O mercado global de criptomoedas dá sinais de estabilização nesta sexta-feira (20), com investidores mais animados com notícias vindas da China. O Bitcoin (BTC) avança 5,7% nas últimas 24 horas, para US$ 30.381,19, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) sobe 3,5%, cotado a US$ 2.039,78. No Brasil, o Bitcoin mostra valorização de 2,3%, negociado a R$ 149.093,52, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As duas maiores criptomoedas já operam no azul no acumulado de sete dias, com o BTC em alta de 3,3% e o Ethereum com ganho de 2,7%.
As principais altcoins também mostram recuperação nesta sexta-feira (20) como Binance Coin (+4,1%), XRP (+6,9%), Cardano (+4,5%), Solana (+1,4%), Dogecoin (+2,8%), Polkadot (+4,6%), Avalanche (+3,4%) e Shiba Inu (+2,6%), segundo dados do CoinGecko.
No Brasil, a expectativa é pela chegada ao país do bilionário Elon Musk, que deve se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro por volta das 10h da manhã e participar de um almoço com políticos e empresários em um hotel de luxo na região de Porto Feliz, no interior de São Paulo.
A notícia da vinda de Musk ao Brasil foi originalmente publicada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e depois confirmada pelos outros veículos da imprensa brasileira. Em sua live de quinta-feira à noite, Bolsonaro disse que teria um encontro reservado com “uma pessoa muito importante, reconhecida no mundo todo”, que teria vindo “ajudar nossa Amazônia”, sem revelar o nome.
O evento acontece ao mesmo tempo que o evento Conecta Amazônia, que discute a oferta de Internet na região abarcada pela floresta. Em reuniões anteriores de enviados do governo com Musk, nos EUA, foi discutida a possibilidade de uma parceria para levar Internet para regiões mais remotas do Brasil usando a tecnologia desenvolvida pelas empresas Starlink e Space X, que pertencem ao empresário, baseada em satélites de baixa altitude.
Segundo Lauro Jardim, a lista de convidados inclui nomes como André Esteves, do banco BTG Pactual, e Rubens Ometto, da Cosan. De acordo com as reportagens publicadas pelos jornais, há receio entre os convidados que o evento se converta em um ato político de Bolsonaro, em campanha pela reeleição.
Musk ainda não se pronunciou sobre o encontro no Twitter, mas durante essa semana se posicionou à direita do espectro político. Ele disse ser inicialmente alinhado aos Democratas nos EUA, mas que se tornou Republicano após os democratas terem se tornado o partido do “ódio & divisão”. O tema já está virando trending topic no Twitter brasileiro, com a hashtag #bolsomusk.
Musk, homem mais rico do mundo, segue em um conturbado processo de compra do Twitter. A aquisição da plataforma social foi suspensa temporariamente pelo empresário, alegando que precisa de mais informações sobre a quantidade de bots e contas falsas na rede antes de prosseguir com o negócio.
Panorama externo
Já no exterior, as criptomoedas são embaladas pelos ganhos dos índices futuros nos Estados Unidos e mercados asiáticos, puxados pela decisão de bancos na China de cortar uma taxa de juros crucial para empréstimos de longo prazo. A redução dos custos das hipotecas poderia elevar a demanda por financiamento em um momento de desaquecimento do mercado imobiliário e lockdowns para frear a Covid.
O desempenho dos criptoativos foi abalado pelo colapso da stablecoin TerraUSD, mas a sangria no mercado acionário americano também contribuiu para a queda dos preços.
Cripto x ações
A presidente do Federal Reserve de Kansas City, Esther George, disse em entrevista à CNBC que a onda vendedora nas bolsas esta semana não surpreende diante da determinação do banco central americano de baixar a inflação com juros mais altos. Segundo ela, o Fed não está focado no impacto da política monetária no mercado acionário.
Para a equipe de pesquisa do Bank of America, a preocupação com o chamado inverno cripto é exagerada. Em relatório, analistas do banco lembram que os tokens que alimentam o ecossistema cripto são negociados como ativos de alto crescimento e de risco especulativo. Por isso, também são influenciados por inflação acelerada, aumento dos juros e expectativa de recessão.
Confiança na Tether
Com o objetivo de aumentar a confiança de investidores, a Tether reduziu em 17% a quantidade de notas promissórias (títulos de dívida de curto prazo) nas reservas usadas como lastro da USDT, a maior stablecoin do mundo. O volume desses títulos correspondia a US$ 20,1 bilhões das reservas em 31 de março na comparação trimestral, de acordo com relatório. A empresa também aumentou a exposição aos Treasuries, títulos do Tesouro dos EUA.
A Tether possuía ativos de US$ 82,4 bilhões no fim do primeiro trimestre, e sua capitalização de mercado atual soma US$ 74 bilhões.
A agência reguladora dos mercados financeiros no Reino Unido está atenta ao caos provocado pela implosão do ecossistema Terra. Em entrevista à Bloomberg, Sarah Pritchard, diretora executiva de mercados da Autoridade de Conduta Financeira (FCA), disse que a recente turbulência entre as stablecoins “será absolutamente levada em conta” quando a agência começar a trabalhar com o Tesouro para desenvolver e implementar regras para os criptoativos este ano.
Ministros das Finanças e bancos centrais do G7 também defenderam uma rápida e abrangente regulação dos ativos digitais na esteira das perdas causadas pela perda de paridade da TerraUSD, segundo minuta de um comunicado divulgado na quinta-feira.
