A equipe do projeto Terra, a blockchain por trás da falida criptomoeda LUNA, anunciou nesta sexta-feira (13), no Twitter, a retomada de produção dos blocos da rede, que havia sido interrompida na tarde de quinta (12). Segundo o aviso, o sistema deve prosseguir por enquanto sem o suporte a sistemas DeFi, tecnicamente conhecido como Inter‐Blockchain Communication Protocol (IBC).
“Os validadores decidiram desabilitar os swaps no blockchain do Terra e os canais IBC agora estão fechados. No momento, os usuários devem conectar seus ativos a suas blockchains de origem”. A ponte Wormhole, que até o anúncio não estava disponível, foi habilitada horas depois em outro tweet.
Resta saber exatamente qual a intenção dos desenvolvedores ao voltar a emitir um token cujo valor no momento é virtualmente zero, em um mercado já saturado pela criptomoeda, descarregada por vendedores que tentaram reduir seu prejuízo nos últimos dias. Na tarde desta sexta, o token é negociado por US$ 0.00012.
Vale lembrar que pouco antes da interrupção da produção da blockchain, o Terra tinha apresentado um plano com algumas medidas emergenciais para tentar salvar a LUNA do naufrágio, como a queima de tokens para tentar elevar a cotação do ativo.
O token LUNA entrou em espiral da morte após a stablecoin TerraUSD (UST), também nativa do ecossistema Terra, ter perdido a paridade com o dólar. Dessa forma, o ativo que caiu de US$ 100 para zero em poucos dias – com redução de 99,7% de seu valor nas últimas 24 horas antes do desligamento.
Binance volta atrás e libera LUNA e UST
A notícia de reconstrução do sistema — “desligado” ontem no bloco 7603700 — ocorreu em meio a deslistagem do token em grandes corretoras, como Binance e UpBit. Na quinta, Binance havia afirmado que iria tomar deslistar a LUNA se seu preço caísse para abaixo de US$ 0,005 — e isso ocorreu e para bem menos, US$ 0,00000947.
Nesta tarde de sexta, porém, a Binance voltou atrás e liberou novamente os pares de negociação Terra/Binance Dolar (LUNA/BUSD) e TerraUSD/Binance Dolar (UST/BUSD). E acrescentou: “Certifique-se de ter feito sua própria pesquisa sobre os fundamentos do LUNA e UST antes de negociar”.
Por sua vez, a UpBit, que é a maior corretora de criptomoedas da Coreia do Sul, manteve sua posição e afirmou que a partir do próximo dia 20 não vai mais dar suporte ao token LUNA. Disse também que seus clientes devem encerrar suas posições e deu o prazo até o dia 19/06/2022 para retirada de fundos da plataforma.
O que aconteceu com Terra (LUNA) e o papel da UST
Por trás de tudo estava o sistema que regia o ecossistema Terra. Toda vez que UST era comprado, uma quantidade do token LUNA era queimado. Isso fazia a criptomoeda subir de preço. Assim, a Terraform Labs, que tinha uma enorme quantidade de LUNA, ficava cada vez mais rica.
Com esse dinheiro a entidade fazia aportes no protocolo Anchor, um outro ponto crucial do ecossistema. Grande parte do volume de UST estava alocado no protocolo Anchor, que pagava juros de cerca de 20% ao ano para quem mantivesse seus recursos na plataforma – esse dinheiro seria então emprestado, daí a recompensa.
Quando o UST perdeu a paridade com o dólar, parou de ser comprado e os tokens de LUNA começaram a inflacionar – ou seja, perder valor.
O que acontece com o ecossistema da Terra, tanto com LUNA e UST, é que eles prometeram muito mais do que conseguiram entregar. “A real é que a promessa de 20% sem risco era to good to be true”, disse o trader Daniel Duarte ao Portal do Bitcoin.