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Veja o que esperar do GPT-5, novo modelo de IA do ChatGPT

O novo modelo principal da OpenAI, o GPT-5, está quase chegando. Ele será um divisor de águas ou apenas mais uma atualização superestimada?

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Fique atento — o GPT-5 da OpenAI deve ser lançado nos próximos meses. Será que ele vai ser um blockbuster da inteligência artificial, popularizada pelo ChatGPT?

Sam Altman confirmou o plano em junho, durante o primeiro episódio do podcast da empresa, mencionando casualmente que o modelo — que, segundo ele, reunirá as capacidades dos modelos anteriores — chegaria “provavelmente em algum momento deste verão” (ou seja, inverno no hemisfério sul).

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Alguns observadores da OpenAI preveem que ele será lançado nas próximas semanas. Uma análise do histórico de lançamentos da empresa mostra que o GPT-4 foi lançado em março de 2023 e o GPT-4-Turbo (que alimenta o ChatGPT) chegou em novembro de 2023. O GPT-4o, um modelo multimodal mais rápido, foi lançado em maio de 2024. Isso indica que a OpenAI tem refinado e iterado seus modelos com maior velocidade.

Mas não rápido o suficiente para o mercado de inteligência artificial, que se move de forma brutalmente acelerada e competitiva. Em fevereiro, ao ser questionado no X sobre quando o GPT-5 seria lançado, Altman respondeu “semanas/meses”. As semanas viraram meses e, nesse meio-tempo, concorrentes têm reduzido rapidamente a distância, com a Meta gastando bilhões de dólares nos últimos 10 dias para contratar alguns dos principais cientistas da OpenAI.

Segundo a Menlo Ventures, a participação de mercado da OpenAI no setor corporativo caiu de 50% para 34%, enquanto a Anthropic dobrou de 12% para 24%.

O Gemini 2.5 Pro, do Google, superou absolutamente os concorrentes em raciocínio matemático, e o DeepSeek R-1 tornou-se sinônimo de “revolucionário” — superando alternativas de código fechado — e até o Grok da xAI (antes conhecido apenas pelo seu “modo divertido”) começou a ser levado a sério entre programadores.

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O que esperar do GPT-5

O próximo modelo GPT, segundo Altman, será efetivamente “um modelo para governar todos”.

Espera-se que o GPT-5 unifique os diversos modelos e ferramentas da OpenAI em um único sistema, eliminando a necessidade de escolher entre modelos especializados. Os usuários não precisarão mais optar entre diferentes opções — um único sistema será capaz de lidar com texto, imagens, áudio e, possivelmente, vídeo.

Até agora, essas tarefas estão distribuídas entre o GPT-4.1, Dall-E, GPT-4o, o3, Advanced Voice, Vision e Sora. Centralizar tudo em um único modelo verdadeiramente multimodal representa uma conquista significativa.

As especificações técnicas também são ambiciosas. O modelo deve apresentar uma janela de contexto significativamente ampliada, possivelmente ultrapassando 1 milhão de tokens — há quem especule que possa chegar a 2 milhões. Para comparação, o GPT-4o atinge no máximo 128 mil tokens. Isso equivale à diferença entre processar um capítulo e digerir um livro inteiro.

A OpenAI começou a implementar recursos experimentais de memória no GPT-4-Turbo em 2024, permitindo que o assistente lembrasse detalhes como o nome do usuário, preferências de tom e projetos em andamento. Os usuários podem visualizar, atualizar ou excluir essas memórias, que são construídas gradualmente ao longo do tempo, e não com base em interações isoladas.

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No GPT-5, espera-se que a memória seja ainda mais integrada e fluida — afinal, o modelo poderá processar quase 100 vezes mais informações sobre o usuário, com potencial de 2 milhões de tokens em vez de 80 mil. Isso permitiria ao modelo lembrar conversas de semanas atrás, construir conhecimento contextual ao longo do tempo e oferecer uma continuidade mais próxima de um assistente digital personalizado.

As melhorias no raciocínio também são ambiciosas. Espera-se um avanço para o processamento em “cadeia estruturada de pensamento”, permitindo que o modelo divida problemas complexos em sequências lógicas e com múltiplas etapas, espelhando o processo deliberativo do pensamento humano.

Quanto aos parâmetros, rumores variam de 10 a 50 trilhões, chegando até um alardeado 1 quatrilhão. No entanto, como o próprio Altman afirmou, “a era da escalabilidade por parâmetros já acabou”, com as técnicas de treinamento de IA passando a priorizar qualidade em vez de quantidade, com abordagens de aprendizado melhores que tornam modelos menores extremamente poderosos.

E esse é outro grande desafio para a OpenAI: está ficando sem dados da internet para treinar seus modelos. A solução? Fazer com que a própria IA gere seus dados de treinamento — o que pode marcar uma nova era no desenvolvimento da IA.

O que dizem os especialistas

“O próximo salto será a geração de dados sintéticos em domínios verificáveis”, afirmou Andrew Hill, CEO da plataforma de agentes de IA on-chain Recall, ao Decrypt.

