Há exatamente um ano, o russo Sergey Vladimirovich Cherkasov foi preso pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos portando documentos falsos com o falso nome brasileiro Victor Müller Ferreira.
Após perícia em seus dispositivos móveis, soube-se que ele poderia ser um espião comandado pela Agência de Inteligência da Rússia (GRU) e que ele também era ‘bancado’ por uma rede de apoio no Brasil criada pela instituição, com transferências de dinheiro e Bitcoin. As informações são de uma reportagem do jornal O Globo publicada nesta segunda-feira (03).
Segundo o jornal, os fundos que Cherkasov recebia — geralmente fracionados —, visavam apoiar a suas ações de espionagem e ocultação para transitar no país e em outras partes do mundo. Seu objetivo seria tentar se infiltrar no Tribunal Penal Internacional, em Haia.
E-mails trocados com pessoas na Rússia, vistos pela PF, reforçam a suspeita de atividade junto ao país comandado por Vladimir Putin. Enquanto rodava pelo mundo – em uma pós-graduação nos EUA, por exemplo – ele recebia depósitos na Irlanda e em uma agência bancária do Rio de Janeiro e movimentava altos valores em corretoras de criptomoedas.
Quando questionado por agentes do FBI no exterior, acrescenta o jornal, ele alegava que seu patrimônio era fruto de negociações de Bitcoin. Ele chegou a comprar um automóvel e uma casa de R$ 190 mil em Cotia, cidade do interior de São Paulo, depois de conseguir subornar um funcionário de um cartório com um colar de joias, avaliado em R$ 2,2 mil. Cherkasov chegava a movimentar cerca de US$ 100 mil quando precisava.
Discrição
Ao ser preso, recebeu a visita de um representante do consulado russo e em seguida assumiu perante um juiz sua verdadeira identidade. No início deste ano, descreve o jornal, o russo foi transferido para um presídio de segurança máxima em Brasília, resultado de uma condenação de 15 anos de prisão por uso de documentos falsos.
A embaixada russa pediu então sua extradição, alegando que ele não era um espião, mas sim um traficante de heroína.
A solicitação foi dirigida ao então ministro da Justiça, Anderson Torres, que encaminhou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). O futuro do russo agora está nas mãos do ministro Edson Fachin.
O jornal conclui afirmando que a prisão de Cherkasov foi tratada pelo governo Bolsonaro e pela PF com discrição máxima para evitar conflito com a Rússia em meio à Guerra da Ucrânia, já que os russos são fornecedores de fertilizantes para o setor agro do Brasil.
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