Documentos revelados pelo The Wall Street Journal nesta quarta-feira (29) mostram que a derretida empresa Celsius – que caminha para a terceira semana de bloqueio nos saques dos clientes – tinha em 2021 o dobro de alavancagem de que bancos tradicionais dos EUA possuem normalmente, o que aumentava o risco do negócio. Além disso, a companhia tinha projeções ambiciosas: previa que os depósitos em sua plataforma chegariam a US$ 108 bilhões em 2023.
A empresa de empréstimos de criptomoedas Celsius travou os saques no dia 13 de junho. Mais recentemente passou a enfrentar os próprios advogados para evitar pedir falência na Justiça dos EUA.
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A reportagem do WSJ aponta que a empresa tinha US$ 19 bilhões em ativos e US$ 1 bilhão em equity (termo que designa o tanto de dinheiro que os donos de uma empresa teriam se todos os ativos fossem liquidados e as dívidas pagas). A média dos bancos que fazem parte do Índice S&P 500 é de uma proporção de 9 para 1 – ou seja, menos da metade do que a Celsius apresentava.
Essa taxa de relação entre ativos e equity é observada pelo mercado para identificar o grau de riscos das operações. O economista Eric Budish disse em entrevista ao jornal que a da Celsius era arriscada: “Parece para mim diversificada do mesmo modo que eram os protfólios de hipotecas em 2006. Era tudo setor imobiliário de casas. Agora é tudo cripto”.
Ainda de acordo com o Wall Street Journal, Celsius projetava atrair US$ 108 bilhões em 2023 e previa uma receita de US$ 6,6 bilhões para o mesmo ano.
Celsius pediu paciência
Celsius publicou uma nota em seu blog pedindo paciência para os clientes. “Esse processo levará tempo”, afirmou a empresa, que garantiu que seu objetivo continua sendo “estabilizar a liquidez e operações”.
A Celsius alegou que estava “um diálogo aberto com reguladores e autoridades” e que visa “encontrar uma solução” para o atual problema que enfrenta.
Enquanto isso, BnkToTheFuture, a principal investidora da Celsius, ofereceu ajudar a empresa ao implementar uma “inovação financeira”, similar à que utilizou para salvar a corretora cripto Bitfinex.
Outras empresas que enfrentam situações similares também estão recorrendo ao apoio de parceiros. A credora cripto BlockFi garantiu uma linha de crédito rotativo de US$ 250 milhões com a corretora FTX de Sam Bankman-Fried.
Há algumas semanas , ele disse que sua companhia possui uma “responsabilidade” de socorrer empresas que enfrentam dificuldades durante esse implacável mercado de baixa. Além da BlockFi, a FTX também socorreu recentemente uma operadora cripto da Voyager Digital.