No último fim de semana, Jack Dorsey, cofundador do Twitter e CEO da Block, tuitou duras críticas ao Ethereum, afirmando que a blockchain “possui muitos pontos de falha” e projetos ali desenvolvidos não são “interessantes” para ele.
Dorsey não é conhecido por sua timidez no Twitter. Na semana passada, ele criticou a Robinhood, um aplicativo de negociação, e Vladimir Tenev, seu CEO. Antes do Natal passado, ele entrou em uma thread sobre cripto da rapper Cardi B para atacar empresas de capital de risco que investem em Web 3.
Dorsey é um orgulhoso maximalista de bitcoin (BTC) e afirma “não levar em consideração” todas as outras criptomoedas.
Em junho de 2021, ele disse “não” quando alguém tuitou que seria “apenas uma questão de tempo” até que o CEO da Block investisse em ether (ETH). Um mês e meio depois, ele compartilhou, de forma não coincidente, um tuíte antiethereum — com uma captura de tela do usuário “notgrubles” chamando o Ethereum de “golpe”.
Ainda assim, as críticas de Dorsey à segunda maior criptomoeda do mundo continuavam obscuras — até o último fim de semana.
A briga entre Dorsey e Ethereum
Tudo começou com um tuíte de Vitalik Buterin, cocriador do Ethereum.
Buterin havia mencionado a recente aquisição de 9,2% da participação do Twitter por Elon Musk, CEO da Tesla — a qual diversas pessoas, incluindo Jackson Palmer, cocriador da dogecoin (DOGE), acreditam que poderia resultar em uma aquisição hostil de sociedade.
Buterin tuitou que, embora ele não se oponha ao princípio de Musk controlar o Twitter, ele teme que a iniciativa poderia abrir um precedente perigoso para pessoas e organizações menos liberais.
Don't oppose Elon running twitter (at least compared to status quo), but I do disagree with the more generalized enthusiasm for wealthy people/orgs hostile-takeovering social media firms. That could easily go *very* wrong (eg. imagine an ethically-challenged foreign gov doing it) https://t.co/LDqjXh3xCK
— vitalik.eth (@VitalikButerin) April 15, 2022
Dorsey respondeu “eu também” e acrescentou, em outro tuíte: “Eu não acredito que qualquer pessoa ou instituição deva controlar redes sociais ou, de forma mais geral, empresas de redes sociais. Deveriam ser um protocolo aberto e verificável. Tudo representa um avanço [nessa direção]”.
A essa altura, DeSo, a rede social movida a cripto anteriormente conhecida como “BitClout”, entrou na conversa para se autopromover:
Oi, Jack. Concordamos [com você] e temos uma visão parecida para o futuro das redes sociais. Estamos trabalhando no protocolo DeSo há anos e nos dedicamos a solucionar os problemas que atualmente observamos nas redes sociais e a centralização de dados.
Jack respondeu que se a DeSo é um protocolo desenvolvido no Ethereum, ele não tem interesse. Felizmente para a DeSo, seu protocolo é de primeira camada, desenvolvido do zero.
if you’re building on ETH you have at least one, if not many, single points of failure and therefore not interesting to me.
— jack⚡️ (@jack) April 19, 2022
O Twitter descentralizado de Jack Dorsey
Antes de deixar a liderança do Twitter em novembro de 2021, Dorsey queria criar um padrão descentralizado a ser seguido por plataformas de redes sociais.
Em 2019, ele havia fundado uma iniciativa chamada “Blue Sky”, liderada por Parag Agrawal, ex-diretor de tecnologia do Twitter, para alcançar esse objetivo.
Em agosto de 2021, Dorsey contratou Jay Graber, criador da rede social de eventos Happening, que assumiu o lugar de Agrawal como líder do projeto. Agrawal se tornou o CEO do Twitter após a saída de Dorsey.
Outros grandes nomes do setor cripto, como Justin Sun, CEO da Tron, e Sam Bankman-Fried, CEO da FTX, também deram suas sugestões sobre o futuro do Twitter.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.