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Elon Musk diz que chip da Neuralink foi implantado pela 1ª vez em um ser humano

Imagem da matéria: Elon Musk diz que chip da Neuralink foi implantado pela 1ª vez em um ser humano

Um chip de computador desenvolvido pela Neuralink foi implantado em sua primeira cobaia humana, de acordo com o cofundador e proprietário da empresa, Elon Musk, o que representa um marco no campo de ponta da pesquisa de Interface Cérebro-Computador (BCI, na sigla em inglês).

“O primeiro humano recebeu um implante da Neuralink ontem e está se recuperando bem”, anunciou Musk no X na segunda-feira (29). “Os resultados iniciais mostram uma detecção promissora de picos de neurônios”.

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O objetivo da primeira incursão da Neuralink na BCI é conseguir decodificar os sinais de movimento pretendidos da atividade cerebral para controlar dispositivos externos, como computadores. A partir daí, Musk também expôs a visão do primeiro produto da empresa: a telepatia.

“Ela permite o controle do seu telefone ou computador e, por meio deles, de quase todos os dispositivos, bastando pensar”, ele publicou. “Os usuários iniciais serão aqueles que perderam o uso de seus membros… imagine se Stephen Hawking pudesse se comunicar mais rápido do que um digitador avançado ou um leiloeiro. Esse é o objetivo.”

A empresa com sede na Califórnia, fundada em 2016, recebeu o sinal verde dos reguladores federais da Food and Drug Administration em setembro para iniciar testes em humanos, e a Neuralink fez uma chamada aberta para voluntários para seu estudo PRIME, o acrônimo misto que significa “Precise Robotically Implanted Brain-Computer Interface”.

No entanto, o burburinho sobre o progresso da empresa foi um pouco atenuado em novembro, quando um relatório da Reuters detalhou os resultados dolorosos e às vezes grotescos de seus testes em animais.

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O grupo de voluntários

Embora não tenham sido disponibilizados mais detalhes sobre o procedimento de domingo (28) ou sobre o assunto — o blog da empresa Neuralink foi atualizado pela última vez há quase cinco meses — o material de recrutamento da Neuralink descreve alguns dos requisitos de participação em seus testes em humanos.

“Estamos procurando pessoas com quadriplegia (função limitada nos quatro membros) devido a lesão da medula espinhal ou esclerose lateral amiotrófica (ELA) e que tenham pelo menos um ano de pós-lesão (sem melhora)”, explicou a empresa em um folheto publicado on-line. Os participantes também devem ter pelo menos 22 anos de idade e ter um “cuidador consistente e confiável”. 

O compromisso de tempo inclui nove visitas — algumas em uma clínica, outras em casa — ao longo de 18 meses, bem como “sessões de pesquisa” duas vezes por semana, com duração de uma hora.

Mesmo após a conclusão do estudo primário, a Neuralink espera que os participantes trabalhem com eles por mais cinco anos e outras 20 visitas.

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A tecnologia

O estudo é um teste de vários componentes, incluindo o próprio implante de BCI — chamado de N1 — bem como o robô que “colocará cirurgicamente o implante N1 em uma região do cérebro que controla a intenção de movimento”.

O N1 tem 1.024 eletrodos distribuídos em 64 fios, “cada um mais fino que um fio de cabelo humano”, diz a Neuralink, que registra e transmite a atividade neural para um aplicativo móvel com o objetivo de permitir que os pacientes controlem um computador com seus pensamentos.

A Neuralink afirma que o implante é “cosmeticamente invisível”.

A polêmica

Várias instituições de pesquisa e empresas privadas estão desenvolvendo a tecnologia de BCI. Poucos deles, entretanto, envolvem implantes cirúrgicos.

Um grupo de direitos dos animais, o Physicians Committee for Responsible Medicine (PCRM), há muito tempo condena a abordagem da Neuralink.

“Dispositivos implantados como os da Neuralink apresentam uma infinidade de problemas, incluindo a dificuldade de reparo e o alto potencial de complicações médicas graves nos pacientes”, afirmou o grupo, alegando que a empresa violou a Lei Federal de Bem-Estar Animal, mas recebeu “um passe livre da agência responsável pela aplicação da lei”.

Quando as imagens dos animais de teste da Neuralink foram divulgadas em novembro, o PCRM disse que a empresa estava “mutilando e matando macacos”, citando “infecções crônicas, paralisia, convulsões e morte”. O grupo pediu que a Neuralink interrompesse seus experimentos com animais e, em vez disso, se concentrasse no aprimoramento de interfaces cérebro-máquina não invasivas.

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“As interfaces não invasivas [cérebro-máquina] podem permitir o monitoramento sem riscos da atividade neuronal em larga escala em todo o cérebro”, pois usam um eletroencefalograma (EEG), disse o grupo, acrescentando que, além de ajudar no movimento e na movimentação, elas já podem “permitir que as pessoas se comuniquem diretamente usando um computador”.

No último outono, os cientistas conseguiram reproduzir a música que um indivíduo estava pensando usando eletrodos na superfície da pele.

Entretanto, a abordagem cirúrgica da Neuralink não é única.

Implantes neurais ajudaram um homem paralisado de Nova York a mover os braços e sentir o toque físico no meio de 2023.

A Motif Neurotech, sediada em Houston, que na semana passada anunciou uma rodada de captação de recursos de Série A no valor de US$ 18,7 milhões, está desenvolvendo um hardware terapêutico sem fio “minimamente invasivo” para a saúde mental.

O rápido avanço da Neuralink para testes em humanos “valida o interesse e a demanda por neurotecnologia”, disse Jacob Robinson, CEO da Motif Neurotech, ao Wall Street Journal.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.