O banco digital Linker bloqueou a conta de um p2p (peer-to-peer) de criptomoedas e se recusa a descongelar o saldo, mesmo com a apresentação das notas fiscais que o profissional gerou para a Receita Federal.
O caso envolve Michel Lopes Del Sent, que atua no mercado p2p desde 2015. Nesta prática, a compra de criptomoedas acontece sem passar por intermédio de uma corretora: o negociante recebe o dinheiro, compra os tokens e os envia para a carteira do cliente de forma direta.
Del Sent abriu a conta no dia 2 de setembro no Linker e dias depois entrou em contato no chat para aumentar seu limite. Nesse momento, o banco pediu que ele enviasse notas fiscais para provar a origem do dinheiro.
O p2p enviou e a mensagem seguinte do banco foi anunciar que sua conta estava bloqueada. No momento, ele está com R$ 36 mil parados na plataforma.
Em conversa com Portal do Bitcoin, Michel conta que teve que ficar no prejuízo para não deixar o cliente que compra com ele sem as criptomoedas encomendadas.
O que diz o p2p de bitcoin
Questionado se já teve problemas parecidos com outros bancos, Del Sent diz: “Nunca. Esse nem me deram motivo nenhum, simplesmente ficam empurrando como suspeita. Os outros bancos que tive problemas, me devolveram o saldo”.
Após ter informado seu CNPJ, as atividades que está autorizado a fornecer e os prazos que tem para fazer as declarações para a Receita Federal sob a norma do IN 1.888/2019, recebeu uma resposta genérica do banco.
“Por questões de segurança sua conta foi temporariamente bloqueada e assim permanecerá até nova análise. Desta forma, o saldo da sua conta também estará bloqueado em razão da suspeita de práticas não autorizadas pela legislação e que podem comprometer a segurança de sua conta”, disse a instituição financeira.
Depois de novo protesto, o Linker apontou que pode, por lei, bloquear uma conta sem aviso prévio e que segue a “Lei dos meios de pagamento” (a Lei n.º 12.865).
O que diz o banco digital
Por e-email, a empresa disse que o saldo do cliente continuará travado e só será liberado com ordem judicial ou “mediante documentos que provem compatibilidade da movimentação de valores na conta Linker, bem como de onde vieram os pagamentos realizados a você na conta Linker”.
Agora, Del Sent afirma que irá buscar a liberação de seu dinheiro na Justiça. Em sua última mensagem, o Linker disse que “não tem previsão” de resolver e que irá informar por e-mail o destino do dinheiro.
Procurado, o banco Linker disse à reportagem que “por questões de segurança, não podemos informar nenhum dado bancário a terceiros”. “Apenas os titulares das contas cadastradas aqui no Linker poderão obter qualquer tipo de informação sobre bloqueios transacionais ou demais informações nesse sentido.”
Quer investir em ativos digitais, mas não sabe por onde começar? O Mercado Bitcoin oferece a melhor e mais segura experiência de negociação para quem está dando os primeiros passos na economia digital. Conheça o MB!
*Texto corrigido às 11h26 do dia 17 de outubro de 2022. A primeira versão do texto dizia que as notas fiscais foram apresentadas conforme orientação da Instrução Normativa 1.888 da Receita Federal. Porém, a IN estipula reportes das transações em sistemas próprios da Receita e não fala sobre uso de notas fiscais.