O ano de 2020 começa na comunidade cripto sob a expectativa do terceiro Halving da história do bitcoin, previsto para acontecer na segunda semana de maio – o dia varia entre 10 e 12, de acordo com o modelo de previsão adotado. Mesmo sendo um evento programado, gera opiniões divergentes sobre o que vai gerar de fato no mercado.
A cada Halving a emissão de bitcoins é reduzida à metade, como o próprio termo em inglês significa. Atualmente entram 1.800 novos bitcoins na rede por dia. A partir de maio, essa emissão será reduzida para 900.
“O Halving é um momento muito importante para o bitcoin. Nossa expectativa é positiva, embora haja receio como vai se comportar o mercado com a diminuição do prêmio pela mineração [procedimento pelo qual o bitcoin é emitido]”, explica João Paulo Oliveira, fundador e diretor-executivo da Nox Bitcoin.
O Allex Ferreira, que ganhou o apelido de Barão do Bitcoin por ser um dos primeiros traders do mercado brasileiro, tem uma visão mais cética. “Esse Halving não será grande coisa. O número de endereços ativos [que fazem operações constantes] não está aumentando. São sempre as mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas”.
Mercado mais diversificado
Fazer previsões sobre um ativo financeiro volátil como o bitcoin é de fato uma tarefa complicada. No entanto, a partir dos indícios gerados pelo mercado e por vivência pela própria comunidade, as opiniões se dividem entre a aposta na valorização e um efeito reduzido ou praticamente nulo sobre a cotação – atualmente na casa dos US$ 8 mil.
É ponto de consenso, no entanto, que este Halving acontece sobre um bitcoin mais conhecido e discutido mundialmente do que nos cortes anteriores. Também há presença de novos atores no mercado, de investidores leigos a grandes corretoras e até governos de olho na criptomoeda.
“O mercado hoje é mais maduro, com mais players, investidores. Essa é a principal diferença para os Halvings anteriores”, diz Daniel Coquieri, sócio da exchange BitcoinTrade.
Expectativa exagerada?
É justamente por ser um evento programado e pelo bitcoin ser mais conhecido hoje do que nos Halvings anteriores que o programador e especialista em bitcoin Hamilton Amorim não crê em um grande impacto do evento de 2020.
“A expectativa está muito exagerada. O mecanismo tecnológico é previsível e não falha. Não há nenhum motivo para se esperar que mude qualquer coisa em relação a preço, circulação de mercado. O preço vai subir e descer normalmente de acordo com o dia, com a tendência de valorização na cauda longa“, comenta ele, também conhecido como Algorista.
Amorim cita a Teoria Quantitativa da Moeda, comum entre economistas monetaristas, para basear sua análise.
“A teoria correta, fundamentada, diz que a oferta e a demanda [de moedas] precisam de velocidade de circulação e retenção. São essas duas variáveis que estão faltando. No caso do bitcoin essa velocidade é ridiculamente baixa, e a retenção é muito alta. Nesse caso a oferta e demanda quase não têm influência sobre o preço”.
Os usuários que especulam e interferem no preço do bitcoin, segundo Amorim, são poucos e com volume muito grande de moeda – entre eles, as chamadas “baleias”, que causam grande impacto no mercado quando se movimentam. Já os investidores leigos, embora tenham aumentado de número, ainda realizam transações que pouco influenciam no mercado.
O ceticismo quanto a grandes efeitos do Halving deste ano é compartilhado por Ferreira.
“Eu gostaria que o Bitcoin subisse para US$ 100 mil nesse Halving. Mas isso não vai acontecer. Não existe esse elemento surpresa. Vai ter um aumento, mas nada que vá abalar o sistema. Não tem muita surpresa porque todo mundo já conhece o bitcoin”.
Valorização e volatilidade
Em um lado oposto do debate estão aqueles que acreditam que o choque na oferta do bitcoin gerado pelo Halving de 2020 vai permitir uma valorização significativa da criptomoeda. No entanto, a volatilidade da moeda pode mudar o cenário.
“No Bitcoin não sabemos qual a demanda diária/semanal fixa, se é que ela existe, nem tampouco os fatores que levam as pessoas a aumentarem as compras em determinados níveis. Embora alguns serviços como Cash App da Square e GBT da Grayscale publiquem regularmente o total comprado no período, não podemos afirmar que isto é algo recorrente: podem ser clientes diferentes aproveitando eventuais quedas do mercado ou oportunidades de alta”, explica Marcel Pechman, colunista do Portal do Bitcoin e cofundador do site RadarBTC.
Mesmo cientes da volatilidade do bitcoin e seus riscos, exchanges mostram otimismo com o Halving, ainda que com certa cautela.
“O Halving é um momento muito importante para o bitcoin. Nossa expectativa é positiva, embora haja receio como vai se comportar o mercado com a diminuição do prêmio pela mineração [procedimento pelo qual o bitcoin é emitido]”, pondera Oliveira.
Já Coquieri aposta em uma valorização do bitcoin e na maior procura de investidores pelo ativo à medida que a data do Halving se aproximar.
“Tem uma grande maioria que nem sabe ainda o que é Halving e só vai saber quando a mídia começar a falar do assunto”.
Dicas para investimento
Para quem tem capital investido em bitcoin, o que deve fazer em relação ao halving? Cautela é a palavra de ordem, para evitar grandes perdas com a oscilação típica do ativo.
Oliveira, da Nox, aconselha aportes mensais em bitcoin para obter um preço médio, desde não seja um dinheiro do qual o investidor vai precisar em um período de tempo curto ou médio.
“Minha recomendação é realizar aportes mensais, sempre pensando no longo prazo. Eles são a forma mais segura de ter rentabilidade.”
“O ideal é ir montando a posição nos próximos 4 meses, sem afobação. Batendo 40% de ganho até o halving, ótimo, reduz metade e espera. Caso contrário é manter em carteira”, afirma Pechman. Ele lembra ainda que há atualizações esperadas para os próximos meses na rede (Taproot, Schnorr e Script) que prometem melhorar o ambiente, sem a necessidade de um soft fork.
Mas o que é o Halving?
O Halving é um evento programado para ocorrer a cada 210 mil blocos minerados da rede do Bitcoin, o que leva aproximadamente 4 anos.
Esse evento corta a emissão da moeda digital pela metade, criando um choque de oferta (produção) e aumentando a escassez do ativo no mercado. Também garante que as moedas digitais serão emitidas em um ritmo estável, seguindo uma taxa previsível de declínio.
Em novembro de 2012, quando aconteceu o primeiro Halving, a emissão foi reduzida de 50 BTCs para 25 BTCs a cada 10 minutos (tempo de mineração do bloco).
No segundo Halving, que ocorreu em 9 de julho de 2016, esse valor caiu para 12,5 BTCs. A partir do Halving de maio, a produção por bloco será de 6,25 BTCs.
Nunca é demais lembrar que o bitcoin tem uma quantidade total limitada em algo perto de 21 milhões de unidades. Atualmente 86% de todos os bitcoins já foram minerados.
Após o halving de maio, devem acontecer somente mais 32 eventos desse tipo. O próximo é estimado para 2024, e o último, para 2140 – quando será cessada a geração de bitcoins.
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