O presidente dos EUA, Donald Trump, perdoou o fundador da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, nesta quinta-feira (23), marcando mais um ato de clemência da administração favorável aos ativos digitais.
Zhao, também conhecido como “CZ”, renunciou ao cargo de CEO da Binance em 2023 como parte de um acordo judicial que o levou à prisão por quatro meses em 2024, em um presídio de segurança mínima em Lompoc, Califórnia.
O magnata declarou-se culpado por violar leis americanas contra lavagem de dinheiro na maior corretora de criptomoedas do mundo. O Wall Street Journal foi o primeiro a noticiar o perdão.
“O presidente Trump exerceu sua autoridade constitucional ao conceder perdão ao sr. Zhao, que foi processado pela administração Biden em sua guerra contra as criptomoedas”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Levitt, ao Decrypt. “Na ânsia de punir a indústria das criptomoedas, a administração Biden perseguiu o sr. Zhao mesmo sem alegações de fraude ou vítimas identificáveis”.
“A administração Biden tentou prender o sr. Zhao por três anos — uma pena tão fora das diretrizes que até o juiz afirmou nunca ter visto algo assim em seus 30 anos de carreira”, continuou ela. “Essas ações da administração Biden prejudicaram seriamente a reputação dos Estados Unidos como líder global em tecnologia e inovação. A guerra contra as criptomoedas acabou.”
Zhao fundou a Binance em julho de 2017 após uma oferta inicial de moedas (ICO) que arrecadou cerca de US$ 15 milhões. Pouco tempo depois, a corretora se tornou a maior do mundo em volume de negociação e ainda mantém essa posição.
As acusações contra CZ e a Binance
Mas, apesar da enorme base de clientes da marca, a Binance não cumpriu com as regulamentações, segundo autoridades dos EUA, permitindo que fundos ligados a roubos virtuais e terrorismo circulassem por sua plataforma sem serem detectados.
Norte-americanos também conseguiram usar a corretora — que permite comprar, vender e apostar no preço futuro de moedas digitais e tokens — mesmo quando isso não era permitido.
O ex-CEO Zhao foi forçado a deixar o comando da Binance em 2023 como parte de um acordo de US$ 4,3 bilhões entre ele, a empresa e autoridades americanas.
Sob o governo do presidente democrata Joe Biden, os reguladores foram duros com empresas do setor cripto, aplicando multas e movendo processos por violações das leis de valores mobiliários.
Virada de chave nos EUA
Mas desde que o presidente Trump voltou ao poder em janeiro, os reguladores mudaram de postura em relação ao setor de blockchain.
Trump fez campanha prometendo ajudar a indústria e recebeu bilhões de dólares em financiamento de grandes nomes do Vale do Silício.
Desde que o republicano assumiu a presidência em janeiro, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) arquivou diversos processos de alto perfil abertos durante a administração Biden contra grandes empresas de criptomoedas.
O presidente Trump também concedeu perdão a outros magnatas do setor — como o fundador da BitMEX, Arthur Hayes. Zhao confirmou em maio que estava passando pelo processo oficial para obter o perdão, mas negou especulações de que estaria oferecendo participação na Binance.US para facilitar o indulto.
Trump também tem uma longa lista de empreendimentos pessoais ligados a criptoativos; sua família teria lucrado cerca de US$ 1 bilhão com diversos negócios no setor.
A corretora de Zhao também tem vínculos com o projeto World Liberty Financial, apoiado por Trump: a stablecoin USD1 do projeto está disponível em uma blockchain originalmente criada pela Binance, a BNB Chain. Além disso, um investimento de US$ 2 bilhões na Binance feito pelo fundo soberano MGX, de Abu Dhabi, foi pago usando o token.
Leia também: CZ nega negociações sobre investimento da família Trump na Binance e pedido de perdão
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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