelo por equilíbrio. “Não há antagonismo entre mercado e persecução penal. O mercado quer um cenário seguro para atuar e prosperar livre de atividades ilícitas, e a sociedade espera o mesmo. Basta que esses pontos de vista sejam harmonizados em um projeto de lei”, concluiu Cossermelli

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