Imagem da matéria: O que são e como funcionam as DAOs no mundo das criptomoedas
Foto: Shutterstock

Ao longo de 2021, o número de dApps, NFTs e projetos DeFi se multiplicou rapidamente. Como essas plataformas são responsáveis pela movimentação de grandes somas de criptomoedas, acabam atraindo a atenção de investidores de um público que não está familiarizado com os termos técnicos. Um desses termos é o “DAO”, que aparece com bastante frequência. 

DAO é uma sigla oriunda da língua inglesa que significa Organização Autônoma Descentralizada. Alguns exemplos são MakerDAO, Augur, HOPR, PleasrDAO e vários outros protocolos em blockchain. Reunimos aqui algumas das informações mais importantes, para que você possa entender melhor o que fazem essas organizações, como elas são estruturadas e qual o papel delas no mundo cripto. 

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Formulação das DAOs

DAOs assumem diversas configurações, mas em geral são comunidades de usuários que se reúnem na internet através de uma estrutura em blockchain. Essa organização permite que a comunidade compartilhe recursos financeiros em busca de um objetivo comum.

As formulações mais usuais para DAOs são de dois tipos: projetos de código aberto para dApps em blockchain e programas para realizar investimentos. Os usuários geralmente se reúnem, estabelecem suas metas e desenvolvem a DAO na rede Ethereum (ou outra blockchain com suporte a contratos inteligentes). Todos os detalhes, regras e escopos específicos do projeto surgem a partir daí.

Como as DAOs funcionam

O princípio básico de qualquer DAO é a descentralização, alcançada através de um alto nível de automatização e governança compartilhada. O que torna isso possível é a hospedagem direta em blockchain.

A tecnologia blockchain possibilita que todas as regras e scripts sejam previamente determinados e funcionem de forma autônoma, por contratos inteligentes.

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Contratos inteligentes são algoritmos gravados dentro da própria blockchain, e rodam executando programas, transações com tokens (criptomoedas e NFTs) e outros contratos inteligentes. Esses códigos não podem ser modificados sem que isso seja acordado por toda a comunidade, através do processo de governança escolhido. 

Cada comunidade adiciona suas próprias regras de governança descentralizada, por vezes contendo algum tipo de segmentação. A exemplo, algumas DAOs maiores elegem um painel de líderes com poderes de decisão. Assim, não é necessário que toda a comunidade vote em todos os aspectos cotidianos, que podem ser bastante numerosos. 

Frequentemente, porém, o processo de governança é totalmente descentralizado. A equipe de desenvolvedores fica encarregada de implementar qualquer mudança que tenha sido aprovada. Essas aprovações ou outras execuções de ação (uma compra coletiva de NFTs, por exemplo) ocorrem por meio de votações que são feitas de forma pública e 100% transparente na blockchain.

Estruturação 

DAOs são lançados com estruturas específicas que se baseiam nos objetivos almejados pelo programa. Novos usuários acatam essa pré-definição ao entrarem para a comunidade, e conquistam poder de voto ao adquirirem tokens de governança.

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Esses tokens costumam ser a criptomoeda nativa do projeto. Eles podem ter distribuição exclusiva, durante funding rounds iniciais de oferta limitada, ou geração contínua. Em alguns casos, a oferta fica muito abaixo da demanda e o token acaba se valorizando de forma similar a um investimento de participação societária em uma startup.

Um caso notório foi o token de governança do protocolo DeFi Yearn Finance, o YFI, que chegou a valer o dobro de um Bitcoin em maio de 2021.

O poder de voto geralmente é proporcional ao valor investido e, portanto, à quantidade de tokens possuídos. Esse mecanismo é bastante semelhante ao das ações ordinárias (ON) de uma empresa na bolsa de valores. Alternativamente, DAOs podem aceitar outras formas de investimento, como o próprio Ether ou o token nativo da blockchain em que se hospedam. 

Costuma-se, também, haver postos de trabalho dentro da DAO, cuja remuneração é repassada na forma de tokens. Essas posições são ocupadas por desenvolvedores, gestores, moderadores, etc.

Limitações e considerações finais

As DAOs representam um conceito bastante novo, assim como a própria tecnologia em que se baseiam, a blockchain. Assim como os exemplos de sucesso, episódios de falhas e perda de dinheiro são bem recorrentes. Um dos mais famosos ocorreu em 2016, quando o primeiro DAO da rede Ethereum foi hackeado e US$ 50 milhões foram roubados.

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Desde então, os contratos inteligentes estão mais robustos e com menos brechas de segurança. Mesmo assim, a própria ineficácia de um DAO pode levar à desvalorização completa de seu token de governança, deixando a comunidade sem alternativas a não ser arcar com o prejuízo.

Sendo assim, é importante ter cautela. Por mais que o mercado de DAOs seja uma fronteira tecnológica, com muito potencial para ganhos, esses investimentos sempre trazem um risco alto.

Qualquer investidor que vá aplicar uma porção de seu capital deverá estar ciente de que embora haja a possibilidade de valorização, as chances de perda também são consideráveis.

Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. É fundador da empresa Growth.Lat e do projeto Growth Token.

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