O cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, publicou na semana passada uma nova proposta de melhoria que pode ajudar a diminuir o gas da rede para o usuário comum, hoje um dos principais problemas do ecossistema.
Chamada de “Multidimensional EIP 1559”, a proposta de Buterin descreve como o cálculo das taxas poderia ser mais eficiente se a rede avaliasse cada tipo de transação que está sendo processada, separando um limite de gas que pode ser usado para cada recurso.
De acordo com Buterin, atualmente muitos recursos no EVM (Ethereum Virtual Machine) têm limites muito diferentes entre si, tanto no que diz respeito a capacidade de “burst” — quanto é possível processar com um ou alguns blocos —, quanto na capacidade “sustentada” — quanta capacidade o bloco ficaria confortável em processar por muito tempo.
No atual esquema da criptomoeda, todo ether usado para custear as transações são combinados na mesma medida (gas), que na forma atual não consegue diferenciar os usos da rede. “Colocar todos os recursos em um única medida virtual força a relação de pior caso/caso médio”, explica.
A solução de Vitalik Buterin
Em seguida, Buterin apresenta sua solução matemática para resolver o problema:
“A solução é simples: mantemos um esquema de direcionamento EIP 1559 separado para cada recurso! Mantemos um vetor de valores e temos uma regra rígida de que cada bloco não pode consumir mais do que duas unidades do recurso”.
Para fazer isso funcionar no contexto do Ethereum, ainda seria preciso cobrar todas as taxas em gas. No processamento dessas transações é que o gas seria reequilibrado e dividido. O desenvolvedor propõe então duas formas de fazer isso funcionar, uma opção mais fácil e menos “pura”, e outra mais “pura” só que mais complexa.
Aplicações no Ethereum
Num primeiro momento, a tarifa de forma multidimensional já poderia ser aplicada em recursos mais básicos, como execução do EVM, calldata das transações, dados de testemunhas e aumento do tamanho do armazenamento.
Quando o Ethereum 2.0 estiver ativo na rede principal e, posteriormente, o sharding em funcionamento, os dados do shard também poderão ser calculados na nova tarifa.
Antes de tudo isso acontecer, a proposta deve ser avaliada e aceita pela a comunidade.
“Isso já nos proporcionaria muitos ganhos em sermos capazes de oferecer suporte a mais escalabilidade, ao mesmo tempo que diminuiria os riscos do uso intermitente”, disse Buterin acrescentando que essa novo cálculo também adicionaria outra camada de proteção DoS, tornando a rede mais segura.
Por outro lado, o desenvolvedor assume que essas melhorias vêm com um custo, já que os modelos de precificação multidimensionais tornam mais complexo o trabalho dos mineradores.
“Os construtores de blocos não seriam capazes de simplesmente aceitar transações na ordem de taxa mais alta para baixa. Eles teriam que balancear entre dimensões diferentes e resolver um problema de mochila multidimensional. Isso criaria espaço para mineradores otimizados que se saem significativamente melhor do que algoritmos de stock, levando à centralização”, alerta.
Embora seja algo negativo, ele avalia que o problema seria “muito mais fraco” do que outros que existem hoje na rede, como por exemplo o MEV (valor máximo extraível), que já oferece vantagem aos mineradores mais otimizados — neste esquema, mineradores são subornados para priorizar transações que pagam taxas maiores ao invés daquelas que chegam antes na rede.