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O que é e como funciona uma hard wallet de criptomoedas

Entenda o que são hard wallets, como elas armazenam chaves offline e por que são consideradas as mais seguras para proteger criptomoedas

carteira de criptomoedas hardware ledger
Shutterstock

As hard wallets, ou carteiras físicas de criptomoedas, se tornaram sinônimo de segurança para quem busca proteger seus ativos digitais longe do alcance de hackers e falhas de plataformas centralizadas.

Diferentemente das carteiras online ou de aplicativos, que armazenam as chaves privadas conectadas à internet, as hard wallets mantêm essas informações de forma totalmente offline, dentro de um dispositivo físico semelhante a um pen drive. Essa característica as torna uma das formas mais seguras de custódia de criptomoedas, especialmente para quem planeja guardar seus tokens por longos períodos.

Na prática, uma hard wallet é um dispositivo projetado para armazenar e proteger as chaves criptográficas que dão acesso aos fundos do usuário. Essas chaves nunca saem do aparelho, o que impede que invasores as capturem por meio de ataques cibernéticos.

Além disso, para realizar qualquer transação, é necessário conectar fisicamente a carteira ao computador ou ao celular e autorizar manualmente a operação no próprio dispositivo. Isso significa que, mesmo que um hacker tenha acesso ao seu computador, ele não consegue transferir os fundos sem o aparelho e sem a confirmação física.

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Entre as principais empresas que produzem hard wallets estão Ledger, Trezor, Ellipal, SafePal e BitBox, cada uma com diferentes modelos, preços e compatibilidades. A Ledger, por exemplo, é uma das mais populares e oferece os modelos Nano S Plus e Nano X, compatíveis com dezenas de blockchains e integrados a aplicativos de gerenciamento.

Já a Trezor, pioneira nesse mercado, possui os modelos One e Model T, conhecidos por sua interface simples e código aberto, o que permite auditoria independente de segurança. A Ellipal se destaca por oferecer um design totalmente desconectado, nem mesmo com cabos ou Bluetooth, e interface por QR Code, enquanto a SafePal e a BitBox conquistaram espaço por sua integração com smartphones e custo mais acessível.

Segurança vs. praticidade

O grande atrativo das hard wallets é a segurança, mas ela vem acompanhada de algumas limitações. A principal vantagem é a custódia total dos ativos, já que o usuário é o único detentor das chaves privadas. Isso elimina o risco de confiar suas criptomoedas a exchanges ou plataformas que podem ser hackeadas ou enfrentar falências, como aconteceu com a FTX em 2022.

Além disso, por não estarem conectadas à internet, as hard wallets são imunes a ataques remotos, phishing e malwares. Ou seja, é como se seus ativos estivessem fisicamente em uma carteira ou cofre onde só é possível ter acesso com a senha, nem mesmo se alguém pegar o dispositivo terá necessariamente acesso às criptomoedas.

No entanto, é importante destacar que a segurança depende do usuário, e há diversos cuidados que devem ser observados. Se o dono perder o dispositivo e a frase de recuperação (seed phrase) — uma sequência de 12 ou 24 palavras usada para restaurar o acesso —, os fundos se tornam irrecuperáveis. Se por um lado você se torna dono real dos seus ativos, seu papel em garantir a segurança deles também aumenta.

Entre os principais cuidados está você garantir a origem confiável do produto, adquirindo a hard wallet apenas de fabricantes oficiais ou revendedores certificados, já que dispositivos de segunda mão podem estar comprometidos.

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Outro ponto fundamental é o cuidado com a seed phrase, que deve ser mantida de forma física e offline, nunca fotografada, enviada por e-mail ou armazenada na nuvem. Ela deve ser anotada em papel metálico ou resistente e guardada em local seguro, preferencialmente acompanhada de um backup adicional mantido em outro ambiente físico, como um cofre doméstico ou bancário. O PIN também exige atenção: evite combinações óbvias e altere-o caso haja qualquer suspeita de comprometimento.

Além disso, é importante se proteger contra softwares falsos e sites clonados. Sempre digite manualmente o endereço do fabricante, já que criminosos criam páginas idênticas para capturar seeds e senhas. Também se recomenda evitar conectar o dispositivo a computadores públicos ou desconhecidos, reduzindo o risco de contaminação por malwares.

Por fim, é preciso ter cuidado com o ambiente físico: em viagens ou locais de maior risco, o ideal é guardar a hard wallet em um cofre portátil ou, se possível, deixá-la armazenada em segurança em outro local.

Essas medidas reforçam que, embora extremamente seguras, as hard wallets não são à prova de erro humano. Um simples descuido com a seed ou a compra de um dispositivo adulterado pode resultar em perda total dos fundos.

Vale destacar ainda o custo inicial dessas carteiras, que costuma ser alto, partindo de US$ 50 dólares, dependendo do modelo, o que pode afastar investidores iniciantes. Além disso, esse também não é o meio mais prático para quem realiza muitas transações diárias, já que é necessário conectar e confirmar cada operação manualmente.

Como usar uma hard wallet

O processo de uso de uma hard wallet é simples, mas requer atenção. Veja o passo a passo geral (que pode variar um pouco dependendo da empresa e modelo da carteira):

1. Compre e confira a origem — Adquira a hard wallet do fabricante ou revendedor oficial. Verifique lacres e se o dispositivo chega “zerado” (as carteiras legítimas não vêm com seed impressa).

2. Instale o software oficial — Baixe o app do fabricante (como a Ledger Live ou Trezor Suite) no computador ou celular. Evite links de terceiros e extensões suspeitas, digite manualmente ou use links que estão na caixa do produto.

3. Inicialize e gere a seed phrase — Ligue a hard wallet, crie um PIN e anote a seed (12 ou 24 palavras) em papel metálico ou papel. Não fotografe, não envie por e-mail, não guarde na nuvem, tenha ele apenas físico e em lugares onde só você ou pessoas de sua confiança acessem.

4. Adicione as moedas e contas — Pelo aplicativo da carteira, instale os “apps” das redes (BTC, ETH, etc.) e crie contas. O app mostra endereços públicos e é preciso validar o endereço no visor da hard wallet antes de usar.

5. Faça transferências — Envie da exchange/carteira externa para o endereço exibido e confirmado no dispositivo. Acompanhe as confirmações on-chain pelo app.

6. Autorização física — Para transferir, conecte a carteira (cabo ou Bluetooth), monte a transação no app e aprove no aparelho. A assinatura ocorre dentro da hard wallet, ou seja, as chaves não ficam online.

7. Guarde o dispositivo e a seed — Desconecte e armazene a hard wallet em local seguro. A seed deve ficar separada, em local diferente, a salvo de fogo/água. Considere fazer uma cópia em cofre distinto.

8. Restauração em caso de perda/defeito — Se o aparelho sumir ou quebrar, compre outro do mesmo fabricante (ou compatível com o padrão da sua seed), escolha “restaurar carteira” e digite a seed. Seus fundos reaparecem porque estão registrados na blockchain.

No fim do dia, hard wallets são a espinha dorsal de quem adota a filosofia “seja seu próprio banco”. Elas elevam muito a segurança — principalmente para quem guarda valores relevantes por longo prazo —, desde que você aceite o pequeno custo e a disciplina de proteger a sua seed.

Em troca, você reduz a superfície de ataque, evita riscos de custodiantes e mantém suas chaves longe da internet, inclusive quando usa Bluetooth: a conexão só transporta dados, a assinatura é offline. Para investidores que prezam autonomia e proteção, esse é o padrão-ouro da custódia cripto.

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