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“Estamos esbarrando nos limites dos dados em escala de internet, mas os avanços no raciocínio mostram que os modelos podem gerar dados de treinamento de alta qualidade quando há mecanismos de verificação. Os exemplos mais simples são problemas matemáticos, onde é possível verificar se a resposta está correta, e códigos, onde se pode rodar testes unitários.”

Hill vê isso como algo transformador: “O salto está em criar novos dados que são, na verdade, melhores do que os gerados por humanos, porque são refinados iterativamente por meio de ciclos de verificação — e criados muito, muito mais rápido.”

Os benchmarks também são um campo de batalha: o especialista em IA e educador David Shapiro espera que o modelo atinja 95% no MMLU e salte de 32% para 82% no SWEBench — basicamente um modelo de IA em nível divino. Se metade disso se confirmar, o GPT-5 certamente fará manchetes. E, internamente, há confiança real, com até mesmo alguns pesquisadores da OpenAI promovendo o modelo antes do lançamento.

Não acredite no hype

Especialistas ouvidos pelo Decrypt alertaram que quem espera que o GPT-5 atinja níveis de AGI (inteligência geral artificial) deve conter o entusiasmo. Hill afirmou esperar “um passo incremental disfarçado de revolução”.

Wyatt Mayham, CEO da Northwest AI Consulting, foi um pouco além, prevendo que o GPT-5 provavelmente será “um salto significativo, e não apenas incremental”, acrescentando: “Espero janelas de contexto maiores, multimodalidade mais nativa e mudanças na forma como agentes podem agir e raciocinar. Não aposto em uma bala de prata, mas acho que o GPT-5 deve expandir o tipo de ferramentas que podemos oferecer aos usuários com confiança.”

Com cada dois passos para frente, vem um para trás, disse Mayham: “Cada grande lançamento resolve as limitações mais óbvias da geração anterior, mas introduz novas.”

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O GPT-4 resolveu as lacunas de raciocínio do GPT-3, mas encontrou barreiras de dados. Os modelos de raciocínio (como o o3) solucionaram o pensamento lógico, mas são caros e lentos.

Tony Tong, CTO da Intellectia AI — uma plataforma que fornece insights de IA para investidores — também é cauteloso, esperando um modelo melhor, mas não algo revolucionário, como muitos entusiastas da IA acreditam.

“Minha aposta é que o GPT-5 combinará raciocínio multimodal mais profundo, melhor integração com ferramentas ou memória e grandes avanços em alinhamento e controle de comportamento agente”, disse Tong ao Decrypt. “Pense em algo mais controlável, mais confiável e mais adaptável.”

Patrice Williams-Lindo, CEO da Career Nomad, previu que o GPT-5 não será muito mais do que uma “revolução incremental”. Ela suspeita, no entanto, que ele possa ser especialmente útil para usuários diários de IA, mais do que para aplicações corporativas.

“Os efeitos compostos de confiabilidade, memória contextual, multimodalidade e taxas de erro mais baixas podem mudar o jogo na forma como as pessoas realmente confiam e usam esses sistemas no dia a dia. Isso, por si só, já seria uma grande vitória”, disse Williams-Lindo.

Alguns especialistas são simplesmente céticos quanto ao fato de que o GPT-5 — ou qualquer outro LLM — será lembrado por muito tempo.

O pesquisador de IA Gary Marcus, crítico das abordagens puramente baseadas em escala (melhores modelos precisam de mais parâmetros), escreveu em suas previsões de costume: “Pode ser que não vejamos nenhum modelo de ‘nível GPT-5’ (ou seja, um salto quântico generalizado, segundo consenso da comunidade) ao longo de 2025.”

Marcus aposta em anúncios de atualizações, e não em novos modelos fundamentais. Ainda assim, ele classifica essa como uma de suas previsões de baixa confiança.

A fuga de cérebros bilionária

Se a investida de Mark Zuckerberg contra os talentos da OpenAI vai atrasar o lançamento do GPT-5, ninguém sabe.

“Definitivamente está desacelerando os esforços deles”, disse David A. Johnston, principal mantenedor de código da rede descentralizada de IA Morpheus, ao Decrypt. Além do dinheiro, Johnston acredita que os principais talentos estão motivados moralmente a trabalhar em iniciativas de código aberto como o Llama, em vez de alternativas fechadas como o ChatGPT ou o Claude.

Ainda assim, alguns especialistas acham que o projeto já está tão avançado que a perda de talentos não o afetará.

Mayham afirmou que o “lançamento em julho de 2025 parece realista. Mesmo com alguns talentos importantes indo para a Meta, acho que a OpenAI continua no caminho certo. Eles mantiveram a liderança central e ajustaram a remuneração, então parece que estão estabilizando.”

Williams-Lindo acrescentou: “O impulso e o fluxo de capital da OpenAI são fortes. O mais impactante não é quem saiu, mas como quem ficou vai recalibrar as prioridades — especialmente se decidirem focar na transformação de produtos ou fizerem uma pausa para lidar com pressões de segurança ou jurídicas.”

Se a história servir de guia, o mundo verá o lançamento do GPT-5 em breve — acompanhado por uma enxurrada de manchetes, análises quentes e momentos de “era só isso?”. E então, como sempre, toda a indústria começará a fazer a próxima grande pergunta: quando chega o GPT-6?

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.