O ex-advogado da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), John Reed Stark, foi às redes sociais na segunda-feira (2) com uma previsão aprofundada de como o julgamento criminal de Sam Bankman-Fried, criador da FTX, provavelmente se desenrolará.
O ex-chefe da extinta exchange de criptomoedas enfrenta acusações de fraude que podem, juntas, lhe render uma vida inteira na prisão. Na visão de Stark, as chances de absolvição do executivo são baixas.
“Raramente, na história dos processos de fraude financeira, uma equipe do DOJ possuía esse nível de acesso irrestrito a um tesouro tão extraordinário de testemunhas e provas”, escreveu o ex-advogado no X (ex-Twitter) na segunda-feira.
Stark analisou os muitos executivos de alto escalão próximos a Bankman-Fried que já se declararam culpados para reduzir suas sentenças criminais. Figuras como o cofundador da FTX, Gary Wang, a diretora de engenharia Nisha Singh, o CEO da FTX Digital Markets, Ryan Salame, e a CEO da Alameda Research, Caroline Ellison.
Ellison — que também é ex-namorada de SBF — admitiu em seu diário vazado que se sentia despreparada para administrar a Alameda, a mesa de negociação cripto de propriedade de Bankman-Fried profundamente ligada às fraudes. Depois de vazar o diário de Ellison para a mídia, ele teve sua fiança revogada por adulteração de testemunhas.
Com uma linha tão poderosa de testemunhas cooperantes, Stark acredita que o estoque de evidências documentadas da promotoria das negociações ilegais de Bankman-Fried “é indiscutivelmente sem precedentes para um julgamento de fraude financeira”.
Ele disse que o processo de recuperação judicial da exchange feito por John Ray III provavelmente também pesará contra seu fundador. Um mês depois de assumir o controle da exchange, Ray testemunhou perante o Congresso afirmando que a FTX era um fracasso corporativo “sem precedentes” devido à sua “completa ausência de informações financeiras confiáveis”.
Stark acredita que Ray provavelmente entregou ao governo a maior parte de suas descobertas, oferecendo acesso a uma montanha de provas contra SBF.
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Erros do passado
Por último, Bankman-Fried provavelmente já se incriminou através de sua “campanha de relações públicas” pós-FTX, durante a qual ele se envolveu em várias entrevistas com jornalistas independentes, a mídia tradicional e até Twitter Spaces na tentativa de limpar seu nome.
“SBF simplesmente se recusou a calar a boca”, escreveu Stark. “Se SBF é louco ou simplesmente não pode controlar seu desejo compulsivo de desnudar sua alma é um debate que fica reservado não apenas para os especialistas legais, mas também para psicológicos.”
De acordo com Stark, suas horas de explicações e respostas registradas abrem grandes possibilidades de impedimento — fornecendo evidências que revelam inconsistências e falsidades nas declarações de uma pessoa ao longo do tempo.
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Promotores federais envolvidos em outros esquemas de fraude de criptomoedas disseram ao Decrypt na semana passada que também não enxergam um caminho para a vitória de SBF. Daniel C. Silva, que ajudou a processar a BitConnect, disse que o julgamento “seria bastante esmagador se fosse levado a um júri da mesma forma que foi apresentado na acusação”.
Jordan Estes, sócia do escritório de advocacia Kramer Levin, disse que a presença de Ellison poderia adicionar drama ao caso que acabaria alinhando o júri contra o fundador da FTX. “Como promotora em um caso de fraude, isso pode ser muito importante para contar a história e chamar a atenção do júri”, disse ela.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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