O bilionário de fundo de hedge e defensor do meio ambiente Tom Steyer tem o bitcoin como alvo, chamando a criptomoeda de desastre ambiental.
“O bitcoin é um grande consumidor de eletricidade e à medida que essa eletricidade é derivada de combustíveis fósseis e está emitindo gases de efeito estufa e outras toxinas perigosas, então é um problema”, contou Seyer em entrevista ao Yahoo Finance.
No entanto, Steyer acrescentou que se as fontes de energia da principal criptomoeda mudassem, migrando de combustíveis fósseis, então o bitcoin não seria mais tão danoso.
“Se limpamos completamente nossa geração de eletricidade para que, quando você realmente minerar bitcoin (e usar uma tonelada de eletricidade), mas ainda for eletricidade limpa que não cause problemas à saúde de ninguém ou do planeta de forma drástica, então está tudo bem”, explicou.
Steyer também compartilhou que lhe foi apresentada uma proposta de investimento envolvendo uma operação de bitcoin “próxima a uma usina de carvão” e ele não mediu esforços.
“A ideia de você não precisar transportar o carvão é bem mais barata. Poderíamos criar bitcoin a uma grande diferença do preço atual. É uma grande oportunidade de geração de dinheiro que seria um desastre. É um autêntico desastre”, afirmou.
Limpando o bitcoin
A questão fundamental de Steyer é que o bitcoin não seria tão danoso ao meio ambiente se fosse modificado (de forma significativa) para depender de fontes confiáveis de energia.
Porém, isso não aconteceu (pelo menos de acordo com os melhores dados disponíveis).
De acordo com a Universidade de Cambridge, apenas 39% de toda a energia gasta na mineração de criptomoedas vem de energias renováveis.
Isso significa que o consumo anual de energia do bitcoin (aproximadamente 115 terawatts/hora por ano) se traduz em emissões de efeito estufa equivalentes a 54 bilhões de quilos de carvão queimado.
É claro que aqueles que estão na indústria cripto tentaram criar uma imagem bem mais sustentável.
A CoinShares estimou que o número máximo é de 77,6%, mas há que se considerar a fonte (por ser uma gestora de criptoativos, a CoinShares está bastante envolvida em minimizar o impacto da indústria ao meio ambiente).
O mesmo pode ser dito sobre o número elevado do Bitcoin Mining Council (BMC) de 56%.
O BMC foi formado como uma resposta às crescentes críticas ao bitcoin em relação ao meio ambiente e é composto de mineradores ativos da indústria.
No entanto, os dados do BMC só representaram 32% do poder de hashes da época e as respostas à pesquisa foram voluntárias, ou seja, mineradores com um perfil energético não tão limpo podem ter ignorado completamente a pesquisa.
Os 39% informados por Cambridge foram publicados em setembro de 2020, então, talvez, seja a hora de fazer novos cálculos, devido ao fato de que a indústria de mineração de bitcoin migrou da China para os EUA desde que o estudo foi realizado.
Apesar da emigração, Michel Rauchs, líder de ativos digitais no Centro de Cambridge de Finanças Alternativas (CCAF), contou ao Decrypt que não havia “nada planejado” para revisitar as descobertas do ano passado pela instituição.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.