Imagem da matéria: FMI elogia Real Digital e Pix em relatório sobre o Brasil
Foto: Shutterstock

O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou um novo relatório na segunda-feira (31) com foco na economia brasileira. Entre diversos aspectos, a entidade traçou comparações positivas do Real Digital (RD) com outras Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDC) do mundo, endossando seu uso no sistema financeiro do Brasil e elogiando o Pix como ferramenta inclusiva.

“Ao contrário de outros projetos CBDC, o RD é concebido como uma plataforma ‘inteligente’ que promove inovação”, diz o relatório do FMI. “Na maioria dos países, os planos para introduzir uma CBDC buscam uma combinação de objetivos, incluindo promoção da inclusão financeira; tornando os sistemas de pagamentos mais competitivos, resilientes e econômicos; e melhorar os pagamentos transfronteiriços”.

Publicidade

Nisso, o Fundo Monetário Internacional explica que o Pix, no Brasil, “já teve sucesso em melhorar a inclusão financeira e permitir pagamentos de varejo eficientes”.

“Assim, o Real Digital é concebido como uma plataforma ‘inteligente’ para serviços financeiros baseado em um livro-razão digital (DLT) que aproveita a representação digital de ativos (tokenização) e programabilidade, buscando fomentar a inovação.”

— Fundo Monetário Internacional (FMI)

CBDC do Brasil

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil responsável, pelo projeto do Real Digital, já havia se manifestado sobre o RD não possuir um foco em pagamentos para o varejo. Em palestra, ele que seu objetivo é criar um sistema de contratos inteligentes focado em tokenização de ativos e integração estrutural de todo o sistema financeiro.

“Para pagamentos diários ou transfronteiriços nós já temos o Pix”, disse Roberto Campos Neto. O sistema pode ser usado para pagamentos ponto a ponto no Brasil e também fora do país, como acontece em Orlando (EUA) e no Uruguai.

O executivo disse que vê a entidade pública do Banco Central como um “facilitador” do sistema financeiro, e deixa claro que seu objetivo é construir um sistema mais eficiente (palavra que é repetida diversas vezes em sua palestra) e inclusivo.

Publicidade

O FMI também explica que o produto brasileiro é focado para o “atacado”, com “propósitos como reservas bancárias e contas de liquidação.”

Consultado pelo Portal do Bitcoin, Matheus Cangussu, pesquisador de CBDCs e Head of Legal da LoopiPay, explicou a diferença entre uma CBDC de varejo e atacado.

“O CBDC de varejo é a emissão de moeda pública desmaterializada/virtual com o objetivo de circular entre a população em geral, de forma semelhante às notas do Real hoje em dia. Já o CBDC de atacado representa a moeda pública desmaterializada no ambiente interbancário.”

Segundo o pesquisador, soluções financeiras de atacado já são utilizadas há décadas pelos Bancos Centrais ao redor do mundo; então não são uma novidade.

“A grande inovação das propostas atuais de CBDC de atacado não é digitalizar a moeda, pois ela já é digital neste ambiente, mas sim modernizar a infraestrutura sobre a qual é construída”, disse Matheus ao ressaltar a possibilidade de melhorias como redução de custos e aumento da velocidade de liquidação com as novas tecnologias.

Publicidade

Ele afirma que, neste caso, a população não veria efeitos imediatos da aplicação tecnológica. Esse fator poderia trazer consequências positivas no médio e longo prazo, com o barateamento de serviços financeiros rodando em um sistema mais eficiente.

No entanto, segundo o Fundo Monetário Internacional, a estrutura regulatória no país deve se adaptar para receber esta inovação.

Leia também: FMI elogia Brasil e agora diz que banir criptomoedas não é o melhor caminho

“Um objetivo político chave será permitir a migração para um mundo baseado em tokens, permitindo um ambiente de negociação para um conjunto diversificado de ativos tokenizados”, diz trecho do recente relatório do FMI.

O Fundo afirma que, “em um estágio inicial, a tecnologia de tokenização será usada para depósitos/contas e outros ativos financeiros (por exemplo, títulos federais), enquanto em um estágio posterior ativos mais complexos serão tokenizados.”

E logo ressalta a importância de uma estrutura legal adequada para isso:

“A transição para um mundo baseado em tokens exigirá mudanças na estrutura legal que garantam uma ‘ponte para a realidade’ confiável.”

No início da segunda quinzena de julho, o FMI já havia revelado um plano para criar um sistema global entre as CBDCs — que permitirá controles de capital para aumentar a interoperabilidade entre moedas de diferentes países, bem como reduzir os custos de pagamento.

Os supostos benefícios desse novo sistema foram descritos por Tobias Adrian, diretor do departamento de mercado monetário e de capitais do FMI, em discurso feito dia 19 de julho, em Rabat, capital do Marrocos.

Publicidade

Alguns dias antes, o Portal do Bitcoin reportou sobre a confirmação do Banco Central do Brasil de que a autoridade financeira poderia realizar diversas funções de controle sobre o Real Digital, como congelamento de fundos e confisco monetário.

VOCÊ PODE GOSTAR
Moeda de bitcoin sob base de martelo de juiz

CVM julga hoje Bluebenx, pirâmide com criptomoedas que deixou prejuízo de R$ 160 milhões

Relatório se concentra em oferta pública de distribuição de valores mobiliários sem a obtenção do registro no órgão regulador
homem segura com duas mãos uma piramide de dinheiro

Pirâmides financeiras continuam sendo crime mais reportado pela CVM às autoridades

Esquemas de pirâmide são crimes contra a economia popular e estelionato, previstos no artigo 171 do Código Penal
homem segura com duas mãos uma piramide de dinheiro

CVM multa pirâmide cripto BlueBenx e seu fundador em R$ 1 milhão

A Bluebenx e seu dono, Roberto Cardassi, foram considerados culpados pela oferta pública de valores mobiliários sem registro