Em meio à maior cautela dos investidores, a USD Coin parece sair beneficiada, pelo menos por enquanto. A capitalização de mercado da segunda maior stablecoin subiu para cerca de US$ 52,8 bilhões, perto da máxima de março, em relação aos US$ 48 bilhões em 8 de maio, de acordo com dados do CoinGecko.
As stablecoins consideradas mais seguras são as centralizadas, ou lastreadas em moedas fiduciárias, destaca análise da Forbes. “Ainda assim, existem vários riscos, como de a empresa quebrar, de ter algum problema operacional, e de eles usarem o dinheiro para comprar ativos voláteis e não conseguirem manter a paridade de um para um, por exemplo”, explica Fabricio Tota, diretor do Mercado Bitcoin.
Outros destaques
O Julius Baer planeja oferecer assessoramento, negociação e investimento em criptomoedas para clientes de alta renda, com o objetivo de ser uma ponte entre “ativos digitais e o mundo fiduciário”, segundo comunicado. O banco suíço vê a atual turbulência no mercado global de criptomoedas como um momento decisivo para a classe de ativos, de acordo com a Bloomberg.
Enquanto uns avançam, outros recuam. Diante da recente volatilidade, o Commonwealth Bank, maior banco da Austrália, suspendeu as negociações em um aplicativo piloto de negociação de criptomoedas, de acordo com o The Guardian. O banco havia anunciado em novembro passado que iria gradualmente desenvolver a plataforma para colocá-la em pleno funcionamento ao longo de 2022.
A FTX decidiu entrar na negociação de ações para capturar um grupo maior de investidores em meio ao inverno cripto. Em comunicado, a exchange de criptomoedas disse que usuários selecionados poderão negociar centenas de ações e fundos de índice listados nos EUA sem taxas e usar stablecoins como a USD Coin para comprar os ativos, de acordo com a Bloomberg.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Entidades que representam o setor de criptoativos enviaram uma carta aberta aos deputados federais pedindo urgência na aprovação do projeto de lei que regula o mercado de ativos digitais no Brasil, segundo o Painel da Folha.
“Consideramos que um claro arcabouço regulatório é fundamental para a segurança jurídica, proporcionando um mercado saudável com melhores práticas que são necessárias para a efetiva proteção dos consumidores, investidores e da poupança popular”, diz a carta assinada pela Coalizão Empresarial da Criptoeconomia, que inclui a ABCripto, ABFintechs, Brasscom e Zetta.
Em Portugal, a ausência de legislação, combinada com custos de vida acessíveis e temperaturas amenas, atraiu um número crescente de nômades digitais e empresas de criptomoedas ao país nos últimos anos. Agora, o governo estuda cobrar impostos sobre ganhos com criptomoedas. O ministro das Finanças português, Fernando Medina, não estabeleceu um prazo.
“O cronograma será o mais breve possível, quando tivermos uma proposta consistente e após um amplo debate público”, disse na quinta-feira (19) a repórteres em Lisboa, garantindo que o país continuará sendo um destino competitivo.
No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários suspendeu ofertas públicas e captação de clientes pela Media Force Limited, empresa que vinha oferecendo serviços de negociação de derivativos de câmbio e divisas e de criptomoedas sem autorização da autarquia.
A CVM realiza a Análise de Impacto Regulatório (AIR) sobre a atuação de influenciadores digitais e deve divulgar uma resolução até meados de 2023, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão. “A atenção ao assunto de criptoativos e fraudes relacionadas pode acelerar o processo, mas não vejo possibilidade para este ano”, diz Jonathan Mazon, advogado sócio do Junqueira Ie Advogados.
Pesquisa da Toluna publicada pelo Valor Investe revelou que 48% dos participantes brasileiros não investem nessas moedas digitais por não “saberem o suficiente sobre o ativo”. O levantamento também mostrou que apenas 16% dos respondentes se disseram completamente familiarizados com o conceito de criptomoedas.
Alessio Evangelista, diretor associado da Rede de Repressão a Crimes Financeiros dos EUA (FinCEN), disse em conferência na quinta-feira que, “muitas vezes”, provedores de serviços cripto não atuam diante de carteiras “problemáticas” até o dia de uma menção ou acusação criminal por parte de autoridades do Tesouro, conforme o CoinDesk.
A Administração de Comércio Internacional do Departamento de Comércio dos EUA divulgou comunicado solicitando opiniões dos consumidores enquanto desenvolve um marco para aumentar a competitividade econômica americana e alavancar tecnologias de ativos digitais, de acordo com o Wall Street Journal.
Metaverso, Games e NFTs
Aumentam as parcerias entre empresas de criptomoedas e times de futebol. Na Série A do Campeonato Brasileiro, oito clubes já lançaram fan tokens, aponta o Estadão. O Corinthians, por exemplo, conta com o patrocínio do Mercado Bitcoin. Para Sylmara Multini, diretora-presidente da IDG (Internacional Digital Group), o mercado de criptoativos deve unir a experiência física à digital. A startup da Califórnia tem projetos a serem lançados nas áreas do entretenimento, esportes e música para os próximos meses.
Na liga de futebol dos EUA, a NFL, Alex Barrett, jogador do San Francisco 49ers, receberá 100% do salário em Bitcoin como parte de uma parceria do atleta com a Bitwage, uma empresa de pagamentos em criptomoedas.
E a Meta lançou o “Desafio RAP: Realidade Aumentada na Pele” com o objetivo de promover diversidade, equidade e inclusão no metaverso, de acordo com a Forbes. O programa será exclusivo no Brasil e propõe treinamento e premiação com foco na educação e desenvolvimento da comunidade negra no ecossistema de realidade aumentada no país.