Closem em mãos de um homem que usa algemas
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Anderson Boneti, preso na última segunda-feira (22) pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) por suspeita de estelionato junto com o humorista ex-BBB Nego Di, é também réu no caso Gerdau.

Em 2020, a metalúrgica foi vítima de um roubo de R$ 30 milhões por meio de transferências de contas do banco Santander, sendo que parte dos fundos roubados foram transformados em Bitcoin e enviados para a Binance.

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Boneti, que era considerado foragido até ser preso em um hotel de Bombinhas, município de Santa Catarina, era sócio de Nego Di em uma loja virtual chamada Tadezueira. Segundo comunicado da PCRS, os dois são suspeitos de vender e não entregar produtos, o que pode ter causado um prejuízo de R$ 5 milhões a mais de 300 clientes.

“No esquema criminoso, Boneti tinha a expertise digital e era responsável pelo funcionamento do site, enquanto que Nego Di utilizava a sua imagem de figura pública”, afirmou o delegado Fernando Sodré.

Nego Di, cujo nome é Dilson Alves da Silva Neto, foi preso na semana passada na praia de Jurerê, em Florianópolis, por suspeita de lavagem de dinheiro.

Anderson Boneti sendo conduzido por agente (Fonte: PCRS)

Acerca do caso Gerdau, o ex-jogador Anderson Luís de Abreu Oliveira, o “Andershow”, que jogou por clubes brasileiros, europeus e até pela Seleção Brasileira, tinha uma empresa em sociedade com Boneti que, segundo informações na época, teria tentado comprar Bitcoin após receber R$ 14 milhões relacionados ao roubo via transferências de TED.

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Em agosto de 2021, Andershow foi denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul — no caso Gerdau/Santander, por furto qualificado, organização criminosa e lavagem de bens, direitos e valores. Além de Oliveira, Boneti também foi alvo da denúncia junto com outras cinco pessoas.

Ao G1, a defesa de Boneti afirmou que seu cliente e outras pessoas operavam com criptomoedas, mas que teriam sido vítimas de um hacker responsável pelo desvio do dinheiro da metalúrgica.

Roubo na Gerdau

O roubo ao Santander ocorreu em meados de abril de 2020, quando uma empresa do Rio Grande do Sul chamada Mundial conseguiu entrar dentro da conta da metalúrgica Gerdau no banco Santander e programar o envio de TEDs para diferentes empresas no valor total de R$ 30 milhões.

A fraude foi tão complexa que causou estranheza à própria investigação interna. O singular é que as transferências não foram feitas a partir de um login da conta da Gerdau. O débito foi efetuado por uma outra empresa, também correntista.

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Conforme apuração do Portal do Bitcoin publicada em maio de 2022, o banco Santander contratou a empresa de análise blockchain Chainalysis para rastrear a rota do dinheiro e obteve, através de uma fonte que preferiu não ser identificada, dados que comprovam que uma grande corretora recebeu a maior parte das criptomoedas originárias do roubo.

A análise da Chainalysis rastreou 457 transações dos endereços vinculados ao roubo e que partiram do endereço raiz 1HMabWeAQ6DVArp9MX13CNniWKXmB7FKP5, identificado com a origem do cluster — um conjunto de diferentes endereços sob o controle de um mesmo usuário.  

Na ocasião, após realizar o rastreamento, o Santander tentou recuperar o dinheiro transformado em Bitcoin, além de protagonizar um processo contra a corretora na justiça brasileira.