O Greenpeace começou uma forte campanha com um objetivo bem específico: que a blockchain do Bitcoin mude seu sistema de validação de blocos do atual proof of work (ou PoW, na sigla em inglês) para o proof of stake (ou PoS).
A entidade lançou um manifesto e cita pesquisa da Nature Climate Change que mostra que, se a rede for amplamente adotada, isso poderia produzir uma quantidade de dióxido de carbono que poderia elevar a temperatura do planeta em dois graus Celsius.
A iniciativa foi feita em parceria com o Environmental Working Group, outra organização de ações em prol do meio-ambiente.
Segundo a entidade, a mudança faria que com a rede do Bitcoin consumisse 99,9% menos energia do que ocorre atualmente. No atual “proof of work”, o sistema se baseia no uso intensivo de capacidade computacional dos membros da rede para solução dos problemas de criptografia que acabam por adicionar os blocos com novas transações e fazem a roda do BTC girar.
No “proof of stake”, os membros da rede colocam uma parte dos suas moedas como garantia para a validação. Feito o processo, ganham recompensa ou perdem parte da renda, conforme o destino do bloco que tentaram minerar.
De acordo com o Greenpeace, o Bitcoin está “ressuscitando a indústria dos combustíveis fósseis”, com as diversas operações de mineração que estão surgindo principalmente no Texas e que usam carvão e gás.
Para passar seu ponto, a instituição lançou um manifesto, mas não com a faca nos dentes: o Greenpeace fez um aceno para a comunidade Bitcoin de que ambos podem ser amigos.
“Sabemos que a comunidade de criptomoedas é extremamente motivada por um senso de progresso, justiça e boas intenções. Muitos defensores falam abertamente sobre como lidar com as mudanças climáticas. O sonho de tantos inovadores de criptomoedas está ao alcance — mas apenas se a indústria levar a sério as criptomoedas que funcionam com baixa energia”, diz o Greenpeace.
Proof of stake no Ethereum
O próximo grande passo da blockchain da Ethereum é justamente passar a utilizar o sisteme de “proof of stake” para o acréscimo de blocos na rede. Já existem mais de US$ 25 bilhões apostados na tão aguardada atualização do Ethereum.
Esses depósitos, parcelados em lotes de 32 ETH por vez, agora são validadores no Beacon Chain do Ethereum, a primeira etapa da transição a uma atualização chamada “Consensus Layer” (ou “Camada de Consenso”), anteriormente conhecida como Ethereum 2.0.
A mudança mais notável após a atualização será a migração do Ethereum de um algoritmo de consenso proof of work, assim como o do Bitcoin, para um mecanismo proof of stake.
Em vez de depender de muito processo computacional e extremas cargas de energia para processar transações, o design do PoS troca mineradores por validadores. Esses validadores e seus ethers em “staking” criam um incentivo econômico para processar apenas transações legítimas.
Europa não acolhe banimento do proof of work
Recentemente, Erik Thedéen, vice-presidente da Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados (ou ESMA, na sigla em inglês), pediu por uma proibição à mineração de criptomoedas proof of work.
Porém, o texto — incluso no Projeto de Lei “Diretiva de Mercados de Criptoativos” — foi rejeitado pelos parlamentares europeus em votação no último dia 14 na Comissão dos Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu (ECON).
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