Mãe Dináh, célebre futuróloga, faleceu há 5 anos. No entanto, seu legado permanece através dos analistas de mercado que teimam em fazer previsões para a moeda norte-americana ante o Real brasileiro.
O Banco Central realiza uma pesquisa semanal com as mais de 100 instituições financeiras. Por exemplo, na última projeção em dezembro de 2020, a aposta para o final de 2021 era de dólar em R$ 5,00.
Na época, a cotação da moeda girava na casa de R$ 5,20, portanto o mercado apostava numa queda para os próximos 12 meses. Passadas duas semanas, já estamos na casa dos R$ 5,40, embora ainda exista muito chão pela frente. Desse modo, vamos dar o benefício da dúvida.
Projeções feitas em 2019
Vamos voltar no tempo, no final de 2019. Naquele semestre, o dólar havia saído de uma mínima de R$ 3,70, feito uma máxima nos R$ 4,26, e retornado para fechar o ano próximo de R$ 4,05. A previsão desses analistas para o final de 2020? R$ 4,10. Nada mais justo que chutar um número dentro da faixa de oscilação recente. Bom, não poderia estar mais errado.
Projeções feitas em 2018
No final de 2018, o mercado apostava no dólar em R$ 3,80 para os próximos 12 meses. Adivinhe quanto estava o câmbio na época? Acertou, exatos R$ 3,80.
Na realidade, aquele foi praticamente o piso da cotação ao longo de 2019. Pode parecer pouco, mas tivemos apenas 2 semanas negociando nos R$ 3,80 ou abaixo nos últimos 9 meses do ano.
Existe algum fundamento do dólar?
Primeiramente, o dólar tem seu valor determinado pelos interessados em sua negociação. Ou seja, sua cotação flutua contra o Euro, Ouro, Franco Suíço, entre outros bens. Enquanto isso, o Federal Reserve, que atua como um Banco Central nos EUA, tem o poder de colocar mais moedas em circulação.
Se você acredita que pode pegar uma nota de dólar e obrigar o banco a lhe entregar uma quantia de ouro, ou das reservas dos EUA, está muito enganado. Em suma, trata-se de uma convenção para as transações internacionais. No entanto, países como Rússia e China exigem que a comercialização de petróleo, por exemplo, seja realizada na moeda local.
E o Real R$, por que cai tanto?
Descontrole de gastos, e ineficiência. Num primeiro momento, a alta do dólar é favorável por conta das reservas internacionais e das exportações. Entretanto, em seguida começa uma pressão de alta doméstica de preços. Isso por conta dos insumos, que ficam mais caros, e dos produtos que seguem a cotação internacional, como carne, aço e combustível.
Em suma, as moedas fiduciárias valem… quanto o último trouxa pagar.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas.