“Olha só!”. É isso que a equipe da Worldcoin, projeto cripto que escaneia íris, deve estar dizendo após uma publicação sobre a empresa que diz que ela está no meio de uma arrecadação de US$ 100 milhões, podendo ser avaliada em US$ 3 bilhões.
De acordo com um artigo do The Information, que cita fontes anônimas, a rodada inclui financiamento das empresas de capital de risco Andreessen-Horowitz (ou a16z) e Khosla Ventures.
A startup, que surgiu em outubro de 2021, realizou uma rodada de financiamento “series A” (quantia concedida a uma empresa que já demonstra potencial de crescimento e de geração de receita) liderada por a16z e que também incluiu Digital Currency Group, Coinbase Ventures e Multicoin, bem como Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, e Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn.
Cofundado por Sam Altman, ex-presidente da Y Combinator, incubadora do Vale do Silício, Worldcoin é um token desenvolvido na rede Ethereum que visa distribuir algo parecido com uma renda básica universal para todas as pessoas do mundo. É primo de outros projetos cripto, como Circles e Proof of Humanity, que estão trabalhando com iniciativas de mesmo viés.
Os fundos, ainda não confirmados pelo Worldcoin, são muito necessários. Isso porque na semana passada, a Bloomberg notou que o projeto havia apertado o botão de pausar em sete dos 20 ou mais países em que estava ativo “após contratantes locais terem saído ou regulações terem impossibilidade os negócios”.
Outro ponto foi a exigência de smartphones para cadastros, limitando o acesso em países onde antigos celulares ainda são comuns.
Embora grande parte das criptomoedas possam ultrapassar fronteiras, sem a aceitação de governos, a Worldcoin não é uma empresa cripto comum. Para verificar se uma pessoa pode receber os tokens gratuitos, usa “the Orb”, um dispositivo que escaneia íris para garantir que estas são reais e já não foram escaneadas.
Apesar de a startup afirmar que “nenhuma outra informação pessoal é necessária” para fazer o scan, a imagem é traduzida em dados, e descartada. Edward Snowden, defensor da privacidade, argumentou que a Worldcoin pode ser violada, pois os hashes desses scans são salvos.
“Hashes que combinam scans futuros”, tuitou Snowden em outubro. “Não cataloguem globos oculares”, acrescentou. Altman respondeu:
“Acredito que o Worldcoin proteja mais a privacidade do que os serviços centralizados que utilizamos atualmente. Tudo o que a Worldcoin, ou qualquer pessoa, pode dizer é se alguém já se inscreveu no serviço. A hash é criptograficamente dissociada da carteira e de todas as transações futuras. Testes com novas abordagens à privacidade e identidade parecem bons para mim. Qualquer um pode decidir o que quer ou não usar“.
A esperança do Worldcoin é que pessoas decidam ter suas íris escaneadas. De acordo com a Bloomberg, o projeto já escaneou 450 mil pessoas em cerca de 20 países; com mais US$ 100 milhões, podem escanear muito mais.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.