Imagem da matéria: Por que mulheres precisam investir em criptomoedas agora mesmo | Opinião
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Os defensores da criptoeconomia batem no peito e bradam que ela é muito mais democrática, fácil e inclusiva que as finanças tradicionais. Será mesmo? Então me fala aí quantas mulheres você conhece que investem em Bitcoin

Das dezenas de amigas e ex-colegas de trabalho, muitas mostram curiosidade sobre o assunto, mas efetivamente não são tantas as convertidas. Uma lástima. 

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Um estudo divulgado há alguns meses pelo serviço de informações para traders Forex Suggest — um dos poucos disponíveis, diga-se de passagem — mostra que pouco mais de 7 milhões de brasileiras investem em cripto. Pode parecer bastante, mas o número equivale a apenas 6,6% da população feminina e a 40% do total de investidores em cripto do país.

Em valores absolutos, a Índia lidera o ranking mundial, com 63 milhões de detentoras de Bitcoin e outras altcoins, o equivalente a 9% do total de investidores locais; percentualmente, as vietnamitas encabeçam a lista, com 12 milhões de investidoras — 24% das mulheres do país possuem alguma cripto na carteira. Também é o país com a menor diferença de adoção em relação aos homens — 47% delas contra 53% deles.

Os países com a adoção mais igualitária de criptomoedas (Fonte: Forex Suggest)
Os países com a adoção mais igualitária de criptomoedas (Fonte: Forex Suggest)

Por que essa adoção é grande nesses países? Li uma série de suposições, mas duas me chamaram a atenção: a primeira é por ser uma “modinha”, um “hype” em torno das criptomoedas (afinal, quem nunca aderiu ao “copo Stanley” da vez?).

Outra hipótese é o uso das criptomoedas como uma alternativa de guardar dinheiro para o futuro nesses países que — segundo apontam artigos internacionais — oferecem poucas chances de ascensão econômica às mulheres.

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Por outro lado, não bastam razões para a pouca adesão de cripto no Brasil: a usabilidade é complicada, desconhecimento sobre os fundamentos, desconfiança… e, sobretudo, nem sempre sobra dinheiro para cobrir o orçamento doméstico, quanto mais para investir. 

Se dependermos da representatividade das mulheres dentro das empresas cripto para incentivar a inclusão, a desigualdade vai perdurar por mais um longo período. A Forex Suggest calculou o nível de “influência” (número de seguidores e alcance de posts no Linkedin e Instagram) de 50 CEOs de exchanges globais. Apenas três mulheres figuram na lista. Triste.

O lado bom é que estamos só no começo da história, então dá para mudar o jogo. 

Que tal falar mais sobre cripto e blockchain com nossas amigas, mães, filhas, primas, vizinhas, parentas e agregadas? Precisamos pegar hoje mesmo esse rumo. A gente não precisa ter medo nem vergonha de falar sobre dinheiro e investimentos, ladies. Falamos de coisas muito constrangedoras, sérias e íntimas com naturalidade atroz.

Dinheiro significa autonomia, antes de tudo, precisamos construí-la e preservá-la, e ensinar outras mulheres a conquistar a sua. Cripto pode sim ajudar nessa formação de reserva futura.

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A blockchain já está mudando o mundo e as soluções vão além das finanças — ouso dizer que a criptoeconomia aos poucos vai se tornar uma parte menor diante das possibilidades que essa tecnologia vai nos proporcionar em todos os aspectos da nossa vida.

Mas se não houver a participação efetiva de mulheres e de outros grupos minorizados em seu desenvolvimento, o mundo perpetuará a desigualdade. E por enquanto, a descentralização tão apregoada pela blockchain mal rompeu os limites de um núcleo duro, antigo e dominante.

Sobra a autora

Patricia Nakamura é gerente de Comunicação Corporativa do MB. Teve passagens por B3, Valor, UOL e Bloomberg. Aprendeu a duras penas que pessoas de Humanas também precisam saber fazer conta.