jogadores de costas tocam os punhos
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Os jogos que recompensam o tempo dos jogadores com criptomoedas parecem finalmente estar fazendo seu retorno, dois anos após a modalidade play-to-earn (jogue para ganhar) entrar em uma fase de estagnação com hacks e colapsos na economia de jogos populares, como o Axie Infinity.

A volta dessa tendência foi identificada pelo The New York Times, um dos maiores jornais do mundo, que publicou na semana passada uma reportagem centrada nos cibercafés (lan houses) filipinos que têm ficado lotados de jogadores atrás de criptomoedas.

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Um desses espaços visitados pelo jornal foi um cibercafé recém-inaugurado que suporta cerca de 20 jogadores e estava lotado. O local, chamado Joniel Bon, fica na cidade de Quezon, a 16 quilômetros de Manila, capital das Filipinas.

Por lá, os jogos que atualmente parecem mais atrair a atenção são, por exemplo, Heroes of Mavia — que recentemente distribuiu moedas gratis a 100 mil usuários —, Nifty Island, que os jogadores vêm acumulando pontos para trocá-los em um possível airdrop futuro, e PIXEL, que possui mais de 500 mil jogadores ativos diários.

Segundo o jornal, se dedicar a estes jogos em horário integral nas Filipinas pode render cerca de duas vezes o salário mínimo do país, de US$ 11 por dia.

E não são apenas os jogadores que lucram com isso. Bon, de 40 anos, sonhava em criar seu próprio cibercafé e proporcionar esse tipo de atividade coletiva antes de as criptomoedas derreterem há cerca de dois anos. Mas ele enfrentou a crise, conforme contou ao jornal americano.

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“Houve um ponto em que eu tive que dizer: ‘Eu acredito nisso’. Eu tinha que ter esperança. Nós sobrevivemos”, disse o ex-trabalhador de tecnologia da informação. 

O retorno dos jogos cripto

O negócio de Bon é um sinal de como as criptomoedas começaram a crescer novamente nas Filipinas, país que foi o ponto de partida da febre dos jogos cripto anos atrás. Cerca de 30% dos jogadores play-to-earn do mundo estão baseados nas Filipinas, segundo a Chainalysis.

O frenesi, contudo, despertou as autoridades locais, com a Comissão de Valores Mobiliários das Filipinas (SEC, que disse que o governo estava lutando para descobrir como regular a tecnologia à medida que ela recuperava sua popularidade.

“Queremos um espaço seguro para operar bem. Como você pode operar bem se a própria indústria, se o próprio espaço, parece indisciplinado, pesado, ilegal?”, disse Kelvin Lee, ex-comissário da SEC. Ele, no entanto, reconhece que uma indústria de criptomoedas robusta poderia ajudar as Filipinas, que dependem fortemente de empregos terceirizados de atendimento ao cliente e de tecnologia da informação.

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Criptomoedas nas Filipinas

As criptomoedas tornaram-se especialmente populares nas Filipinas durante a pandemia de covid-19. Na época, as pessoas começaram a jogar videogame para ganhar tokens AXS, da Axie Infinity, que passaram a ser aceitas em comércios locais.

Embora mais de 40% da população do país não tenha uma conta bancária, a maioria das famílias filipinas tem acesso à Internet, o que permitiu que as criptos  se espalhassem pelas áreas rurais.

No entanto, quando veio o mercado de baixa das criptomoedas, milhares de filipinos perderam essa fonte de renda que vinha dos jogos cripto.

Outro ponto são os golpes que duplicaram na época no mundo todo, atingindo também os usuários de cripto das Filipinas, sendo os mais afetados aqueles que deixaram suas atividades — muitas delas rurais — para criar e participar de guildas de jogos cripto.

Embora as criptomoedas tenham caído como uma luva para muitos filipinos, alguns disseram que não se importariam em buscar outras oportunidades se a indústria falhasse novamente.

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