A situação da Alameda Research e da corretora de criptomoedas FTX, que já não era boa, segue piorando desde sábado (05) à noite por causa de um movimento massivo de vendas do token FTT, a moeda nativa da corretora de Sam Bankman-Fried, na Binance.
Na manhã deste domingo, o volume de vendas acelerou e o ativo da FTX registra uma queda de 8% nas últimas 24 horas — de US$ 25 para US$ 23.
Tudo começou com uma transferência de uma carteira com US$ 585 milhões em FTT para a Binance — um tipo de movimento que costuma ser ou de rebalanceamento de carteira ou de preparo para uma liquidação forte, o que os dados de volume do ativo vêm demonstrando.
Não se sabe quem é o dono da carteira, embora as suspeitas recaiam para o CEO da própria Binance, Changpeng ‘CZ’ Zhao, que investiu no início da FTX.
Independentemente de quem está provocando o movimento, o efeito em um token que tem poucos holders e pouca liquidez é de desvalorização imediata em um momento em que os balanços da Alameda Research e a FTX foram colocados sob suspeita.
O token e a corretora
Tudo começou com uma reportagem do Coindesk que demonstrou que o balanço financeiro da Alameda é fortemente dominado pelo FTT. Na prática, diz o texto, o hedge funde tem US$ 14,6 bilhões em ativos totais, mas US$ 5,8 são de FTT. A empresa não quis comentar o assunto.
Rapidamente, diversos analistas e detetives de blockchain começaram a cavar mais dados. Mike Burgersburg, pseudônimo do investigador por trás da Dirty Bubble Media e um dos primeiros a denunciar as falcatruas da Celsius, mostrou dados preocupantes da empresa:
“O maior ativo da Alameda é um token emitido pela outra empresa de SBF. […] É quase como se SBF tivesse encontrado uma maneira de hackear o sistema financeiro, imprimindo bilhões de dólares do nada, contra os quais ele conseguiu emprestar grandes somas de contrapartes desconhecidas. Quase como se ele tivesse descoberto uma máquina financeira de movimento perpétuo”, critica Burgersburg.
Burgersburg batizou o sistema de ‘esquema volante’, um movimento no qual um empresa emite o próprio token e depois o manipula para que ele valorize.
Desse modo, com o ativo valorizado, o caixa da empresa também parece estar cheio, o que atrai novos investidores e possibilita reinvestir o dinheiro para manter o preço do token alto. O movimento, porém, tem um efeito negativo: quando o token sobe, as pessoas são estimuladas a vender e a empresa precisa queimar mais dinheiro para fazê-lo subir.
Uma eventual queda da FTX e Alameda mandariam um novo choque para o mercado de criptomoedas.