Um dos diretores da Secretaria do Tesouro dos EUA disse na sexta-feira (10) que a instituição está colocando como prioridade regulamentações para acabar com o anonimato sobre a posse de carteiras de criptomoedas não custodiadas por entidades centralizadas e identificadas, que permitem aos usuários realizar a autocustódia — um dos pilares centrais da comunidade cripto.
Durante o evento Consensus 2022, Wally Adeyemo afirmou que as carteiras desse tipo representam riscos por, devido ao anonimato, permitir a movimentação de fundos de natureza ilegal.
A fala de Adeyemo foi dentro de um contexto no qual abordava a “Travel Rule”. Trata-se de uma norma do governo dos Estados Unidos de que uma instituição financeira repasse informações sobre um cliente ou transação para outra entidade que está envolvida no negócio, com o objetivo de evitar fraudes fiscais ou envolvimento de grupos criminosos.
O membro do governo do EUA disse que o Tesouro está tentando fazer um balanço para garantir que as inovações nos meios de pagamento não sejam sufocadas, mas que também não permitam que as regras sejam burladas.
Em seguida Adeyemo falou: “Estamos trabalhando para resolver os singulares riscos representados pela wallets não custodiais. Pelo fato de carteiras não custodiais serem apenas endereços na blockchain, pode ser difícil determinar quem realmente possui e controla. Isso cria oportunidades para abusar desse alto nível de anonimato”.
Ele ressaltou que as instituições financeiras “fundamentalmente” precisam saber com quem estão transacionando para se certificarem que não estão pagando criminosos ou entidades contra as quais tenham sido determinadas sanções – como o caso da Rússia após a invasão da Ucrânia.
“Quando se trata de wallets não custodiais, estamos trabalhando para fornecer informações que permitam que se seja evitado a facilitação de pagamentos ilícitos”, afirmou o executivo.
O discurso de Adeyemo foi publicado na íntegra no site do Tesouro dos Estados Unidos.
O Consensus 2022 foi um evento organizado pelo portal Coindesk que ocorreu na cidade de Austin, estado do Texas nos Etsados Unidos, entre quinta-feira (9) e domingo (12).
Wallets não custodiais
Wallets (carteiras) não custodiais são aquelas nas quais apenas o usuário têm a senha criptográfica que dá acesso ao endereço na blockchain de forma direta. Dessa forma, ele pode acessar seus fundos de diferentes softwares e plataformas, realizando a autocustódia de seus ativos cripto. Porém, caso a senha seja perdida, não há como acessar os fundos.
Essas carteiras podem ser cold wallets (hardwares que contém a senha e não estão conectados à internet, como Trezor e Ledger), hot wallets (aplicativos de celular que com a senha criptográfica conectam a pessoa à blockchain, como MetaMask, Mycelium e Trust Wallet) e softwares para notebooks e desktops (um exemplo é a Electra).
Wallets custodiais
Já as wallets custodiais são em sua grande maioria contas que as pessoas mantém nas corretoras de criptomoedas. Nestes casos a pessoa não possui de fato as criptomoedas, mas um atestado da empresa de que ela tem direito a reclamar aqueles determinados ativos.
Em caso de perda de senha, o investidortem meios de provar que é dona da conta e reaver os ativos.
Mas em um caso extremo, no qual a corretora é hackeada ou vai à falência, os clientes podem perder seus criptoativos no processo.
