De olho na ata do banco central americano e ainda atentos à falta de liquidez de algumas plataformas cripto, os investidores globais operam em clima de cautela nesta quarta-feira (17). Nas últimas 24 horas, o Bitcoin (BTC) registra leve baixa de 0,3%, cotado a US$ 24.100,75, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) também mostra estabilidade, negociado a US$ 1.917,70.
No Brasil, o Bitcoin também anda de lado, com alta de 0,4%, cotado a R$ 123.260,65, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As principais altcoins mostram desempenho misto, como Binance Coin (-0,3%), Cardano (+0,5%), XRP (+1,8%), Solana (-0,1%), Dogecoin (+1,1%), Polkadot (+1,5%), Shiba Inu (-1,5%) e Alavanche (-1,3%).
A stablecoin aUSD, token nativo da plataforma Acala, ainda tenta recuperar a paridade com o dólar após uma decisão da comunidade de destruir 1,3 bilhão de tokens emitidos após uma falha explorada por hackers.
Bitcoin hoje
Após superar a marca de US$ 25 mil no domingo (14), o BTC se mantém na casa dos US$ 24 mil desde então, embora ainda mostre alta de 4% em sete dias.
“A recente recuperação cripto esbarrou em um muro, pois traders de varejo continuam lambendo as feridas e instituições respeitando os principais níveis técnicos”, escreveu Edward Moya, analista sênior de mercado da Oanda, em e-mail ao CoinDesk. “O Bitcoin ainda não consegue ultrapassar o nível de US$ 25 mil, mas parece manter uma trajetória de alta”
No entanto, André Franco, chefe de pesquisa do MB, destaca em artigo do Valor que o Bitcoin pode testar níveis ainda mais baixos se continuar oscilando por muito tempo na casa de US$ 24 mil. De acordo com o Crypto Twitter, gráficos de preço do Bitcoin começam a mostrar um padrão de baixa, apesar da valorização recente.
BC dos EUA
Um dado importante nesta quarta é a divulgação da ata do Federal Reserve, que vai trazer detalhes da reunião do BC americano realizada entre 26 e 27 de julho, quando a autoridade monetária subiu os juros em 0,75 ponto percentual. E esses detalhes podem dar pistas se o próximo aumento será da mesma magnitude ou de 0,5 ponto na decisão de 20 e 21 de setembro.
“Esperamos que a ata do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto do BC) tenha uma inclinação ‘hawkish’ (inclinado ao aperto monetário)”, escreveu Carol Kong, estrategista do Commonwealth Bank of Australia Ltd., em nota à Bloomberg. “Não ficaríamos surpresos se a ata mostrar que o FOMC considerou um aumento de 100 pontos-base em julho.”
Essa preocupação sobre o cenário dos juros nos EUA ofusca a perspectiva de mais estímulos à economia chinesa e balanços corporativos positivos.
Em e-mail ao CoinDesk, Scott Sheridan, CEO da plataforma de negociação de opções Tastyworks, disse que, devido à forte correlação com as ações, as criptomoedas só irão deslanchar quando o mercado acionário entrar em uma fase de ganhos consolidados.
Crise na mineração de Bitcoin
Core Scientific, Marathon Digital e Riot Blockchain, grandes mineradores de Bitcoin, registraram prejuízo líquido de US$ 862 milhões, US$ 192 milhões e US$ 366 milhões, respectivamente, superando US$ 1 bilhão em perdas nos três meses encerrados em 30 de junho, segundo dados publicados nos balanços.
Para enfrentar a crise, a mineradora de Bitcoin Stronghold anunciou uma série de acordos que reduziram sua dívida em mais da metade. Os acordos envolveram a devolução de cerca de 26.200 máquinas de mineração aos credores, segundo o The Block. A empresa disse que mudará seu foco da mineração de BTC para a venda de energia nos próximos meses.
Destaques das critptomoedas
O próximo passo do Nubank no mundo dos criptoativos seria a oferta da própria moeda digital para correntistas até 2023, segundo apurado pelo Estadão. O banco digital lançou recentemente o Nubank Cripto, plataforma para compra e venda de Bitcoin e Ethereum. O Nubank não comentou.
O mercado brasileiro de criptoativos está cada vez mais disputado com a entrada de players tradicionais no segmento, como XP e BTG Pactual, que lançaram suas plataformas no mesmo dia. O BTG até estuda abrir uma fazenda própria para minerar Bitcoin, de acordo com o Cointelegraph.
Outra concorrente que prepara o desembarque é a Genial Investimentos. Em entrevista ao NeoFeed, o CEO Rodolfo Riechert disse que a empresa vai lançar uma corretora cripto, conta global e cartão de crédito.
Alex Mashinsky, CEO da plataforma de empréstimos cripto Celsius Network, assumiu o controle da estratégia de negociação da empresa antes de seu colapso, de acordo com o Financial Times, que cita diversas pessoas a par da situação.
