Imagem da matéria: "Pelo amor de Deus, devolvam o dinheiro das pessoas", diz líder da Unick Forex em Manaus
Irmãos Prata defendendo a empresa em um vídeo de janeiro (Foto: Reprodução/Youtube)

“A situação é crítica”. É assim que Marcelo Prata, um dos apoiadores da Unick Forex, define o momento atual da empresa que deixou claro que não vai pagar os rendimentos e apenas devolver o valor investido parcelado.

Seu irmão, Marcos Prata, do departamento jurídico da empresa, vai além de afirma que caso as pessoas entrem com ações contra a Unick, ela fecharia e não teria como pagar aos investidores.

Publicidade

Os irmãos Prata tiveram áudios vazados e veiculados em um canal de investimentos online no Youtube. Por meio desses dois áudios se nota que a situação da empresa está longe da ótima fase que Danter Silva, o diretor de marketing, afirmou recentemente.

Marcelo Prata, que chegou a levar a empresa para dentro de uma corporação militar e palestrou junto ao chefe do corpo de bombeiros sobre os rendimentos mágicos da Unick, hoje se mostra bastante preocupado com a situação.

Ele deixa escapar que há grande risco de a empresa aplicar um calote ao afirmar que “quanto aos patamares ouro e adiante nem que seja para pagar daqui a 40 anos ou em outra vida”.

Como líder de Manaus, Prata diz que não concorda com a decisão da empresa em fazer o parcelamento e apela para a cúpula da empresa para que devolva o dinheiro aos investidores sem parcelar.

Publicidade

“Eu como líder de Manaus estou pedindo pelo amor de Deus que façam isso. Eu sei que a empresa não pediu para ninguém vender casa, vendar carro ou para fazer empréstimo, mas acreditaram no projeto. Estou pedindo que a empresa priorize esses clientes que compraram esses pacotes e não receberam um centavo até agora e que libere os 100% numa parcela só”.

Unick Forex insustentável

Ele diz até que está disposto a abrir mão se seus saques e que isso foi algo decidido também por outros líderes do Norte do país. Ele apelou para que os líderes de outras regiões do país façam o mesmo.

“Eu gostaria, e eu falo em nome de todos os líderes do Norte do Brasil se tiver algum líder do Sul e do Sudeste que venha concordar com esse meu ponto de vista”.

O seu irmão, que ao lado de Fernando Lusvarghi compõe o departamento jurídico da Unick, nessa mesma linha tenta também convencer as chamadas “lideranças” a renunciar a seus ganhos para que os novos entrantes recebam.

Publicidade

Ele desaconselha os clientes a entrarem com ação judicial contra a Unick Forex sob o argumento de que esses processos além de demorar trazem o risco de a pessoa não receber o dinheiro que está preso e nisso solta que a empresa, com isso, fechará.

“O cliente que acha que a solução é judicializar está dando um tiro no pé. O que a Justiça faz aqui no Brasil? Ela bloqueia todos os valores, a empresa, claro, vai perder e vai fechar”.

O homem que afirma ter trabalhado por sete anos numa vara criminal argumenta ainda que “nenhum cliente vai ter de volta esses valores” e o motivo é que “muitos deles não terão como declarar a origem desse dinheiro”.

Palavra de especialistas

O Portal do Bitcoin conversou com dois advogados para saber até que ponto Prata tem razão.

Filipe Porto, advogado civilista do escritório Pereira, Porto e Penedo Advogados, aponta que a declaração feita por Marcos Prata além de ser um escárnio à Justiça brasileira se mostra como um verdadeiro atentado contra o direito constitucional de qualquer pessoa bater as portas do Judiciário.

 “É um desrespeito às garantias constitucionais do cidadão em promover uma ação e o escárnio obviamente com dignidade da Justiça, que num futuro processo se houver pode implicar em multa processual pelo CPC”

Publicidade

De acordo com Porto, essa é uma tática comumente usada por quem quer se eximir de pagar o que deve. Ele alerta que as pessoas devem ter atenção sobre em que está investindo o seu dinheiro, pois “nem sempre a Justiça consegue atingir o seu fim social”.

Apesar disso, Porto aponta que é cabível uma ação cautelar de cientes que se sintam prejudicados para “arrestar os bens que futuramente podem servir para indenizar as vítimas”.

Direito a valor corrigido

Nessa mesma linha Fernando Henrique Cardoso, advogado criminalista do escritório Cardoso, Siqueira & Linhares, afirma que o investidor que tendo aplicado o dinheiro de origem lícita e de boa fé tem o direito de sua devolução.

Cardoso, no entanto, chama a atenção para um detalhe. Caso o retorno dos rendimentos se dê por algo não regulado, haverá a discussão sobre esse rendimento apenas.

“Digamos que a pessoa invista R$ 15 mil e que esse valor suba para R$ 18 mil. Esses R$ 3 mil pode ter um eventual problema para se explicar a origem, mas o valor investido é o que tem origem”.

Os ganhos, segundo Cardoso, ainda teriam de ser algo analisado por um juiz e mesmo assim a devolução do dinheiro, mesmo que apenas do valor investido, não poderia se dar sem a devida correção.

VOCÊ PODE GOSTAR
Moeda de bitcoin sob base de martelo de juiz

CVM julga hoje Bluebenx, pirâmide com criptomoedas que deixou prejuízo de R$ 160 milhões

Relatório se concentra em oferta pública de distribuição de valores mobiliários sem a obtenção do registro no órgão regulador
homem segura com duas mãos uma piramide de dinheiro

CVM multa pirâmide cripto BlueBenx e seu fundador em R$ 1 milhão

A Bluebenx e seu dono, Roberto Cardassi, foram considerados culpados pela oferta pública de valores mobiliários sem registro
homem segura com duas mãos uma piramide de dinheiro

Pirâmides financeiras continuam sendo crime mais reportado pela CVM às autoridades

Esquemas de pirâmide são crimes contra a economia popular e estelionato, previstos no artigo 171 do Código Penal
celular com logo da circle usd coin USDC com grafico ao fundo

Circle integra USDC aos sistemas de pagamento do Brasil

A Circle agora suporta transferências bancárias locais via Pix