O Ethereum passou por um hard fork nesta manhã quinta-feira (15) no qual foram implementadas quatro novas melhorias na blockchain do projeto. As mudanças buscam desafogar a rede do projeto cujas altas taxas de transação vinham prejudicando até mesmo as negociações de ether.
Apelidada de Berlin, a atualização aconteceu no bloco 12.244.000 e colocou para funcionar na rede principal as Propostas de Melhorias do Ethereum (EPI, na sigla em inglês), em teste desde março.
As EIPs foram criadas para agilizar alguns processos da rede, e duas delas têm um impacto direto na redução das taxas de gas. Esse tem sido o problema central do Ethereum desde que o ecossistema passou a ser usado pela grande maioria das aplicações descentralizadas e também pelas NFTs.
O congestionamento da rede vem piorando desde agosto de 2020 e atingiu o pico em fevereiro, quando uma transação na rede Ethereum custava em média US$ 38 (R$ 200). Até domingo (11), as taxas estavam no menor nível de cinco semanas. Desde então elas voltaram a subir e hoje estão a um preço médio de US$ 18.
O que fazem as novas EIPs?
Em conversa com o Portal do Bitcoin, a professora e desenvolvedora Solange Gueiros explicou qual será o impacto das quatro novas atualizações que chegam agora ao Ethereum: EIP-2565, EIP-2929, EIP-2930 e EIP-2718.
A primeira delas é a EIP-2565, que vai diminuir o gas cobrado das operações exponenciais. Apesar de diminuir as taxas da rede, essa melhoria pode não ter um impacto direto no bolso do usuário que se limita a transacionar criptomoedas, por exemplo.
“Depende muito do que o smart contract está fazendo para ele precisar desse tipo de operação. Se você faz chamadas de funções criptográficas para gerar chaves, aí sim faz diferença. Mas não impacta no dia a dia do usuário comum”, explica a programadora.
Na sua visão, a mais promissora entre as atualizações é a EIP-2718 que introduz na rede Ethereum um novo tipo de transação “envelope”, que permite que as pessoas combinem suas transações.
“Isso vai tornar as transações mais barata e facilitar a entrada de novos usuários na rede”. Segundo Gueiros, essa atualização permite que uma entidade patrocinadora, como uma exchange, possa combinar diversas transações e custodiar as taxas de gas para o usuário.
Por outro lado, a EIP-2929 faz o contrário e aumenta as taxas de gas como uma forma de acelerar o processamento e limitar ataques de negação de serviço (DoS).
Na prática, as funções mais complexas se tornam mais caras. “É um equilíbrio em relação ao processamento, eles aumentam o custo das operações que exigem mais poder computacional para melhorar a escalabilidade da rede”.
Para mitigar esse aumento de gas, os desenvolvedores criaram a EIP-2930. Essa nova atualização permite que os projetos pré-estabeleçam uma lista das funções que serão usadas durante uma transação.
“Caso um smart contract use uma função impactada pela EIP-2929, essa outra atualização deixa que ele adicione a função em uma lista para que ela não seja chamada diretamente da rede principal”, dessa forma, o projeto fica imune de pagar as novas taxas.
Hard fork de julho terá mais impacto nas taxas
De acordo com a Solange Gueiros, apesar da atualização de hoje resolver problemas de infraestrutura da rede, as taxas do Ethereum podem voltar a subir acima de US$ 38 à medida que o congestionamento da rede continua forte.
O que de fato reduzirá as taxas será o hard fork Londres, previsto para julho, que coloca para funcionar na rede principal o EIP-1559. Esse é o projeto mais polêmico do Ethereum porque determina que as taxas das transações sejam queimadas ao invés de ser direcionada aos mineradores.
“Dessa forma não vai mais fazer sentido para os mineradores aumentarem as taxas, já que elas não ficarão para eles. Depois da atualização, os mineradores ganharão apenas o ether gerado no bloco minerado”, explica Gueiros.