Em mais uma capítulo da longa novela de polêmicas envolvendo a plataforma de jogos e apostas Blaze, na noite de domingo (17) o Fantástico, da TV Globo, exibiu uma reportagem mostrando detalhes de um processo contra a empresa em São Paulo e denunciando influenciadores que divulgam o site.
Segundo a matéria, a Justiça já bloqueou mais de R$ 100 milhões da Blaze e reuniu indícios de que a plataforma não paga os usuários em algumas situações, principalmente quando os prêmios são maiores.
O Fantástico mostra clientes da plataforma que teriam conseguido vencer em jogos com prêmios que chegaram a R$ 100 mil, porém, ambos tiveram problemas para resgatar os lucros. Nessas ocasiões, sem provar, a plataforma diz que o usuário fraudou o sistema ou que quem usou o site era menor de idade, e decide não pagar o prêmio.
A reportagem destaca os problemas de um dos principais jogos da Blaze, o Crash, também conhecido como “Jogo do Aviãozinho”. Nele, um avião começa a voar e um multiplicador da aposta inicial aparece na tela aumentando de valor até que o apostador decida parar, ganhando o valor inicial multiplicado pelo número de quando ele encerrou o jogo. Porém, se aparecer na tela a palavra Crashed antes dele encerrar, ele perde tudo.
Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, o principal problema é que a oferta de jogos que seguem esse formato são proibidos no Brasil.
O disfarce da Blaze
A Blaze se apresenta inicialmente em seu site como uma plataforma de apostas esportivas, as chamadas bets, que são permitidas no Brasil e que recentemente viu um Projeto de Lei para regulamentar o setor passar no Senado — precisando passar ainda pela Câmara dos Deputados antes de ir para sanção presidencial.
O problema é que dentro do site da Blaze existe uma área chamada de Cassino, em que estão os chamados jogos de azar, como o Crash, que são baseados exclusivamente na sorte do apostador e são proibidos no país.
No início de setembro, a Justiça mandou tirar do ar o site da Blaze por conta das ilegalidades, mas a própria plataforma criou outros endereços de acesso e ensinou seus usuários a burlarem o bloqueio.
Uma das maiores dificuldades para a polícia é o fato de a Blaze não ter sede no Brasil, o que torna complicado fiscalizar a empresa e identificar seus líderes. De acordo com informações da polícia divulgadas pelo Fantástico, relatórios financeiros que constam no inquérito indicam que parte do dinheiro arrecadado pela Blaze é destinada a três brasileiros, que seriam os donos ocultos da empresa.
Enquanto disso, advogados do site dizem que a sede da Blaze fica em Curaçao e que por isso, sua atividade não é ilegal, mesmo que os apostadores sejam brasileiros. Eles também defendem que já existe um outro caso semelhante em que o Ministério Público de SP pediu o arquivamento do inquérito e um juiz revogou a decisão de bloqueio do site.
Influenciadores alavancam a plataforma
A principal estratégia da Blaze é contratar influenciadores para realizar campanhas nas redes sociais, chamando novos usuários e demonstrando o “Jogo do Aviãozinho”, sempre com vitórias.
Entre alguns dos nomes mostrados pelo Fantástico estão a ex-BBB Viih Tube, que disse que assim que tomou conhecimento das denúncias, encerou seu contrato com a empresa, e a atriz Mel Maia, que afirmou que não sabe das investigações e que foi contratada apenas para fazer publicidade para o site.
Já o influenciador conhecido como John Vlogs, por meio de sua assessoria, disse à Globo que tem contrato com a Blaze desde 2021 e que a relação é exclusivamente de influenciador, não havendo participação acionária.
Felipe Neto e Neymar Jr. também são nomes famosos que já promoveram a Blaze, porém eles não foram citados na reportagem do Fantástico.
Em setembro, quando o site original da empresa foi tirado do ar no país, diversas reclamações surgiram na internet, e muitas pessoas foram cobrar explicações do influenciador Felipe Neto, que tem mais de 45 milhões de inscritos em seu canal no YouTube e que já foi grande divulgador da plataforma.
Apesar de defendido pelos advogados da Blaze, o jogo de azar é proibido no Brasil e existem leis que podem punir não só a empresa, mas apostadores e pessoas que fazem a divulgação, como influenciadores.
“O jogo de azar é uma contravenção penal e o influenciador que faz essa propaganda é mecanismo essencial para isso”, explica o delegado da Polícia Civil de SP, Luciano Giaretta, ao Fantástico.
Confira a reportagem completa que circula nas redes sociais:
pra quem ta afim de ver a materia do fantastico sobre a blaze pic.twitter.com/DAKJ10mVUB
— carole (@carolinemabreu) December 18, 2023
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