Buscar no site

JPMorgan explora oferecer empréstimos com garantia em Bitcoin

O gigante de Wall Street pode permitir que clientes tomem empréstimos com garantia em criptoativos como Bitcoin e Ethereum já no próximo ano

logo do JP Morgan em prédio
Shutterstock

O JPMorgan Chase está supostamente avaliando a possibilidade de oferecer empréstimos diretamente garantidos pelas criptomoedas de seus clientes — uma potencial mudança de política no banco cujo CEO já classificou o Bitcoin como uma “fraude”.

O gigante de Wall Street pode começar a conceder empréstimos com garantia em ativos digitais, incluindo Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), já no próximo ano, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que falaram ao Financial Times.

A aceitação de empréstimos garantidos por criptoativos por parte do banco pode desencadear movimentos semelhantes em toda Wall Street, potencialmente liberando bilhões em novos mercados de crédito e estabelecendo as criptomoedas como garantias aceitáveis para empréstimos tradicionais.

Essa mudança de política pode representar uma reavaliação por parte do CEO Jamie Dimon, que em setembro de 2017 chamou o Bitcoin de uma “fraude” que “eventualmente explodiria”. Posteriormente, ele se arrependeu dessas declarações.

Em sua fala durante o Investor Day anual do banco em maio, Dimon afirmou que o JPMorgan começaria a permitir que clientes comprassem Bitcoin, embora tenha reforçado que ainda “não é fã” do ativo e voltou a repetir narrativas já conhecidas sobre seu uso em atividades ilícitas.

Pessoas próximas ao assunto disseram que as críticas anteriores de Dimon custaram ao banco potenciais clientes que construíram sua riqueza com criptoativos ou que acreditam nesses ativos digitais.

Como a maioria dos bancos dos Estados Unidos, o JPMorgan não pode manter criptoativos em seu balanço patrimonial, o que exige parcerias com custodiante terceirizados, como a Coinbase, para gerenciar colaterais tomados de mutuários inadimplentes, segundo Ganesh Mahidhar, profissional de investimentos da Further Ventures.

As regras bancárias de Basileia III impõem um fator de risco punitivo de 1.250% sobre a exposição a criptoativos, o que, na prática, exige que os bancos mantenham US$ 1 em capital para cada US$ 1 em empréstimos garantidos por cripto, explicou Mahidhar ao Decrypt.

No entanto, ele afirmou que a aceitação por parte do JPMorgan “também pode ser um indicativo de progresso” na evolução das diretrizes de Basileia III.

A aposta no Bitcoin

Mahidhar disse que o desempenho do Bitcoin justifica o interesse institucional.

“Se você comparar o índice de Sharpe do Bitcoin nos últimos quatro anos com o do S&P 500, o do Bitcoin foi superior, mostrando retornos ajustados ao risco melhores”, afirmou.

O índice de Sharpe mede o retorno de um investimento em relação ao seu risco, sendo que índices mais altos indicam melhor desempenho ajustado ao risco.

“A parte ajustada ao risco é o que torna isso interessante”, disse ele, dado que o histórico do Bitcoin agora é comparável ao da maioria das ações de grande capitalização, além de sua capitalização de mercado superar a de muitas dessas empresas.

Embora ainda sujeito a mudanças, o esforço ampliaria a presença do JPMorgan no setor cripto além dos produtos negociados em bolsa, alcançando os próprios ativos subjacentes.

Um porta-voz do JPMorgan confirmou recentemente ao Decrypt que o banco aceitará cotas de ETFs de cripto, como o iShares Bitcoin Trust da BlackRock, como garantia em empréstimos.

“ETFs são o primeiro passo para que instituições comecem a se aventurar em investimentos em cripto”, disse Krishnendu Chatterjee, CEO e cofundador da A2ZCryptoInvestment. “O próximo passo seria comprar e manter diretamente os criptoativos subjacentes, com custodiantes regulamentados.”

“Os bancos vão aproveitar a oportunidade de adquirir uma licença de custódia onde for possível, seja construindo a infraestrutura de carteiras do zero ou se associando a carteiras já existentes”, acrescentou.

Mudanças regulatórias recentes podem aliviar certas restrições, após o presidente Donald Trump sancionar na semana passada o GENIUS Act, que estabelece estruturas federais para emissão e negociação de stablecoins.

A legislação incentivou bancos que antes estavam hesitantes a se envolver com ativos digitais.

Separadamente, o JPMorgan expandiu o desenvolvimento de sua própria stablecoin, com Dimon afirmando no início deste mês que o banco estaria “envolvido tanto com a JPMorgan deposit coin quanto com stablecoins para compreendê-las e dominá-las”.

Enquanto isso, o concorrente Morgan Stanley está avaliando negociações com cripto por meio de sua plataforma E*Trade, enquanto Jane Fraser, CEO do Citigroup, confirmou que o banco está “explorando ativamente” uma stablecoin com marca Citi para pagamentos internacionais.

E nesta semana, o CEO da Western Union, Devin McGranahan, apontou para a mudança de sentimento, dizendo à Bloomberg na segunda-feira que sua empresa vê as stablecoins “realmente como uma oportunidade, e não uma ameaça” para pagamentos internacionais e conversão de moedas.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

  • No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!