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Ethereum completa 10 anos com o desafio de se reinventar para liderar a próxima década

Ao criar os contratos inteligentes, o Ethereum revolucionou o setor. Hoje, precisa se reinventar para manter sua relevância diante da concorrência

logo do ethereum no espaço
Shutterstock

O Ethereum completa nesta quarta-feira (30) a histórica marca de dez anos de existência, com números impressionantes: cotação de US$ 3,7 mil, capitalização de mercado de US$ 454 bilhões, 13 mil nós ativos e um milhão de validadores. Mais do que isso, consolida sua posição como a segunda blockchain mais relevante do mercado — atrás apenas do Bitcoin.

Foi no dia 30 de julho de 2015 que a primeira versão do projeto, chamada Frontier, entrou no ar, com o começo da atividade de mineração, validação de transações e criação de blocos.

Com uma grande sombra chamada Solana pairando sob ele, o projeto de Vitalik Buterin agora olha para sua próxima década com o desafio de permanecer no topo da indústria cripto. 

Entender como o Ethereum chegou ao topo pode ser o caminho para continuar lá. Diante de todas as inovações apresentadas pela rede, os especialistas são unânimes em apontar a introdução dos contratos inteligentes como a grande revolução. 

“É como inserir um computador dentro da blockchain — o que viabiliza a inclusão de códigos que podem ser executados de forma descentralizada e segura”, afirma Rony Szuster, head de research do MB

Um ponto que veio como consequência dos contratos inteligentes foi a possibilidade de criação de tokens padronizados, dos quais os mais famosos são o ERC-20 e o ERC-721 (o primeiro para tokens fungíveis e o segundo para NFTs). 

“Isso é muito interessante, porque quando se cria aplicações descentralizadas, a ideia é que interajam entre si. Quando se cria um padrão de token que todas essas aplicações usam, automaticamente é criada uma interoperabilidade entre essas aplicações. Isso foi uma revolução gigante do Ethereum”, afirma Szuster.

João Canhada, fundador da corretora Foxbit, define a contribuição do Ethereum nos primeiros dez anos de uma forma ainda mais abrangente: “Ethereum expandiu o que a gente entendia por cripto. O Bitcoin mostrou que dá pra ter dinheiro digital sem banco. O Ethereum mostrou que dá pra ter qualquer tipo de aplicação sem intermediário — contratos, jogos, finanças, arte, memes, tudo.”

O executivo afirma que o maior impacto do Ethereum foi “provar que blockchain não é só moeda — é uma infraestrutura nova para internet e para o mercado financeiro”.

A próxima década do Ethereum

Agora, sobre a próxima década, os maiores custos para transação na rede  e o maior tempo para validação de blocos em comparação com a Solana faz surgir uma dúvida se em 2035 o projeto estará comemorando outros dez anos de sucesso ou saudoso de um passado que já não é mais realidade.

“Se conseguir escalar via rollups e melhorar a experiência do usuário, pode continuar sendo o ‘sistema operacional’ para aplicativos sérios e institucionais. Se não, pode virar uma rede mais nichada — focada em quem realmente precisa de descentralização forte”, diz Canhada.

O executivo finaliza ressaltando que não é impossível que a blockchain vire mais um artigo de nicho do que uma plataforma usada de fato pelas massas: “Nos próximos 10 anos, ou o Ethereum continua sendo a base da nova economia digital, ou vira o novo Linux: essencial, mas invisível para o usuário final”.

Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset Management, aponta que a maior contribuição da rede Ethereum na próxima década será, com a anuência dos reguladores, “atualizar o sistema financeiro global, reduzindo custos de transação e tornando as operações mais eficientes”.

Na visão de Fleury, trata-se de um dilema da produtividade: “Um mundo com uma população envelhecida, demanda um aumento de produtividade para manter o mesmo nível de riqueza.”

André Franco, analista da Boost Research, é taxativo ao dizer que “contratos inteligentes vão ser algo onipresente nas nossas vidas”. Sobre o futuro do Ethereum, pondera que a rede “vai ser desafiada no meio do caminho por outros protocolos”, um desafio que faz sentido dada a velocidade atual de execução da blockchain e a fragmentação da liquidez. Porém, lembra: “A briga está em aberto.” 

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