Imagem da matéria: Como a economia global foi impactada pelas últimas epidemias
Foto: Shutterstock

Um gráfico da performance acionária do índice de empresas ao redor do mundo, superando todas as crises e epidemias, tem despertado a curiosidade dos investidores.

À primeira vista, percebemos que mesmo as quedas de 11,8% causadas pelo vírus Ebola, a bolha da Nasdaq em 2000 e crise do subprime em 2008 foram rapidamente anuladas, em questão de três ou quatro anos no máximo.

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A inflação oculta

Antes de iniciarmos uma análise envolvendo um período tão longo, precisamos descontar o efeito da inflação. Nos EUA, país com inflação historicamente baixa, o acúmulo foi de 585% ao longo dessas 5 décadas. Na Itália, a inflação acumulada salta para 1765%. Descontando a inflação, o ganho líquido é reduzido em 30-50% dependendo da região.

Crescimento global

Dados de variação do PIB mundial 1970-2018, Banco Mundial

Outro aspecto que devemos levar em consideração é o crescimento mundial, na realidade a ausência deste, dado que há nove anos o indicador tem permanecido abaixo de 2%.

Será possível as bolsas de valores, imóveis e mercado de dívida continuarem crescendo ao longo desta década sem crescimento econômico real?

O poder (limitado) dos governos

Em momentos de crise, a maioria dos governos tende a optar por medidas de estímulo, e há inúmeras formas de fazê-lo. Durante a crise de 2008, por exemplo, o FED aumentou seus ativos de US$ 900 milhões para US$ 2,2 bilhões em questão de dois meses.

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Toda ação tem uma reação, e isso também é válido para a economia. Estímulos econômicos vão necessariamente refletir no endividamento, inflação, mesmo que futura, ou na força da moeda local. Os Estados Unidos, neste caso, destoam um pouco, pois o Dólar é uma relevante moeda de Reserva Internacional.

De qualquer maneira, em algum momento torna-se necessário subir novamente os juros para combater inflação ou ajustar o câmbio, e é neste momento em que a crise se agrava. Estímulos são, por assim dizer, um “tapa buraco”, correndo o sério risco de se perder a credibilidade.

Criptomoedas nesta história

Sabemos que as características não inflacionárias e de resiliência a ataques tornam o Bitcoin um sério candidato para ganhar notoriedade neste período.

Todo e qualquer tipo de ação expansionista dos governos resulta numa desvalorização da moeda frente à ativos menos inflacionários. É por este motivo que o ouro é muito procurado em períodos de crise, além de ser a principal tese de valorização do Bitcoin.

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Conclusão

O gráfico da alta infinita nos mercados acionários, apesar de parcialmente verídico, não é garantia de retorno futuro. Sem crescimento econômico, dificilmente conseguiremos retomar à tais patamares descontando-se a inflação.


Sobre o autor

José Artur Ribeiro é CEO na Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).