Imagem da matéria: Bitcoin SV sofre ataque e corretoras suspendem saques e depósitos da moeda
Foto: Shutterstock

As corretoras Huobi, Bitfinex, KuCoin e Hotbit suspenderam sem aviso prévio saques e depósitos de Bitcoin SV (BSV) de suas plataformas, depois que o ecossistema da criptomoeda se tornou alvo de hackers nos últimos dias.

Apesar da compra e venda de tokens BSV nas quatro exchanges ainda estar funcionando normalmente, dois usuários consultados pelo Portal do Bitcoin na terça-feira (13) confirmaram que não ser possível sacar a criptomoeda nessas plataformas.

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Com reflexo dessas medidas, o volume de negociações do criptoativo sofreu uma queda brusca de 54% na terça, segundo dados do CoinMarketCap

O caso ganhou mais atenção da comunidade ontem quando mais uma exchange, dessa vez a Gravity, interrompeu todas as negociações de Bitcoin SV depois que seus provedores de liquidez decidiram suspender o acesso à moeda para garantir a segurança da rede e de seus ativos.

A equipe da Houbi — a exchange responsável pelo maior volume de negociações de Bitcoin SV — confirmou ao jornalista Colin Wu na sexta-feira (9) que os saques foram interrompidos devido às instabilidades no hashrate do BSV, ou seja, o seu poder de mineração.

A mensagem cita que a medida visa dificultar a atuação de possíveis atores mal-intencionados que poderiam estar se preparando para um ataque de gasto duplo, uma ofensiva na qual o usuário é capaz de gastar mais de uma vez a mesma criptomoeda.

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O que está acontecendo com o Bitcoin SV?

Surgiram alguns boatos na comunidade que a Bitcoin SV tinha sofrido um ataque de 51% na semana passada. No entanto, a Bitcoin Association, uma organização da Suíça responsável pelo projeto do BSV, não confirmou o ataque.

Apesar disso, a associação admitiu em uma nota de quinta-feira (8) que a rede foi alvo de hackers, sem dar detalhes sobre a gravidade da ofensiva. 

“Um agente malicioso recentemente realizou ataques de reorganização de blocos na rede Bitcoin SV, que parecem ser atos intencionais em um esforço para mascarar um ilegal gasto duplo de moedas”.

A nota afirma que um dos endereços de onde partiu o ataque, já estava associado a casos de ransomware e outras tentativas de ataques à rede do Bitcoin e Bitcoin Cash no passado.

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A entidade aconselhou as corretoras de criptomoedas que congelassem qualquer tentativa de depósito dos endereços associado à atividade ilegal.

As exchanges, no entanto, parecem ter tomado uma medida mais drástica e bloqueado essas operações para todos os usuários da moeda. A associação já indicava na nota que isso poderia acontecer: “Algumas corretoras podem optar por tomar medidas de proteção adicionais a seu critério”.

O declínio

O Bitcoin SV surgiu em 2017 através de um hard fork do Bitcoin Cash (BCH) — que por sua vez é um hard fork do bitcoin original —, criado por Craig Wright, um sujeito que afirma ser o Satoshi Nakamoto.

As polêmicas que o empresário volta e meia protagoniza no meio cripto impactam diretamente na moeda que, com o passar dos anos, foi removida de diversas corretoras como represália a atitudes de Wright.

Além da credibilidade muito baixa que o criptoativo tem no mercado por conta de seus criadores, o seu ecossistema também vem diminuindo. Cotada nesta terça a US$ 132, a BSV é uma das poucas criptomoedas do top 100 que acumula uma desvalorização de 18% no ano.

O trader brasileiro Paulo Sousa que confirmou para a reportagem que o saque da BSV estava suspenso nas corretoras, era um apoiador do projeto desde a sua criação mas que com o tempo, acabou desistindo.

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“Eu tinha me aprofundado bastante nela, tinha ótimos conceitos. Mas quando comecei a ir mais a fundo no projeto e a conhecer a comunidade toda, como pensam, quem são, eu fui deixando de lado pela comunidade tóxica e essas loucuras do Craig Wright”, explicou Sousa.

Muitos mineradores também abandonaram o projeto nos últimos tempos, provocando uma queda anual de 81% no hashrate do Bitcoin SV, de acordo com o BitInfoCharts.

Quanto menor o hashrate de uma rede, mais vulnerável ela se torna a ataques de 51% em que um único grupo consegue tomar o controle da blockchain e fraudar as transações para o seu benefício próprio.

Além disso, a descentralização da rede do Bitcoin SV já é questionável há algum tempo, uma vez que a Taal Technologies, uma empresa listada na bolsa de valores do Canadá, controla atualmente 77% de todo hashrate da criptomoeda, segundo dados do agregador Coin Dance.

A empresa Taal Technologies é responsável por 77% do hashrate do Bitcoin SV. Fonte: (Coin Dance)