Um estudo feito pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que pessoas que já caíram em esquemas de pirâmides financeiras têm mais chances de caírem novamente no golpe do que quem nunca foi vítima.
O objetivo da pesquisa era analisar o efeito da percepção de risco na tomada de decisão em investimentos que possuem características semelhantes a pirâmides financeiras.
Para se chegar ao resultado, os pesquisadores apresentaram aos participantes, de forma aleatória, propostas de investimentos fictícios e que variavam entre quatro opções: dois eram regulares e lícitos – como CDB ou fundo de investimentos – e outros dois semelhantes a esquemas de pirâmide, com retornos acima da média e ganhos para indicações de novos investidores, como é comumente visto em fraudes com criptomoedas.
Em seguida, outros dois investimentos eram apresentados para os participantes, um lícito e outro irregular, junto com gráficos de retornos dos investimentos, de forma a manipular a percepção de risco de cada um com base na propensão a se perder ou ganhar.
Para os pesquisadores Matheus Moura e Ricardo Lopes Cardoso, uma possível explicação para a inclinação das pessoas a caírem novamente em um golpe seria uma determinada predisposição das vítimas em investir em esquemas de alto risco.
Outro ponto revelado pela pesquisa é que essas mesmas vítimas também demonstraram maior inclinação a convidar novos investidores a participarem destes esquemas fraudulentos, classificados como de alto risco. Esse é o tipo de estratégia que define uma pirâmide financeira, que costuma ter um ou mais líderes e só funciona conforme os novos clientes convidam mais pessoas para o esquema, por isso a ideia da pirâmide.
Educação é a saída
Já para o inspetor Philip Silberman, da Gerência de Educação e Inclusão Financeira da CVM, a propensão a entrar em esquemas fraudulentos também pode estar relacionada à falta de conhecimento do funcionamento do mercado financeiro, bem como de parâmetros econômicos básicos.
“Este desconhecimento torna o investidor propenso a acreditar em retornos irreais uma vez que lhe faltam ferramentas de comparação que ajudem seu julgamento. A solução de tal situação apenas pode ser atingida com a educação financeira maciça da população”, destaca Silberman.
Apesar desta avaliação, o estudo também mostrou que a maioria dos participantes possuem pós-graduação ou ensino superior completo, e renda acima de R$ 19.393 (16 salários-mínimos). A idade média das pessoas ouvidas na pesquisa é de 43 anos.
O estudo foi feito entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, com cidadãos cadastrados na base do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da CVM. Ao todo, foram recebidas 1.377 respostas válidas.
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