Embora o número de atividades ilícitas tenha caído no mercado de criptomoedas, ele aumentou drasticamente nos protocolos de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na abreviatura em inglês).
De US$ 1,7 bilhão em criptomoedas roubadas em 2022, 97% veio de protocolos DeFi, segundo um novo relatório da empresa de análise em blockchain Chainalysis divulgado nesta quinta-feira (12).
Essa estatística foi gerada em boa parte por dois grandes ataques deste ano: o roubo de US$ 622 milhões à bridge Ronin no fim de março e o de US$ 320 milhões à Wormhole em fevereiro.
É a continuação de uma tendência que a Chainalysis havia notado em 2021, à medida que ataques a protocolos DeFi começaram a aumentar ao longo do ano.
Lavagem em alta
O aumento nos roubos também é acompanhado de um aumento na lavagem de dinheiro.
Protocolos DeFi são o destino de 69% dos fundos enviados de endereços de carteira relacionados a atividades criminosas até agora em 2022 — uma alta de 19% em comparação a 2021.
“Um motivo para isso é que protocolos DeFi permitem que usuários negociem um tipo de criptomoeda por outro, o que complica o rastreio do movimento de fundos”, afirma a Chainalysis no relatório.
“Mas diferente de serviços centralizados, muitos protocolos DeFi permitem isso sem registrar informações de KYC de usuários”, algo que a empresa argumenta que os torna “atrativos a criminosos”.
KYC, ou “know your customer”, refere-se às informações pessoais que instituições financeiras tradicionais e grande parte dos serviços centralizados cripto coletam de clientes, com o objetivo de eliminar transações ilícitas e atividades criminais.
Governos em todo o mundo tentam intervir e por um bom motivo: Hackers norte-coreanos já tiveram seu melhor ano em 2022, tendo roubado mais de US$ 840 milhões de protocolos DeFi, segundo a Chainalysis.
Na semana passada, o Departamento do Tesouro dos EUA (ou DOJ) acrescentou o serviço de “mixing” Blender.io, usado por hackers norte-coreanos do grupo Lazarus, à sua lista de sanções. Segundo o Tesouro, cerca de US$ 21 milhões dos US$ 622 milhões roubados no hack à Ronin já foram processados pela Blender.
“Mixers de moedas virtuais que auxiliam transações ilícitas apresentam uma ameaça aos interesses de segurança nacional dos EUA”, afirmou Brian E. Nelson, subsecretário da divisão de combate ao terrorismo e inteligência do Tesouro Americano, em um comunicado de imprensa.
“Estamos agindo [para combater] atividades financeiras ilícitas pela DPRK [República Popular Democrática da Coreia] e não iremos permitir que roubos financiados por estados e seus facilitadores de lavagem de dinheiro fiquem impunes.”
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.