Ilustração de mãos circulando uma bola de cristal
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O Bitcoin ainda pode estar muito abaixo da máxima histórica de US$ 69.044 que atingiu no final de 2021, mas as principal criptomoeda vem mostrando força ao exceder as expectativas em 2023: o BTC já aumentou 86% desde o início do ano, quando estava sendo negociado por menos de US$ 17 mil.

Na quinta-feira (6), o “ouro digital” atingiu o maior patamar em 13 meses, à medida que o dinheiro institucional inunda o mercado após uma série de gestoras pedirem a criação de fundos ETF baseados no BTC, o lançamento de uma exchange apoiada por grandes nomes de Wall Street e a procura de investidores por um hedge contra a inflação. 

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Mas quanto tempo isso vai durar? Nesta sexta-feira (7), a criptomoeda já cai 3%, em meio a receios de que o Fed, o BC americano, possa novamente aumentar os juros no país.

Alguns especialistas disseram ao Decrypt que o sentimento dos investidores realmente mudou desde a turbulência do ano passado. Outros analisam que questões de liquidez das moeda fiat significam que a máxima do preço do BTC pode já ter chegado. 

Liquidez refere-se à capacidade de um mercado para facilitar a conversão de um ativo digital em moeda fiduciária. Quando a liquidez é fraca, os traders perdem dinheiro devido a eventos como registros de compra e venda pequenos e spreads maiores — e também pode haver mais volatilidade. 

O trader de criptomoedas Pentoshi disse no Twitter que achava que uma “correção maior” poderia vir se o Bitcoin atingisse a marca de US$ 32.500. Ele acrescentou que isso aconteceria quando “os anseios tardios surgissem e as pessoas começassem a alavancar demais” — o que significa que aqueles que abrem um contrato de compra agora poderiam estar assumindo um grande risco.

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No momento, os traders estão desejando Bitcoin — e pagando um bom valor por ele. O Diretor de Derivativos da Amberdata, Greg Magadini, disse ao Decrypt que eles estão pagando mais pela exposição ascendente. “Esse é o mais alto nível de preços que vimos nos últimos 18 meses,”acrescentou. 

Mas o trader Alex Kruger disse ao Decrypt que, embora a questão da liquidez “seja importante”, é atualmente “superestimada pelos participantes no mercado.” 

Ele acrescentou que o Bitcoin agora está amplamente relacionado ao TradFi (finanças tradicionais) e que o maior ativo digital por capitalização de mercado saltou 20% desde a aplicação do ETF BlackRock. 

“Uma aprovação da SEC (a CVM dos EUA) está muito longe de ser precificada”, acrescentou. “Acredito, portanto, que o Bitcoin tem espaço para continuar subindo.”

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ETF da BlackRock

A gigante BlackRock — que gerencia US$ 9,5 bilhões em ativos — entrou com um pedido na Comissão de Valores Mobiliários dos EUA para um fundo negociado em bolsa Bitcoin (ETF) à vista há três semanas. 

Especialistas disseram que as probabilidades eram a favor da empresa, que está quase invicta quando enfrenta a SEC, já que quase todos os seus pedidos de ETF receberam uma aprovação.

Isso levou ao aumento do preço do Bitcoin — com grandes investidores tirando dinheiro de produtos de venda e conectando-os a produtos de compra.

“Vimos 10 semanas consecutivas de saídas de produtos de venda de Bitcoin, sugerindo que o sentimento realmente se tornou positivo nas últimas semanas”, disse o chefe de pesquisa da CoinShares, James Butterfill. 

“Estamos de volta? Parece que sim, mas a aprovação de um ETF físico de Bitcoin está longe de ser um acordo concluído neste momento — estamos pelo menos caminhando na direção certa.”

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O operador de criptomoedas, Ryan Scott, disse ao Decrypt que essa compra de ETFs nas notícias “provavelmente está precificada na maior parte agora até que uma decisão real seja tomada”, acrescentando que as decisões do Federal Reserve (o BC dos EUA) e as condições macroeconômicas provavelmente hoje eram fatores mais importantes sobre se o Bitcoin iria subir ou descer. 

Em última análise, o Bitcoin ainda é um ativo de risco e é provável — por enquanto — que ele se alinhe com as decisões que o Federal Reserve tomará em relação à taxa de juros.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.