Prender SBF por 50 anos é “medieval” e o faz parecer um “vilão depravado”, diz defesa

A carta enviada ao juiz Lewis Kaplan pela defesa do criador da FTX representa um último apelo antes da divulgação da sentença na semana que vem
SBF da FTX no Congresso dos EUA

Criador da FTX, Sam Bankman-Fried no Congresso dos EUA (Foto: Reprodução)

A defesa de Sam Bankman-Fried (SBF), criador da falida corretora de criptomoedas FTX, enviou uma carta de apelo ao juiz Lewis Kaplan do Tribunal de Justiça de Nova York, para que ele não sentencie o executivo a 50 anos de prisão, como recomenda o Departamento de Justiça dos EUA.

A sentença do ex-CEO está prevista para ser divulgada na próxima quinta-feira, no dia 28 de março. SBF foi considerado culpado de sete acusações de fraude e conspiração em novembro passado, após o colapso da corretora de criptomoedas no final de 2022.

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De acordo com o documento, os advogados de SBF alegam que a sentença proposta de pena máxima de 50 anos de prisão invoca uma visão “medieval” de punição e não reflete com precisão a gravidade de seus crimes. Um trecho da carta do escritório de advocacia Mukasey Young diz o seguinte:

“O memorando do governo é perturbador com acentuada hostilidade. Distorce a realidade para apoiar sua preciosa narrativa de “perda” e classifica Sam como um supervilão depravado; atribui a ele motivos sombrios e megalomaníacos que vão contra os registros; faz profecias apocalípticas de reincidência; e adota uma visão medieval de punição para alcançar o que equivale a uma recomendação de sentença de morte na prisão. Isso não é justiça.”

A defesa argumentou mais sobre a narrativa de perda afirmando que “na verdade nunca houve perdas” e que o dinheiro “sempre esteve disponível”, uma vez que a recuperação judicial resultaria no restabelecimento de todos os clientes e credores.

Trecho da carta dos advogados de SBF (Fonte: Courtlistener)
Trecho da carta dos advogados de SBF (Fonte: Courtlistener)

No dia 15 de março, os promotores no caso de fraude federal contra SBF disseram que ele deve enfrentar de 40 a 50 anos de prisão, além de pagar US$ 11 bilhões (R$ 54 bilhões) em multas e confisco de bens.

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O promotor Damian Williams, por exemplo, disse que embora seja improvável que o réu trabalhe novamente no setor financeiro, e provavelmente perderá todos os seus ganhos ilícitos, a justiça exige que ele receba uma pena de prisão proporcional às dimensões extraordinárias de seus crimes.

O caso da FTX

Em novembro de 2023, SBF foi considerado culpado por um júri americano de sete acusações de fraude e conspiração, após o colapso da FTX no final de 2022. Até então, a exchange era uma das maiores do mundo, mas entrou em uma grave crise após a suspeita de que usava ilegalmente fundos de clientes.

Após dias de pânico, um possível resgate pela Binance trouxe esperança ao mercado, mas no dia 9 de novembro a corretora chinesa desistia do negócio e fazia ruir de vez qualquer tentativa da FTX sobreviver. Dois dias depois, a FTX entraria com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.

Hoje, todo o grupo FTX — incluindo a empresa irmã Alameda Research — está quebrado e seu fundador, Sam Bankman-Fried, está preso e condenado, aguardando a sentença final.