A Celsius recebeu várias ofertas de injeção de capital para ajudar a financiar seu processo de reestruturação, disse um advogado da empresa na terça-feira (16).
Ainda sob efeito da crise de liquidez, a Hodlnaut, que havia travado saques de usuários na plataforma, entrou com um pedido de recuperação judicial em Sigapura.
Nômades digitais do universo cripto começam a retornar a grandes centros como Londres e Nova York, mostra reportagem da Bloomberg. As restrições de viagens durante a pandemia e a desvalorização das criptomoedas encareceram esse estilo de vida. A necessidade de fazer contatos nas grandes cidades também pesa na decisão de voltar.
O Blocknews e a Cantarino Brasileiro realizam nesta quarta-feira (17) o segundo episódio do Blockchain Finance Brasil 2022, evento online com foco em blockchain e criptoativos em finanças. Entre os participantes estão Daniel Coquieri, cofundador e diretor-presidente da Liqi, e Reinaldo Rabelo, CEO do MB.
Regulação e CBDCs
Ilan Goldfajn, diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para as Américas e ex-presidente do Banco Central do Brasil, voltou a expor sua descrença no futuro das criptomoedas ao participar na terça-feira (16) do webinar “Criptomoedas, CBDCs e o futuro das finanças descentralizadas”, organizado pelo escritório TozziniFreire Advogados.
Goldfajn afirmou que, quando as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês) se tornarem realidade, as criptomoedas perderão espaço no mercado.
Nos EUA, a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) apresentou uma queixa contra a startup de blockchain Dragonchain por não registrar mais de US$ 16 milhões em ofertas de títulos de criptoativos ao longo de cinco anos, informou o CoinDesk.
Bancos americanos supervisionados pelo Federal Reserve devem notificar o conselho antes de entrarem em atividades de criptoativos, avaliar se as atividades são legalmente permitidas e determinar se os registros regulatórios são necessários, de acordo com carta da agência.
Medidas da reguladora FDIC poderiam estar dificultando a oferta de serviços a empresas de criptomoedas por bancos, disse o senador republicano Pat Toomey em carta na terça-feira (16), divulgada pelo portal American Banker.
Cibersegurança
A Polícia Federal cumpriu na terça-feira (16) mandados de busca e apreensão em uma investigação contra suspeitos de ataques hackers a sistemas de órgãos federais no final de 2021, segundo a Folha. Na residência de um jovem da Paraíba, principal alvo da operação, a PF apreendeu R$ 3 milhões em criptomoedas e descobriu que ele possui um imóvel rural com valor estimado em R$ 2 milhões.
Perdas decorrentes de roubos de criptomoedas por hackers subiram quase 60% nos primeiros sete meses do ano, para US$ 1,9 bilhão, segundo dados da Chainalysis publicados pela Reuters. O aumento reflete os crescentes ataques a protocolos de finanças descentralizadas (DeFi).
Para aumentar a confiabilidade da blockchain, a Jump Crypto anunciou que está desenvolvendo um novo cliente validador de código aberto para a rede Solana.
As ações do Departamento do Tesouro dos EUA que levaram ao fechamento do serviço de mixagem de criptomoedas Tornado Cash podem ser “inconstitucionais”, disse à Bloomberg Jesse Powell, CEO da exchange de ativos digitais Kraken.
Metaverso, Games e NFTs
A Liqi, fintech de ativos digitais, fechou uma parceria com a distribuidora H2O Films para a criação de tokens não fungíveis (NFTs) de filmes nacionais, segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. O primeiro lançamento será em “Aumenta que é Rock’n Roll”, filme dirigido por Tomás Portella, que mostra os bastidores da criação da primeira rádio de rock do país, a Rádio Fluminense, nos anos 80.
Um projeto de colecionáveis em tokens não fungíveis busca inserir a cultura brasileira no metaverso, informou o Estadão. O “Brasil com S” planeja criar um centro de exposição de artistas, promoção de shows e debates. Os avatares do “Brasil com S” terão diversos tons de pele e exibirão acessórios e características típicas do país.
O metaverso tem reproduzido as desigualdades de gênero e sociais vividas no mundo real, como a discriminação por robôs de mulheres na concessão de limite de cartão de crédito. “É uma necessidade urgente que mais mulheres participem dessa construção, caso contrário, estigmas de gênero serão reforçados no ambiente virtual”, disse ao Estadão Camilla Jimene, presidente do escritório especializado em direito virtual Opice Blum.
A Blockchain.rio, programada entre os dias 1 e 4 de setembro, vai debater temas como Web3, criptoativos, tokenização, NFTs e metaverso em três galpões do Píer Mauá, no Rio de Janeiro, informou a Exame. Entre os 250 participantes convidados estão o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, e o CEO do metaverso Upland, Dirk Lueth.