Nova York nega renovação de licença para empresa de mineração de bitcoin

Segundo órgão de regulação, o uso de combustíveis fósseis pela Greenidge atrapalha as metas climáticas do estado; companhia é acusada de aquecer o lago Seneca
Ilustração de uma moeda de bitcoin ligada por um cano a três cones flamejantes

Foto: Shutterstock

O Departamento de Conservação Ambiental de Nova York (NYSDEC), negou, na quinta-feira (30), um pedido de renovação de licença da empresa de mineração de Bitcoin Greenidge Generation. Segundo a agência, a solicitação para continuar operando às margens do Lago Seneca, com energia fóssil, é inconsistente com as metas climáticas do estado americano.

“Interfere no cumprimento dos limites estaduais de emissão de gases de efeito estufa”, disse o departamento na decisão, ressaltando ter lido 4.000 comentários públicos durante o processo de análise. O NYSDEC visa reduzir a emissão desses gases em pelo menos 85% até 2050.

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Segundo o NYSDEC, a Greenidge não conseguiu demonstrar uma justificativa para continuidade das operações, como propor medidas de mitigação dos gases, e tampouco indicou alternativas. “A Greenidge tem o direito de solicitar uma audiência para tirar dúvidas sobre esse indeferimento”, ressalta o documento.

Desde o ano passado, a empresa de mineração vem recebendo críticas da comunidade, que alega que a operação é responsável por um aumento alarmante na temperatura da do Lago Seneca, que banha a região.

Como reagiu a empresa de mineração

“Um absurdo”, disse a Greenidge em comunicado no mesmo dia do indeferimento. “Acreditamos que não há base legal credível para uma negação deste pedido”, ressaltou.

De acordo com a empresa, a operação não é uma ameaça ao meio ambiente e está em total conformidade com as leis do estado. Disse, também, que a NYSDEC não deve considerar suas operações como se fosse uma “empresa de criptomoedas”. E acrescentou:

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“Nossa instalação de Dresden representa 0,2% da emissão de gases no estado, notavelmente insignificante da meta de Nova York para 2030. E já reduzimos nossas emissões em 70% em relação à data de referência de 1990”, disse a empresa, se referindo a quando operava como mineradora de carvão.

Também na quinta (30), a Greenidge publicou uma nota com comentários de apoiadores da empresa, afirmando que suas operações foram endossadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Elétricos e várias outras entidades, além de 300 agricultores de uma fazenda próxima.

A Greenidge reforçou seu repúdio à decisão em uma nota ao site Coindesk, também na tarde de quinta-feira, e ressaltou que a deliberação da NYSDEC não impacta em suas operações atuais em Dresden. Disse, também, que vai continuar operando sob sua licença aérea atual, que ainda está em vigor, “pelo tempo que for necessário para desafiar com sucesso essa decisão arbitrária e caprichosa”.

Governadora de NY comemora decisão

No Twitter, a governadora Hochul comentou: “Enquanto a Suprema Corte faz o governo federal retroceder na luta contra as mudanças climáticas, Nova York continuará liderando a causa. Eu aplaudo a NYSDEC, que impedirá futuros aumentos nas emissões de gases de efeito estufa no Lago Seneca”.

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Enquanto isso Eric Adams, o prefeito pró-bitcoin da cidade de Nova York, está se opondo ao recente projeto de lei aprovado pelo legislativo do estado de Nova York para impor uma moratória de dois anos para operações de mineração de criptomoedas proof of work (ou PoW, na sigla em inglê), como o bitcoin, que dependam de combustíveis fósseis.

Recentemente, em entrevista a Brian Pascus, do jornal Crain’s, Adams disse que planeja pedir à governadora Kathy Hochul que “considere vetar o projeto que irá atrapalhar o caminho das criptomoedas no estado”.

Para Adams, criptomoedas são uma parte inegável da economia do estado graças aos “bilhões de dólares que são gastos em criptomoedas”. Ele acrescentou: “Não podemos continuar a colocar obstáculos”.

Porém, caso Hochul aprove o projeto, Nova York será o primeiro estado dos EUA a limitar a dominância global do país na mineração de bitcoin. Mineradores de bitcoin já ativos no estado teriam seu atual consumo elétrico reduzido.

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