Tela de computador que mostra moeda de bitcoin em meio a traços matrix
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Tornado Cash, um serviço de mixing de criptomoedas baseado na rede Ethereum, foi adicionado à “lista negra” do Tesouro dos EUA nesta segunda-feira (8). Isso significa que cidadãos e empresas americanas estão proibidos de utilizar o serviço agora sancionado pelo governo.

A proibição partiu do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), braço do Departamento do Tesouro responsável por prevenir violações de sanções. A entidade adicionou o Tornado Cash à sua lista “Specially Designated Nationals List”, que rastreia pessoas, empresas e endereços de criptomoedas sancionados.  

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Além do serviço de mixing, outras 44 carteiras de Ethereum e USDC foram adicionadas na lista atualizada nesta segunda.

O banimento de hoje dá continuidade a uma série de ações do governo dos EUA contra agentes maliciosos que utilizam serviços de criptomoedas para ocultar o dinheiro obtido em ataques hackers. Autoridades americanas já acusaram, sancionaram e multaram diversas operações de mixers desde 2021.

Em maio, o Departamento do Tesouro emitiu sanções ao serviço de mixing cripto Blender.io por possuir ligações à Coreia do Norte, classificado como a primeira sanção desse tipo. De acordo com a agência, cerca de US$ 21 milhões dos US$ 622 milhões que haviam sido roubados da bridge Ronin do jogo Axie Infinity foram enviados ao Blender.

Em junho, cibercriminosos enviaram US$ 36 milhões em ether roubados da bridge Horizon do protocolo Harmony ao serviço de mixing Tornado Cash, sancionado nesta segunda.

Guerra contra anonimato

Mixers de criptomoedas são serviços que permitem que usuários “apaguem” o rastro do dinheiro digital deixado por grande parte das transações em redes blockchain, como bitcoin (BTC) e ether (ETH). Esses serviços dificultam a análise do que estaria disponível e facilmente acessível na blockchain.

Enquanto defensores da privacidade defendem mixers de criptomoedas como uma forma importante de proteger a identidade de usuários individuais,  estudos afirmam que a maior parte das criptomoedas enviadas a mixers este ano foi encaminhada por criminosos e países que recebem sanções econômicas do Ocidente.

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Um exemplo dessa tendência vem de um relatório da empresa de inteligência em blockchain Chainalysis divulgado em julho.

“Endereços ilícitos representam 23% dos fundos enviados a mixers até agora em 2022 — frente aos 12% registrados em 2021”, informa a Chainalysis – o principal tipo de endereços que envia dinheiro aos mixers.

A empresa reconhece que existem muitas razões legítimas para usar mixers, como para a negociação de cripto em um governo opressor ou a anonimidade legal de transações confidenciais.

Porém, a funcionalidade principal de mixers, combinada com o fato de raramente, ou quase nunca, solicitarem informações KYC [ou “know your client”, de identificação pessoal], torna-os bastante atrativos a cibercriminosos”, afirma a Chainalysis.

A empresa de análise também alega que mixers receberam mais criptomoedas em 2022 do que nunca.

Uso sigiloso

Conforme o próprio nome sugere, “mixers” — também conhecidos como “tumblers” — unem transações depositadas por muitos usuários e as misturam. Na sequência, usuários recebem seus fundos equivalentes da quantia total ofuscada e com as taxas já descontadas.

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Segundo a Chainalysis, mixers são classificados como transmissores monetários nos Estados Unidos sob a Lei de Sigilo Bancário (ou BSA, na sigla em inglês).

Transmissores monetários devem ser registrados na Rede de Combate a Crimes Financeiros (ou FinCEN) e implementar um programa de combate à lavagem de dinheiro. Mesmo assim, a empresa disse que não tem informações sobre algum mixer que siga normas relacionadas a políticas de KYC ou de proteção à lavagem de dinheiro (ou PLD).

Sanções aos mixers

Em agosto de 2021, Larry Harmon, CEO do mixer de bitcoin Helix, declarou-se culpado por acusações de lavagem de dinheiro por supostamente lavar 345.468 BTC, equivalentes a US$ 300 milhões na época. Harmon, que também operava o serviço de mixing Coin Ninja, foi multado em US$ 60 milhões.

Em abril deste ano, o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) cooperou com autoridades alemãs para confiscar os servidores do site russo da darknet Hydra e sancionou o site.

A Chainalysis afirma que os fundos que passam por mixers vêm principalmente de corretoras centralizadas, protocolos de Finanças Descentralizadas (DeFi) e endereços conectados a atividades ilícitas relacionadas a países sancionados, mercados da darknet e hackers, como o grupo Lazarus da Coreia do Norte.

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Em breve, mixers podem se tornar obsoletos — pelo menos, de acordo com a Chainalysis, conforme a empresa “continua refinando” sua capacidade em “desmisturar” determinadas transações e verificar a fonte original dos fundos.