A Venezuela está em terceiro lugar no mundo na adoção de criptomoedas, atrás apenas da Ucrânia e da Rússia, apontou o relatório divulgado pelo Coindesk e feito pela Chainalysis, empresa de consultoria especializada no mercado.
No entanto, tal adoção pode não estar acontecendo da maneira que as autoridades venezuelanas esperavam, que era adoção em massa de sua criptomoeda nacional Petro. No cenário atual, o Bitcoin é centro das atenções.
Desde o lançamento da Petro, em 2018, o governo da Venezuela vem tentando criar uma economia centrada no controverso criptoativo supostamente lastreado em petróleo.
Contudo, segundo o relatório da Chainalysis, a Petro está longe de ser a responsável pelo crescimento do mercado no país. A alta performance dos cidadãos venezuelanos na criptoeconomia está acontecendo por conta das negociações do Bitcoin entre pessoas via plataformas P2P.
“É por isso que a Venezuela se destacou para nós”, disse ao Coindesk, o chefe de pesquisas da Chainalysis, Kim Grauer.
A plataformas peer-to-peer (P2P), como a Localbitcoins, por exemplo, funcionam como uma ponte entre os negociadores. E é por meio delas que hoje a Venezuela está no topo.
Segundo Grauer, os novos dados revelam uma sociedade tão cansada de hiperinflação que os cidadãos estão dispostos a recorrer ao Bitcoin com refúgio.
“Eles estão obtendo seus bitcoins de exchanges ponto a ponto (P2P), como Paxful e LocalBitcoins”, comentou.
Ricos da Venezuela atrás de bitcoins
De acordo com a Chainalysis, a aumento no volume nas negociações de Bitcoin pode estar ocorrendo com a adoção da criptomoeda pelos mais ricos da Venezuela, precisamente através da plataforma venezuelana CriptoLago.
Conforme relatório, 75% das negociações feitas através da exchange foram na casa dos US$ 1 mil (cerca de R$ 5 mil). Segundo o artigo, é uma faixa alta demais para as classes mais pobres do país.
“São apenas essas transferências que estão impulsionando o crescimento [da bolsa] em geral”, disse Grauer.
Além de dados, a Chainalysis também consultou especialistas do mercado para comentarem sobre a demanda por Bitcoin na Venezuela. Eles acreditam que os mais ricos estão usando o serviço para preservar suas riquezas ou até mesmo evitar sanções.
Vale lembrar que a exchange Paxful, que oferecia serviços no país, suspendeu os pagamentos com o Banco da Venezuela em junho, alegando evitar represálias de autoridades americanas.