O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) deflagrou nesta sexta-feira (19) uma operação que investiga uma suposta atuação do “Faraó do Bitcoin” Glaidson Acácio dos Santos, criador da GAS Consultoria, como operador de um esquema de lavagem de dinheiro que tinha origem em atos de corrupção política no município de Búzios (RJ).
O Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ chamou a operação de Cryptolavagem e cumpre mandados de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Especializada do TJ-RJ.
A denúncia é de que o vereador de Búzios, Lorram Gomes da Silveira, lavava dinheiro obtido com venda de alvarás por meio da empresa de Glaidson, a GAS Consultoria. Nesse contexto, a intermediação seria feita através Carlos Alexandre da Silva, que também é alvo da operação.
Os investigadores encontraram R$ 48 mil em espécie na casa do vereador, informou o MP-RJ em comunicado para a imprensa. Segundo os promotores, a Cryptolavagem é um desdobramento da Operação Plastografos – fase II, que foi desencadeada em abril de 2021, e desarticulou uma quadrilha liderada pelo vereador e outros servidores da prefeitura.
Na época, Lorram já havia sido acusado de ter promovido, constituído, financiado e integrado organização criminosa dedicada à prática dos delitos de corrupção passiva, uso de documento falso e estelionato, envolvendo a emissão de alvarás no município da Região dos Lagos.
Lorram está em seu terceiro mandato como vereador do município de Búzios, função que ocupou também entre 2009 e 2016. Ele também exerceu o cargo em comissão de chefe de Gabinete do então prefeito André Granado, entre novembro de 2018 e maio de 2019, período em que foram praticados os delitos apontados pelo MPRJ.
A 1ª Vara Especializada determinou o afastamento de Lorram das funções públicas.
Faraó do Bitcoin na Justiça
O criador da GAS Consultoria é réu por crimes financeiros nas esferas Estadual e Federal, e também por homicídio em caso que corre na Comarca de São Pedro da Aldeia (RJ).
Além disso, a Justiça autorizou um pedido de prisão preventiva contra Glaidson no dia 12 de agosto. Segundo a Polícia Federal, investigações apontam que ele teria se aliado a um comparsa do falecido traficante colombiano Pablo Escobar no esquema que seria responsável por fraudes bilionárias no Brasil e com captação de recursos em países como EUA e Portugal.
Na terça-feira (16), a 2ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região retomou o julgamento de um pedido de Habeas Corpus de Glaidson.
Por enquanto apenas um voto foi dado, o do relator Flávio Lucas, e a decisão foi pela concessão do Habeas Corpus para Glaidson. Agora restam decidir os desembargadores André Fontes e Wanderley Sanan. Ainda não há uma data definida para a continuidade do julgamento.
Prisão do Faraó do Bitcoin
A primeira fase da Operação Kryptos foi desencadeada em agosto do ano passado para investigar a GAS Consultoria. Sediada na Região dos Lagos (RJ), a empresa operava nos moldes de um esquema de pirâmide financeira.
Glaidson foi preso na manhã do dia 25 de agosto de 2021 no âmbito dessa operação. Na ocasião, outros membros do esquema foram presos enquanto outros conseguir escapar da polícia e fugir do Brasil, como a esposa de Glaidson, Mirelis Yoseline Diaz Zerpa.
A GAS Consultoria captava clientes com promessas de rendimentos que supostamente viriam do trade de criptomoedas. Mais tarde, seu modelo de operação, supostamente de uma pirâmide financeira, desencadeou uma série de investigações pelas autoridades brasileiras.
Durante a operação, os agentes da PF e Receita Federal apreenderam 591 bitcoins, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.