O Bitcoin continua sendo o ativo de referência para investidores institucionais que querem exposição às criptomoedas, mas nos últimos tempos as altcoins começaram a dividir a atenção do mercado, vistas como alternativas que ainda guardam grande potencial de valorização.
É o que observa Giovanni Vicioso, head de criptomoedas da CME Group, em entrevista ao Portal do Bitcoin durante o Digital Assets Conference (DAC) 2025. À frente da área cripto do maior mercado de derivativos do mundo, Vicioso viu de perto o amadurecimento da indústria cripto, desde quando a CME lançou os futuros de Bitcoin no final de 2017, até a recente explosão de demanda por contratos futuros de altcoins.
Os futuros de Solana e XRP, lançados na CME em março e maio deste ano, respectivamente, atingiram recorde de interesse em aberto (open interest) em agosto e tiveram o crescimento mais rápido já registrado entre os produtos cripto da casa.
“No dia 22 de agosto, os dois contratos chegaram a US$ 1 bilhão em open interest. No caso do XRP, foi ainda mais impressionante: em apenas três meses, tornou-se o contrato que mais rápido atingiu esse patamar entre todos que já lançamos, superando Bitcoin, Ethereum e Solana”, destacou o executivo.
Segundo ele, o crescimento acelerado está ligado principalmente à maior participação de investidores institucionais e à expectativa pelo lançamento de ETFs à vista de Solana e XRP nos Estados Unidos agora em outubro.
O Ethereum também vive um momento de destaque, especialmente após a aprovação do Genius Act, lei que regula stablecoins nos EUA. O impacto foi visível nos números: historicamente, o volume de futuros de Ether equivalia a cerca de 25% do volume de Bitcoin. Em agosto, a relação chegou a 80%.
“Depois dessa lei, vimos um aumento expressivo no interesse por Ether e Solana, já que são as principais plataformas onde stablecoins são emitidas”, explicou. “O Ether saltou de uma média de US$ 2 bilhões por dia para US$ 6 bilhões, praticamente se aproximando do Bitcoin. Isso mostra que as instituições estão migrando parte de suas estratégias para o Ethereum.”
O aumento do interesse por altcoins, no entanto, não tira o protagonismo do Bitcoin no setor cripto. “Não se trata de abandono do Bitcoin, mas de expansão”, ressalta o executivo. “O BTC ainda representa quase 60% da capitalização de mercado e segue sólido, mas agora divide protagonismo com outras redes e produtos. A diferença é que o investidor quer ter opções e agora se sente confortável em diversificar também para Ether, Solana e XRP.”
Expansão dos derivativos cripto na CME
Ao constatar as mudanças no interesse dos investidores, Giovanni Vicioso conta que a CME tem apostado em novos formatos de contratos, como os spot-quoted futures, lançados este ano, que replicam o preço à vista e têm vencimento anual.
Eles são pequenos — 1/100 de um Bitcoin ou 0,2 de um Ether — para serem acessíveis também a investidores de varejo. “São produtos desenhados para democratizar o acesso, mas dentro de um ambiente regulado e confiável. Já movimentamos mais de 100 mil contratos por dia, chegando a US$ 500 milhões em valor nocional, e foram lançados há poucas semanas”, contou.
Além disso, a CME também planeja aproveitar o recente interesse dos investidores por Solana e XRP e lançará em outubro opções sobre os futuros de ambas criptomoedas, tanto em contratos grandes quanto microcontratos.
“Os derivativos estão aí para dar ferramentas ao investidor. Nosso papel é oferecer liquidez e segurança para que eles possam se proteger da volatilidade e gerenciar riscos de forma eficiente”, concluiu.
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