A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou, por unanimidade, a empresa Bluebenx a mais de R$ 35 milhões de multa por fraude e oferta ilegal de ativos. A companhia está na mira do regulador do mercado brasileiro por operar uma suposta pirâmide financeira que usava criptomoedas como isca desde 2019.
Na sentença, a CVM definiu uma multa de R$ 26 milhões por operação fraudulenta e outros R$ 9.265.354,92 por realização de oferta pública de distribuição de valores mobiliários, sem o devido registro na comissão.
Além disso, os sócios Roberto Jesus Cardassi e William Tadeu Batista Silva foram condenados a multas de R$ 2.316.338,73 cada um, além de proibição temporária de 78 meses (6 anos e 6 meses) de atuação, direta ou indiretamente, no mercado de valores mobiliários brasileiro.
Os acusados ainda podem apresentar recurso ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional. Renato Sanchez Gonzalez Junior e de André Massao Onomura, por sua vez, foram absolvidos pelo colegiado da CVM.
Como foi o julgamento
O julgamento do processo teve início no dia 20 de maio, mas foi suspenso após o diretor João Accioly pedir vista. Antes disso, o relator do processo, diretor Otto Lobo, apresentou voto favorável à condenação da Bluebenx, propondo uma multa no valor total de R$ 18 milhões, além de multas para Cardassi e Silva, de R$ 4 milhões e R$ 2,3 milhões, respectivamente.
Retomado o julgamento no dia 5 de agosto, o Accioly votou acompanhando as conclusões apontadas pelo relator. Porém, ele divergiu da fundamentação apresentada e, também, do tamanho das penas propostas. Com isso, ele propôs os valores e tempos de proibição que acabaram sendo as decisões finais.
Em seguida, a Diretora Marina Copola apresentou sua manifestação de voto e acompanhou todas as conclusões de Accioly. Diante disso, Otto Lobo decidiu rever sua decisão e passou a acompanhar os colegas, tornando assim a decisão unânime.
O caso da Bluebenx
A Bluebenx foi fundada em 2017 e atraiu milhares de investidores. Dois anos depois, a empresa entrou na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que entrou com processo por avaliar sua operação como uma oferta irregular de investimentos.
Em 2022, quando suspendeu os saques, a Bluebenx justificou a interrupção dos pagamentos alegando ter sido vítima de um ataque hacker “extremamente agressivo”. Porém, um tempo depois ela mudou a narrativa alegando ter sido vítima de um golpe de falsa listagem.
O então advogado da companhia, Assuramaya Kuthumi, afirmou na época que a empresa havia perdido R$ 160 milhões no incidente. Evidências on-chain, no entanto, localizaram uma perda de apenas R$ 1,1 milhão em tokens que a Bluebenx supostamente perdeu ao cair em um esquema de falsa listagem, transferidos posteriormente para a corretora Binance, segundo apuração do Portal do Bitcoin na época.
Detido em Portugal ano passado e deportado para o Brasil, Cardassi passou cerca de três meses preso e foi solto no dia 15 de maio de 2025. William Tadeu estaria desaparecido, mas uma defesa apresentada recentemente mostrou que ele estaria na Flórida, Estados Unidos, no que alegou ser uma medida de proteção, por conta de ameaças contra sua vida, e não de fuga do país.
Cardassi foi convocado para falar na CPI das Pirâmides Financeiras na condição de testemunha, mas não compareceu por estar foragido na ocasião. Em seu relatório final, a CPI recomendou que o Ministério Público fosse atrás de Roberto Cardassi para apurar sua conduta na Bluebenx e, se necessário, propor uma ação penal.
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