Imagem da matéria: Entenda quais foram as cinco ondas que levaram a PEPE Coin do anonimato ao bilhão | Opinião
Pepe Coin e baseada em um dos mais famosos memes da Internet (Foto: Shutterstock)

Após uma década em que os cachorros dominaram a narrativa das meme coins, surge um novo animal para tomar o trono da selva cripto: o sapo.

Em menos de um mês de existência e em meio a um mercado de baixa, a Pepe Coin, uma criptomoeda criada a partir do famoso meme do sapo Pepe, alcançou uma capitalização de mercado superior a US$1 bilhão, foi listada em importantes corretoras como a Binance e atraiu a atenção de todos os que navegam pelo ecossistema Web3.

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Com isso, começaram a surgir aqueles posts dignos de gerarem ansiedade, FOMO e arrependimento em qualquer um.

Antes de prosseguir, gostaria de reforçar que esse texto não é uma indicação de compra e não tem como propósito criticar ou endossar a validação $PEPE como criptomoeda e sim, registrar um dos maiores eventos já ocorridos no mundo cripto.

No dia 14 de abril de 2023, a PEPE Coin foi lançada oficialmente com apenas um site, uma página no Twitter e um time anônimo por trás. Se você navegar pelo site e pelo perfil oficial da moeda, encontrará apenas frases meméticas e de impacto.

Para quem não está muito familizarizado com a cultura das criptomoedas meme, vale reforçar que elas não tem nenhum fundamento por trás e se sustentam por meio de hype, manipulação de mercado e/ou momentum. E desde o dia um o time por trás do projeto construiu essa narrativa muito bem.

Embora PEPE sempre tenha sido uma figura popular no mundo cripto, a tacada de ouro da equipe por trás do projeto foi posicionar o sapo como sucessor das criptomoedas representadas por cães, que até então, dominavam a narrativa das meme coins, criando assim um fogo que uniu os degens do underground da Web3.

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Com essa narrativa e um propósito bem definido (superar o valor das moedas de cachorro), a PEPE Coin deixou de ser apenas mais uma meme coin jogada na blockchain e se tornou o início de um movimento de sucessão. Por mais que PEPE não parasse de subir, sempre tinha um próximo alvo que fazia a moeda do sapo parecer desvalorizada.

Em 2021, algo muito semelhante aconteceu com a Shiba Inu, que se tornou a segunda maior criptomoeda memética do mundo com a narrativa de “Doge Killer”, a moeda que iria derstronar a Doge Coin do posto de maior criptomoeda de cachorro do mundo.

Com o projeto lançado, uma tração boa e a narrativa perfeita, o próximo grande passo para a PEPE Coin crescer foi a apropriação da narrativa por influenciadores mais undergrounds, que se comunicam diretamente com o público mais propenso ao risco e as narrativas meméticas da Web3.

O grande nome que ficará marcado na história ao lado da PEPE coin é o do influenciador, Pauly.

Pauly é uma pessoa extremamente polêmica e parte de sua fama foi construída através de ataques a outros influenciadores da Web3, práticas de engajamento com fake news e até mesmo brigas públicas com a gigante Yuga Labs, empresa por trás do Bored Ape Yacht Club.

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Em relação à PEPE Coin, Pauly não agiu de maneira diferente. Com sua voz e alcance, o influenciador começou a gerar muito barulho em torno do projeto, concentrando seu conteúdo em previsões de preços alucinantes para a moeda, cultivo do FOMO e divulgando algumas notícias falsas que beneficiavam a narrativa da moeda.

Pauly chegou a fazer vários tweets dizendo que Elon Musk havia bloqueado a págia oficial do PEPE no Twitter para poder derrubar o preço e depois comprá-la.

E chegou também a comparar o projeto até mesmo com o Bitcoin.

Ao olhos de pessoas mais estudadas sobre o mercado, Pauly era um louco baderneiro. Mas para os degens propensos ao alto risco, esses posts altamente tendenciosos atuavam como combustível para aumentar a hype em torno da moeda e apaziguar o ambiente quando havia uma correção de preço. E assim, PEPE começou a se expandir ainda mais, atraindo mais influenciadores, detentores únicos e volume.

Além das postagens que incitavam o FOMO e o risco, também era muito comum o compartilhamento de dados de volume e adoção da PEPE coin.

As principais métricas monitoradas eram o número de detentores únicos na blockchain, o volume, as menções de #PEPE no Twitter e o número de listagem em corretoras centralizadas. E à medida que esses números cresciam, outras entidades importantes da Web3, e de certa forma, distintas de Pauly, começavam a entrar no jogo também.

