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Ex-segurança de Tarcísio de Freitas lavava dinheiro com criptomoedas, diz PF

Apurações mostram que PM atraía clientes interessados em proteger patrimônio e lavar dinheiro por meio de criptomoedas, usando a stablecoin USDT

Governador de SP Tarcisio de Freitas no lançamento do TDV
Governador de SP Tarcisio de Freitas no lançamento do TDV (Reprodução/Youtube)

O capitão da Polícia Militar de São Paulo Diogo Costa Cangerana é apontado pela Polícia Federal como um dos principais operadores de um esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro com criptomoedas, que funcionou entre 2021 e 2024, período em que era segurança dos governadores Tarcísio de Freitas e Rodrigo Garcia. As informações são do jornal Estadão.

De acordo com a publicação, as apurações mostram que ele atraía clientes interessados em proteger patrimônio e lavar dinheiro por meio de criptomoedas, especialmente a stablecoin USDT, além de atuar na cooptação de gerentes de banco e no encaminhamento de operações ligadas ao comércio ilegal de ouro com destino a Dubai.

As investigações revelaram uma planilha com valores de propina, que incluíam pagamentos mensais para “polícia”, “gerente de banco” e “laranjas”. Segundo o delegado Guilherme Alves Siqueira, o documento reforça a estrutura de corrupção e favorecimento bancário montada em torno do esquema, que era comandado pelo empresário chinês Tao Li.

O funcionamento do negócio passava pela criação de empresas de fachada que recebiam recursos em reais, transferidos depois por meio de criptoativos para mascarar a origem do dinheiro, aproveitando a suposta rastreabilidade limitada na blockchain.

Interceptações apontam que Cangerana facilitava a abertura de contas em nome de laranjas, cobrando até R$ 5 mil pela abertura e mais R$ 5 mil por mês pela manutenção, chegando a movimentar até R$ 2 milhões por dia. Li cobrava o capitão para que cada conta tivesse limite de transação diária de R$ 2 milhões, pois, se fosse menor, não haveria como fazer as remessas.

Envolvimento de fintech

Cangerana teria recebido cerca de R$ 18 mil pelo serviço de abrir as contas. O pagamento total seria de R$ 120 mil, que ele receberia por meio da Canbru Intermediações. O PM também providenciava CNPJs para empresas fictícias e chegou a propor a compra de R$ 85 mil em USDT com dinheiro vivo.

Ainda segundo o Estadão, há indícios de que o oficial e o empresário Tao Li mantinham negócios ligados ao 2GoBank, fintech criada com apoio do Primeiro Comando da Capital (PCC). Conversas investigadas pela PF também sugerem planos de envio de até 12 toneladas de ouro para Dubai, com pagamento em dinheiro, criptomoeda ou transferência bancária, sendo que a primeira remessa teria sido transportada até em uma Ferrari.

Leia também: Dono da fintech cripto 2GO Bank é preso por lavar dinheiro para o PCC

Procurado pelo jornal, Cangerana, atualmente lotado na Diretoria de Logística da PM, não respondeu. Na Justiça, ele afirma ser inocente. A assessoria de Tarcísio informou que, desde setembro de 2024, o oficial estava no 13.º BPM, sem atuar em funções de assessoria ou ajudância de ordens, apenas em atividades rotineiras da corporação. A reportagem também tentou contato com o ex-governador Rodrigo Garcia, mas não obteve retorno.

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