O jornal The Wall Street Journal publicou no domingo (15) uma reportagem especial analisando o fato de o governo dos Estados Unidos ser uma das maiores baleias de Bitcoin do mundo, possuindo o equivalente a US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões) em reservas do ativo.
A reportagem ressaltou que os bitcoins são mantidos por várias entidades americanas, como a Receita Federal (IRS), em carteiras off-line, que também são chamadas de ‘carteiras frias’ (cold wallets, em inglês).
O motivo do governo americano ter tanto Bitcoin é simples: são anos apreendendo fundos ilícitos de criminosos. Oficialmente são 200 mil bitcoins em posse do governo, mas o jornal afirma que o tamanho do estoque total é provavelmente muito maior.
O fato de o governo dos EUA ser uma das maiores baleias de BTC do mundo não é novidade para quem acompanha o noticiário cripto. Mas o jornal explora um lado menos conhecido: a longa espera que a autoridades tem que enfrentar para poder liquidar os bitcoins em dólares.
Lenta conversão dos Bitcoins em dólares
De acordo com o jornal, os EUA têm sido notoriamente lentos na conversão do seu estoque de bitcoins em dólares. O fundo seria mais um subproduto de longos processos legais do que uma reserva com planejamento estratégico.
“Não jogamos no mercado. Basicamente, somos guiados pelo tempo do nosso processo”, disse à reportagem Jarod Koopman, diretor executivo da seção de serviços cibernéticos e forenses do IRS. Koopman se refere ao recebimento da ordem final da justiça para liquidar os fundos, o que pode levar anos.
“Quando uma agência governamental assume o controle de um ativo cripto, o Tio Sam não possui imediatamente esse ativo. Somente depois que um tribunal emite uma ordem final de confisco é que o governo assume a propriedade e transfere os tokens para o US Marshals Service, a principal agência encarregada de liquidar os ativos apreendidos”, explica o WSJ.
Em outras palavras, enquanto o caso estiver pendente, o governo mantém o bitcoin como prova ou produto do crime apenas.
“O governo geralmente age muito lentamente para se desfazer desses ativos porque precisa fazer muita diligência, os casos costumam ser complicados e há muita burocracia”, comentou o professor de computação Nicolas Christin da Universidade americana Carnegie Mellon.
Contudo, em alguns casos, isso funcionou a favor do governo porque o valor da criptomoeda se valorizou enormemente.
O comentário pode estar relacionado com uma ação do governo americano março deste ano, quando deu início a uma série de vendas de Bitcoin apreendidos do Silk Road. Na ocasião, o governo do Tio Sam realizou o despejo de 9.861 BTCs no mercado, uma venda que representou cerca de R$ 1,4 bilhão na cotação da época.
Leilão de Bitcoin
O jornal ressaltou que o processo de liquidação do Marshals Service evoluiu junto com a indústria das criptomoedas, relembrando sobre os leilões passados, onde o maior destaque até os dias atuais fica em torno da grande tacada do capitalista de risco Tim Draper.
Em 2014, quando 1 BTC valia cerca de US$ 600, Draper arrematou 30.000 bitcoins do governo, hoje avaliados em US$ 845 milhões.
Vale lembrar que os EUA já leiloaram bitcoins em pequenas licitações, com uma que ocorreu em 2021. Na época, a Administração de Serviços Gerais dos Estados Unidos leiloou 0.7501 Bitcoin, arrecadando mais de US$ 53 mil com a venda.
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