Em Mianmar, um governo liderado pelos seguidores de Aung San Suu Kyi (ex-consultora de estado de Mianmar e que possui o título de líder do governo) reconheceu Tether (USDT) como uma moeda, segundo a Bloomberg.
O Governo de Unidade Nacional (ou NUG, na sigla em inglês) fez o anúncio nesta segunda-feira (13). Tether será para “uso doméstico para facilitar e acelerar os atuais sistemas de negociação, serviços e pagamentos”, segundo Tin Tun Naing, ministro das Finanças do NUG.
Em fevereiro, NUG perdeu o poder de Mianmar este ano quando militares declararam uma emergência de estado de um ano.
Na época, o primeiro vice-presidente Myint Swe se tornou presidente interino de Mianmar que, por sua vez, concedeu o poder ao comandante-chefe dos Serviços de Defesa de Mianmar Min Aung Hlaing. Desde então, o NUG perdeu todo o poder de governo e falhou em controlar qualquer território do país.
Em setembro, NUG declarou guerra contra o governo militar, gerando ondas de violência pelo país.
Tether como oposição política
A adesão de Tether pelo NUG pode ser considerado como a tentativa mais recente do governo em rejeitar a autoridade política reivindicado pelos militares de Myanmar.
Em maio de 2020, o Banco Central de Mianmar emitiu um decreto que afirmou que todas as criptomoedas (como a Tether) eram ilegais. Agora, o NUG está tornando a maior stablecoin da indústria cripto em uma moeda corrente para financiar suas operações.
Ainda assim, a recorrência do NUG à stablecoin mais conhecida da indústria cripto não acontece sem riscos. Durante meses, tether foi criticada por sua falta de transparência quando o assunto é divulgar informações de como a stablecoin é lastreada em dólar.
Há tempos, Tether (a empresa) afirma que sua stablecoin pode ser resgatada por dólares americanos. No entanto, em maio, Tether publicou uma análise de suas reservas, revelando que menos de 3% de sua USDT era lastreada por dinheiro físico.
Em outubro, a Comissão para a Negociação de Futuros de Commodities (ou CFTC) enviou uma multa de US$ 41 milhões para a Tether por alegadamente fazer declarações “inverídicas” sobre suas reservas lastreadas por fiduciárias.
Essa não foi a primeira vez que um país recorreu às criptomoedas como uma opção de moeda legítima.
Este ano, El Salvador tornou o bitcoin (BTC) em sua moeda corrente. No entanto, essa política não foi livre de controvérsias ou problemas.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.