Imagem da matéria: Economista argentino critica fala do presidente sobre criptomoedas e inflação
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O economista e escritor argentino, Juan Carlos de Pablo, fez duras críticas ao bitcoin no último domingo (15) em entrevista ao La Nación, após comentários recentes do presidente Alberto Fernández acerca das criptomoedas. Enquanto que para um as criptos podem ajudar no controle da inflação, para o outro elas são insanamente voláteis.

Economista renomado e autor de vários livros de política econômica, Pablo descreveu o bitcoin desta forma: “Algo que flutua, que um dia vale US$ 3 mil, depois US$ 20 mil, depois US$ 30, depois 40 … e ainda por cima você começa a investigar um pouco e eles falam dos mineradores”. Para o presidente Fernández, no entanto, “a vantagem das criptomoedas é que o efeito inflacionário é anulado”, disse ele durante uma entrevista ao programa online, Caja Negra.

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Além de Pablo sugerir que o mercado de criptomoedas é algo muito louco, desta vez, em uma afronta direta à fala do presidente, ele disse que o governo não deve fazer tais experimentos. Isso porque Fernandez disse na semana passada que criptomoedas poderiam ajudar no controle da inflação argentina, e que o tema é discutido no mundo todo. “O bitcoin não garante a demanda”, ressaltou Pablo.

Ele também afirmou jamais endossaria alguma criptomoeda. “Se eu tivesse um milésimo de meu selo financeiro em uma criptomoeda, não dormiria esta noite”.

O La Nación ressaltou também que Pablo não é o primeiro economista a rejeitar a ideia do presidente Fernández. Os economistas Martín Tetaz e Martín Lousteau também foram duros e irônicos com o líder argentino. “É uma ilusão”, disse Tetaz, segundo o jornal. 

Inflação na Argentina

De fato, na semana passada, Fernández idealizou como seria usar as criptomoedas como medida para conter a inflação, mas que, contudo, seria preciso de alguma forma regulá-las por conta da insegurança proveniente de golpes. E ele não escondeu sua falta de conhecimento no setor, alegando até mesmo que não entende como um bitcoin se “materializa”, ou seja, ganha valor de mercado.

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Pablo vem batendo constantemente no governo da Argentina justamente por conta dos problemas estruturais do país diante do enfrentamento da inflação, do dólar, dos impostos e dos salários. No mês passado, por exemplo, ele disse que o Estado era gigantesco, mas tosco, se referindo à gestão de Fernández, que enfrenta uma inflação na Argentina de mais de 50% — acumulados nos últimos 12 meses.