O mercado de criptomoedas enfrenta um teste crítico nesta semana, com o vencimento trimestral de opções coincidindo com a divulgação de um importante indicador de inflação dos Estados Unidos — uma convergência que pode determinar se o rali atual ganhará força ou perderá fôlego.
Cerca de US$ 22,3 bilhões em opções de criptoativos expiram com o encerramento do terceiro trimestre nesta sexta-feira, segundo a bolsa de derivativos Deribit. Deste total, opções de Bitcoin com valor nocional de US$ 17,06 bilhões estão programadas para expirar.
O Bitcoin abre a sexta-feira (26) em queda de 2,5%, sendo negociado a US$ 108.920. Em reais, a criptomoeda segue abaixo do nível de R$ 600 mil, cotada a R$ 585.627, segundo dados do Portal do Bitcoin.
Greg Magadini, diretor de derivativos da plataforma de análise de opções Amberdata, disse ao Decrypt que o atual ciclo de vencimento de opções de Bitcoin é “o maior do mercado”.
O posicionamento dos dealers mostra “muito short gamma em US$ 109 mil e US$ 108 mil”, afirmou Magadini, indicando uma situação em que esses níveis de preço precisam se manter para evitar uma queda acentuada.
Os movimentos de curto prazo do Bitcoin dependem fortemente dos dealers de opções e de grandes instituições que fazem hedge de suas posições em tempo real. A exposição deles ao “gamma” — uma medida de quão rapidamente os hedges precisam ser ajustados — pode tanto amplificar as oscilações de preço quanto ajudar a estabilizá-las.
Uma posição de short gamma significa que os dealers podem ser forçados a vender em um mercado em queda, agravando a correção.
Para onde pode ir o Bitcoin?
Dados indicam que o nível de US$ 108 mil se tornou crítico para os traders de Bitcoin. Se o preço não se mantiver acima desse patamar, pode ocorrer uma cascata de vendas automatizadas, independentemente da divulgação do índice PCE Core de agosto.
Considerando o posicionamento short gamma dos dealers e a volatilidade em torno de 35%, Magadini prevê que uma queda abaixo de US$ 108 mil pode desencadear “um movimento de duas desvios padrão até US$ 96 mil”, especialmente se os mercados estiverem fracos.
Agora, todas as atenções se voltam para a divulgação do índice PCE Core, marcada para as 8h30 (horário de Nova York) desta sexta-feira, que permanece persistente em torno de 3%. As previsões mensais apontam para 0,2%, ligeiramente abaixo dos 0,3% do mês anterior.
Uma leitura acima do esperado pode fortalecer a recente recuperação do dólar e agravar a correção em andamento do Bitcoin, disseram anteriormente especialistas ao Decrypt.
Por outro lado, um PCE Core mais fraco pode formar um “pino do vencimento de opções” que “se solte e permita um movimento de alta acentuado”, afirmou Maja Vujinovic, CEO e cofundadora da FG Nexus, empresa listada na Nasdaq que se concentra em acumular e gerar rendimento com Ethereum, ao Decrypt.
Apesar da reação volátil de curto prazo em torno da divulgação do relatório de inflação, Vujinovic espera um quarto trimestre construtivo para os mercados de criptoativos, impulsionado pela demanda por fundos negociados em bolsa à vista e pela melhora na liquidez.
Magadini compartilhou a visão otimista de Vujinovic, observando que há riscos de queda no curto prazo, impulsionados pela incerteza sobre o rumo do Fed e pela fraqueza nos ativos de risco.
“No longo prazo, espero que os preços estejam drasticamente mais altos… caso o combate à inflação pelo Fed seja interrompido… consigo facilmente imaginar o Bitcoin sendo negociado acima de US$ 250 mil.”
Os dados de opções também sustentam o sentimento otimista de longo prazo para o Bitcoin, evidenciado pela forte compra de opções de compra com vencimento no final do ano e preços de exercício em US$ 120 mil e US$ 140 mil.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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