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De maneira extremamente antecipada, a $PEPE coin começou a ser divulgada pela Cointelegraph por meio de posts e votações que a comparavam com meme coins de cachorro, o que gerou uma certa sensação de credibilidade em relação ao projeto. Agora, não eram apenas influenciadores controversos e investidores do underground que validavam o projeto, mas um grande veículo de mídia. Pouco tempo depois, grandes corretoras como Gate.io e MEXC listaram a moeda, proporcionando ainda mais liquidez e volume para o projeto.

A partir desse momento, ficou evidente que havia algo distinto em relação à PEPE, em comparação com 100% das outras meme coins que surgiram desde Shiba Inu. Com toda essa atenção e novos esforços dos seus holders, PEPE começou a romper o underground da Web3 com movimentos que o mercado cripto já conhece muito bem: desde aparições pagas do projeto na Times Square até a famosa leva de influenciadores de TikTok com o argumento de “é só bater USD1 que você fica bilionário”. Iscas perfeitas para puxar um volume mais mainstream.

Com isso, PEPE já havia ultrapassado milhões de menções no Twitter e continuava a aumentar em número de detentores únicos e volume, a ponto de sobrecarregar a rede Ethereum e levar as taxas para as alturas, acelerando assim, uma corrida entre exchanges para ver quem seria a próxima a listá-lo antes.

Com todos esses fatores se alinhando, PEPE deixava de ser uma moeda underground e começava a chamar a atenção dos grandes traders do mundo cripto também. Assim como ocorreu com Shiba Inu em 2021 e com alguns projetos de NFT entre 2021 e 2022, sempre que os traders de grande renome entram em uma narrativa improvável como essa, o tom é pessimista. Os motivos podem ir da inveja de não ter entrado no projeto antes até a tentativa de derrubar o preço para que eles realizem uma entrada mais barata, mas nunca se sabe.

TraderSZ e Pentoshi, dois dos maiores cripto traders do Twitter, entraram na narrativa declarando o topo e o fim do projeto, mas erraram feio. E depois que os grandes traders perceberam que PEPE não pararia por alí, eles revertem suas palavras e entraram no barco com aportes enormes, catalisando ainda mais a moeda.

Uma tendência muito interessante que surgiu logo após a entrada desses grandes traders na narrativa foi a de grandes colecionadores vendendo seus NFTs “no desespero” e colocando os fundos da venda diretamente em PEPE, concluindo assim, o que chamo de onda 4.

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Sumário das ondas:

→ Onda 1: pequenas sardinhas que encontraram a moeda por algum acaso da vida.

→ Onda 2: primeiros influenciadores a entrarem no projeto, sejam eles pagos ou não.

→ Onda 3: listagem nas primeiras CEX e fuga da narrativa para outros locais: TikTok, Times Square, etc

→ Onda 4: entrada de grandes traders e baleias do mercado, com aportes muito maiores que os das ondas anteriores.

→ Onda 5: catalisador máximo, no passado era o Elon Musk, mas hoje estaria mais próximo de uma listagem na Binance/Coinbase.

Com isso, o cenário da onda 4 era o seguinte: sardinhas e baleias comprando $PEPE, cada vez mais corretoras listando a moeda e uma dominação completa da narrativa cripto por semanas. Mas mesmo assim, PEPE ainda não tinha atingido uma capitalização de mercado de US$ 1 bilhão.

Faltava um catalisador final, algo ainda maior e mais poderoso do que a voz e o dinheiro dos grandes traders da Web3. No passado, com Shiba Inu e Doge, esse catalisador foi o Elon Musk, mas não haviam indícios de que o bilionário trairia suas moedas de cachorro.

Até tivemos os irmãos Winklevoss entrando na brincadeira e trazendo um novo tipo de persona para essa história, mas não era suficiente.

Então, com a aguardada e quase óbvia listagem na Binance, a PEPE coin ultrapassou a marca de USD 1 bilhão em capitalização de mercado, traçando assim, uma das histórias mais alucinantes do espaço cripto.

Em apenas 22 dias, um meme de um sapo e uma narrativa bem construída fizeram o que jamais foi visto no ecossistema Web3. Não se sabe se tudo foi arquitetado ou apenas uma série de coincidências do destino, mas é fato que o mundo das criptomoedas nunca deixa de surpreender.

Reforço que esse não é um texto de opinião e sim um registro para os que não acompanharam de perto esse movimento monstruoso de liquidez. Que a história seja cunhada!

No fim do dia, a rede Ethereum PoS agradece.

Sobre o autor

Lugui Tillier é CCO da Lumx Studios durante o dia e navegante da Web3 underground durante a noite.